{"id":2201,"date":"2009-01-13T13:10:12","date_gmt":"2009-01-13T13:10:12","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:35:12","modified_gmt":"2021-07-10T23:35:12","slug":"a_prancha_de_surf_como_um_produto_sustentavel","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/natural\/artigos\/a_prancha_de_surf_como_um_produto_sustentavel.html","title":{"rendered":"A prancha de surf como um produto sustent\u00e1vel"},"content":{"rendered":"\n

O surf teve origem na Polin\u00e9sia e relatos do Capit\u00e3o Cook em 1770 j\u00e1 citavam que homens nobres de diversas tribos disputavam a coroa descendo em vagalh\u00f5es com pranchas gigantes de troncos de \u00e1rvores, que mediam cerca de 6 metros e pesavam mais de 100 Kg. Os Polin\u00e9sios eram um povo do Oceano. Mesmo sem quaisquer instrumentos de navega\u00e7\u00e3o foram capazes de se espalhar pelo chamado tri\u00e2ngulo polin\u00e9sio – Hawaii ao norte, Ilha de P\u00e1scoa ao sudeste e Aotearoa (Nova Zel\u00e2ndia) localizada ao sudoeste. Com isso de alguma forma o surf chegou \u00e0s ilhas havaianas e da\u00ed se expandiu pelo globo terrestre. Nesta \u00e9poca os materiais construtivos eram puramente org\u00e2nicos e a pr\u00f3pria natureza se incumbia de degrad\u00e1-los, sem a necessidade de uma a\u00e7\u00e3o espec\u00edfica de saneamento ambiental.<\/p>\n\n\n\n

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Os tempos mudaram junto com os materiais construtivos. Da madeira de balsa para a espuma de Poliuretano r\u00edgido expandido, revestida com resina de poli\u00e9ster, fibra de vidro e outras subst\u00e2ncias qu\u00edmicas como: o per\u00f3xido de metil-etila (catalisador); cobalto (acelerador); mon\u00f4mero de estireno, parafina bruta e pigmentos (muitos deles com metais pesados incorporados). Os res\u00edduos desses insumos s\u00e3o comprovadamente classificados como perigosos (Classe I), por possu\u00edrem propriedades de inflamabilidade e toxicidade. Estes dejetos s\u00e3o potenciais agentes de contamina\u00e7\u00e3o do solo e dos corpos aqu\u00e1ticos e sua destina\u00e7\u00e3o final, quando mal gerenciada, gera malef\u00edcios ao meio ambiente e \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica. No Brasil s\u00e3o produzidas anualmente cerca de 50.000 pranchas de surf e de 50 a 70% do material consumido no processo produtivo \u00e9 descartado. Este montante corresponde a um preju\u00edzo financeiro superior a US$ 7.000.000 e mais de 380 toneladas de subst\u00e2ncias t\u00f3xicas e inflam\u00e1veis depostas nos “lix\u00f5es”, ou aterros simples, sem qualquer tratamento ambiental. O maior problema \u00e9 que estes rejeitos possuem baixa densidade que ocupam grande volume em \u00e1reas de destina\u00e7\u00e3o final de res\u00edduos e com caracter\u00edsticas p\u00e9rfurocortantes.        <\/p>\n\n\n\n

A necessidade de se recuperar estes rejeitos gerou uma investiga\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, com o prop\u00f3sito de tornar a prancha de surf um produto sustent\u00e1vel e ecologicamente correto. Este projeto, denominado de Marbras et Mundi (Movimento Associativo de Reciclagem Brasileira no Surf e no Mundo), foi idealizado e vem sendo implementado pelo surfista e Mestre em Engenharia Ambiental, pela Universidade Federal de Santa Catarina (Florian\u00f3polis) – Paulo Eduardo Antunes Grij\u00f3, que sistematizou uma metodologia para minimizar o consumo de \u00e1gua, energia el\u00e9trica e gera\u00e7\u00e3o de res\u00edduos no processo fabril das pranchas de surf, al\u00e9m de pesquisar e criar m\u00e9todos para a recupera\u00e7\u00e3o dos res\u00edduos gerados. Um m\u00e9todo de capta\u00e7\u00e3o dos particulados em suspens\u00e3o e controle dos efluentes \u00e9 necess\u00e1rio visando um sistema produtivo que potencialize a Medicina e a Seguran\u00e7a dos trabalhadores envolvidos. Outra prerrogativa deste estudo \u00e9 maximizar recursos naturais n\u00e3o renov\u00e1veis, transformando o lixo industrial n\u00e3o elimin\u00e1vel, em mat\u00e9ria-prima de segunda gera\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, com o objetivo de valorizar estes materiais, gerar renda e oportunidade de trabalho, para jovens carentes, com a implanta\u00e7\u00e3o e opera\u00e7\u00e3o desta atividade. \u00c9 poss\u00edvel utilizar estes res\u00edduos como substituto parcial de agregados, na fabrica\u00e7\u00e3o de artefatos de concreto (com propriedades de isolamento termo-ac\u00fastico) para a constru\u00e7\u00e3o civil, incorpor\u00e1-los com resinas virgens de poliuretano, ap\u00f3s pulveriza\u00e7\u00e3o dos rejeitos, para produ\u00e7\u00e3o de uma blenda de poliuretano recuperado, que poder\u00e1 ser empregado na produ\u00e7\u00e3o de pranchas de surf recicladas. Tamb\u00e9m \u00e9 poss\u00edvel incinerar os res\u00edduos, com efetivo controle ambiental, para recuperar sua energia, em fun\u00e7\u00e3o do alto poder calor\u00edfico desses dejetos. Finalmente \u00e9 vi\u00e1vel aquecer os res\u00edduos a uma determinada temperatura e em seguida realizar termo-prensagem, para a produ\u00e7\u00e3o de pain\u00e9is para isolamento termo-ac\u00fastico amplamente utilizados em edifica\u00e7\u00f5es. Outras formas de recupera\u00e7\u00e3o desses materiais residuais est\u00e3o sendo pesquisadas, experimentadas e esta pesquisa foi validada recentemente atrav\u00e9s de apresenta\u00e7\u00e3o e defesa de uma disserta\u00e7\u00e3o de Mestrado, junto ao Programa de P\u00f3s Gradua\u00e7\u00e3o em Engenharia Ambiental da UFSC.<\/p>\n\n\n\n

Esta iniciativa in\u00e9dita, ao n\u00edvel mundial, visa promover um processo de educa\u00e7\u00e3o ambiental e pr\u00e1ticas ecol\u00f3gicas na ind\u00fastria do surf aspirando transformar a prancha de surf e seu processo produtivo numa atividade sustent\u00e1vel e saud\u00e1vel, pois toda ind\u00fastria que gera polui\u00e7\u00e3o ou toxicidade pode e dever\u00e1 ser redimensionada, a fim de se evitar preju\u00edzos \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica e ao meio ambiente. Este produto, ap\u00f3s processo de gest\u00e3o ambiental ser\u00e1 certificado com um selo ecol\u00f3gico criando, portanto, um produto diferenciado no mercado consumidor.<\/p>\n\n\n\n

Valorizar res\u00edduos de materiais provenientes de recursos naturais n\u00e3o renov\u00e1veis \u00e9 um emergente desafio para a humanidade neste in\u00edcio de mil\u00eanio, considerando-se a escassez de \u00e1reas para aterramento de dejetos e a necessidade inadi\u00e1vel de preserva\u00e7\u00e3o dos Ecossistemas e dos recursos naturais n\u00e3o renov\u00e1veis, atrav\u00e9s do estabelecimento de uma ecoefici\u00eancia nos processos industriais. O surf depende das ondas marinhas para sobreviver e a regi\u00e3o litor\u00e2nea necessita dos surfistas para ser devidamente conservada. RECICLAR PARA PERPETUAR! Este \u00e9 o conceito chave desta iniciativa.<\/p>\n\n\n\n

Produ\u00e7\u00e3o de Poliuretano Reciclado com Alunos da CEFET-SC (2001) e do Design Industrial da UDESC em 2004.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

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Paulo Eduardo Antunes Grij\u00f3 Surfista e Mestre em Engenharia Ambiental – Coordenador Cons\u00f3rcio Marbras et Mundi
\ne-mails: pauloeduantunes@hotmail,com ou paulosurfrecycle@yahoo.com.br
\nfones (48) 9114-0986 <\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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