{"id":2024,"date":"2009-03-12T16:17:13","date_gmt":"2009-03-12T16:17:13","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:14:32","modified_gmt":"2021-07-10T23:14:32","slug":"brasil_economia_globalizada_e_mudancas_climaticas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/gestao\/artigos\/brasil_economia_globalizada_e_mudancas_climaticas.html","title":{"rendered":"Brasil, Economia Globalizada e Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas"},"content":{"rendered":"\n

A amea\u00e7a das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas globais segue seu curso, apesar das nossas esperan\u00e7as com o novo governo e perplexidades com os rompantes do cow-boy l\u00edder do imp\u00e9rio. Continuamos alterando o clima do Planeta com nosso estilo de produzir baseado em combust\u00edveis f\u00f3sseis, ao mesmo tempo em que vemos mais e mais amea\u00e7as \u00e0 Conven\u00e7\u00e3o sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas, este maravilhoso instrumento desenvolvido pela diplomacia mundial para atacar o problema.<\/p>\n\n\n\n

Est\u00e1 claro que, enquanto perdurar o Governo Bush, o Protocolo de Kyoto – a ferramenta executiva da Conven\u00e7\u00e3o sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas – est\u00e1 fadado \u00e0 in\u00e9rcia, se n\u00e3o ao fracasso total.<\/p>\n\n\n\n

Se n\u00e3o temos Kyoto, n\u00e3o temos o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo nem os Cr\u00e9ditos de Carbono, instrumento t\u00e3o discutido por ambientalistas e economistas vision\u00e1rios, que permitiria a implementa\u00e7\u00e3o de projetos de desenvolvimento sustent\u00e1vel que deslocassem o consumo de energias f\u00f3sseis. Isto pelo menos oficialmente, pode at\u00e9 ser que um mercado paralelo de Cr\u00e9ditos de Carbono flores\u00e7a, certamente menor que o esperado.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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O novo governo brasileiro ainda n\u00e3o teve tempo de explicitar suas posi\u00e7\u00f5es sobre o assunto, o que \u00e9 uma oportunidade para rediscutir e eventualmente redefinir como o Brasil seguir\u00e1 conduzindo as negocia\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

O governo anterior baseou toda sua (bem sucedida) atua\u00e7\u00e3o no assunto na responsabiliza\u00e7\u00e3o dos pa\u00edses industrializados e na n\u00e3o internaliza\u00e7\u00e3o dos “custos” ambientais das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. Estas linhas n\u00e3o s\u00e3o suficientes e, muitas vezes entraram em contradi\u00e7\u00e3o com as pol\u00edticas florestal e de energia. Lembremo-nos, por exemplo, do Plano Priorit\u00e1rio de Termel\u00e9tricas armado como resposta ao poss\u00edvel apag\u00e3o, que propunha um grande deslocamento de fontes renov\u00e1veis em dire\u00e7\u00e3o a fontes de energia f\u00f3ssil.<\/p>\n\n\n\n

Pois bem, qual alternativa negocial proporemos? Ser\u00e1 que n\u00e3o est\u00e1 no momento de reavaliarmos a real encrenca que enfrentaremos no futuro pr\u00f3ximo devido \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas? Quais as conseq\u00fc\u00eancias destas para os nossos ecossistemas, as nossas popula\u00e7\u00f5es e as possibilidades de inser\u00e7\u00e3o na economia globalizada? E tamb\u00e9m n\u00e3o seria o momento de desenvolvermos estrat\u00e9gias e pol\u00edticas p\u00fablicas para mitigarmos estes efeitos e, por que n\u00e3o, tomarmos proveito de nossas possibilidades naturais, econ\u00f4micas e de conhecimento desenvolvido e aplicado?<\/p>\n\n\n\n

Quais seriam os principais eixos de discuss\u00e3o para a formula\u00e7\u00e3o de um programa brasileiro que fa\u00e7a frente \u00e0s quest\u00f5es colocadas no jogo das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas globais? Lembrando que a quest\u00e3o ambiental \u00e9 pol\u00edtica, j\u00e1 que se trata de decidir qual grupo social ou esp\u00e9cie apropria-se ou apropriar-se-\u00e1 dos recursos naturais para seu proveito, s\u00e3o dois os principais eixos: o primeiro, internacional, de como o Brasil pode proteger a s\u00f3cio-economia e a cultura nacional das conseq\u00fc\u00eancias produzidas pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas; como tomar partido das oportunidades que aparecer\u00e3o (e como passar ao largo dos problemas que certamente vir\u00e3o), como ter clareza das nossas vantagens e fraquezas e, principalmente, como desenvolver um projeto pol\u00edtico para fazer frente a tudo isso.<\/p>\n\n\n\n

O segundo, vinculado ao anterior, refere-se ao interior de nossas fronteiras, e passa por como continuar com o projeto de cria\u00e7\u00e3o de uma sociedade mais equ\u00e2nime no meio de toda esta turbul\u00eancia internacional, pois n\u00e3o podemos perder de vista as disparidades existentes na nossa sociedade e o quanto de mal estas trazem para todos n\u00f3s, brasileiros, praticamente n\u00e3o importando a posi\u00e7\u00e3o em que nos encontremos na pir\u00e2mide social.<\/p>\n\n\n\n

Uma recente mat\u00e9ria do The Independent de Londres ilustra bem como a economia globalizada tamb\u00e9m acaba globalizando quest\u00f5es ambientais. Na mat\u00e9ria, Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute – EPI e fundador do WWI-Worldwatch Institute, afirma que nunca um pa\u00eds enfrentou uma cat\u00e1strofe ecol\u00f3gica potencial na escala da desertifica\u00e7\u00e3o e das tempestades de poeira que assolam hoje a China. As causas? Segundo Brown: o supercultivo, superpastoreio, o superdesmatamento e a superexplora\u00e7\u00e3o dos len\u00e7\u00f3is fre\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

Mas o que isto tem a ver com a inser\u00e7\u00e3o do Brasil na economia globalizada e com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas? Quanto \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas n\u00e3o h\u00e1 o que se discutir, \u00e0s \u201csuper\u201d causas aventadas por Brown somam-se claramente as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas globais para a gera\u00e7\u00e3o do mega-problema. Mas e o Brasil nisso tudo? A resposta est\u00e1 no pr\u00f3prio corpo da mat\u00e9ria: como conseq\u00fc\u00eancia do fen\u00f4meno, os 1,25 bilh\u00f5es de chineses – cerca de 1\/5 da popula\u00e7\u00e3o mundial – t\u00eam-se valido de estoques, mas estes acabar\u00e3o logo e o pa\u00eds deve sair em busca de gr\u00e3os nos mercados mundiais. Brown prev\u00ea que o pre\u00e7o dos gr\u00e3os pode dobrar, enriquecendo produtores no curto prazo, mas empobrecendo grande parte da popula\u00e7\u00e3o mundial, j\u00e1 que a velocidade dos acontecimentos dificilmente seria acompanhada pelo tal \u201cmercado\u201d, escalando ferozmente os pre\u00e7os. A previs\u00e3o do EPI \u00e9 do estabelecimento de um ciclo econ\u00f4mico mundial dominado pela escassez em vez dos atuais super\u00e1vits agr\u00edcolas.<\/p>\n\n\n\n

O agro-neg\u00f3cio brasileiro dever\u00e1 se beneficiar deste \u201cEfeito China\u201d, e as exporta\u00e7\u00f5es dever\u00e3o ainda ser mais facilitadas. Mas ser\u00e1 isto motivo de felicidade para a maioria dos brasileiros? N\u00e3o se seguirmos explorando nossas \u201cvantagens comparativas’ da maneira que hoje o fazemos: perdendo 10 kg de solo para cada 1 kg de gr\u00e3o produzido, assoreando os principais rios, aniquilando o Cerrado e desmatando a Amaz\u00f4nia para o estabelecimento de latif\u00fandios e monoculturas, deslocando popula\u00e7\u00f5es tradicionais para a periferia das grandes cidades, envenenando trabalhadores agr\u00edcolas na escala que fazemos etc. Se tudo seguir como o corrente, criaremos mais tristeza, destrui\u00e7\u00e3o e mis\u00e9ria.<\/p>\n\n\n\n

D\u00e9lcio Rodrigues
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edi\u00e7\u00e3o 77, Abril 2003.<\/em>\n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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