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<\/figure>\n\n\n\nMecanismo<\/strong><\/p>\n\n\n\n O Protocolo estabeleceu mecanismos de flexibilidade, permitindo aos 39 pa\u00edses industrializados alternativas de cumprirem as exig\u00eancias de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es, fora de seus territ\u00f3rios, comprando certificados resgate de gases de projetos em pa\u00edses em desenvolvimento, atrav\u00e9s de instrumentos como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism – CDM). Ainda sem mercado estruturado, as negocia\u00e7\u00f5es se realizam hoje tendo como principais investidores fundos criados em pa\u00edses como Alemanha, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, Jap\u00e3o e em institui\u00e7\u00f5es financeiras internacionais, como o Banco Mundial (BIRD).<\/p>\n\n\n\n O Banco Mundial responde pela maior parte das opera\u00e7\u00f5es com tr\u00eas fundos destinados a investimentos em projetos de tecnologia limpa, que monitoram 300 empreendimentos nesta \u00e1rea, com valores m\u00e9dios entre US$ 3 milh\u00f5es e 15 milh\u00f5es de d\u00f3lares. O mais amplo \u00e9 o Fundo Prot\u00f3tipo de Carbono (Prototype Carbon Fund \u2013 PCF), composto por recursos fornecidos por 6 pa\u00edses e 17 grandes empresas multinacionais.<\/p>\n\n\n\n \u201cO Brasil \u00e9 um dos l\u00edderes em termos de oferta, uma vez que o empresariado se mostra interessando em investir, possui um mercado financeiro forte e h\u00e1 um desenvolvimento significativo de tecnologias limpas\u201d, avalia o gerente destes fundos no Banco Mundial, Werner Kornexl, especialista em desenvolvimento florestal e mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n A Valourec & Mannesmann Tubes \u2013 V&M do Brasil, de Minas Gerais, assinou em Fevereiro deste ano o maior contrato de venda de cr\u00e9ditos de carbono no mundo atrav\u00e9s do International Finance Corporation (IFC), bra\u00e7o financeiro do BIRD, para o governo holand\u00eas e para a empresa japonesa Toyota Tsusho Corporation.<\/p>\n\n\n\n A Holanda adquiriu por 15 milh\u00f5es de Euros (aproximadamente US$ 16 milh\u00f5es) cr\u00e9ditos de cerca de 5 milh\u00f5es toneladas equivalentes de di\u00f3xido de carbono (CO2) que deixaram de ser jogados ao ar, gra\u00e7as ao projeto da empresa, que usa carv\u00e3o vegetal no processo sider\u00fargico, ao inv\u00e9s de carv\u00e3o mineral. A Toyota pagou aproximadamente US$ 1,2 milh\u00e3o por 400 mil toneladas de CO2eq.<\/p>\n\n\n\n H\u00e1 estimativa do projeto da sider\u00fargica vir a evitar nos pr\u00f3ximos 21 anos a emiss\u00e3o de aproximadamente 21,3 milh\u00f5es de toneladas de CO2eq na atmosfera, sendo 17,3 milh\u00f5es com a substitui\u00e7\u00e3o do coque pelo carv\u00e3o vegetal no processo sider\u00fargico e 4 milh\u00f5es com a captura de g\u00e1s metano em atividades de carboniza\u00e7\u00e3o, com o uso de tecnologias em desenvolvimento pela companhia. Por outro lado, ter\u00e1 de investir US$ 50 milh\u00f5es em reflorestamento no mesmo per\u00edodo para garantir o suprimento de mat\u00e9ria-prima vegetal.<\/p>\n\n\n\n O presidente da V&M, Marco Ant\u00f4nio Castello Branco, revelou estes dados na assinatura do contrato em Fevereiro \u00faltimo, justificando o neg\u00f3cio, como alternativa para cobertura de parte dos custos. \u201cO certificado de carbono vai estimular empresas a manterem programas de energia renov\u00e1vel, garantindo a sustentabilidade econ\u00f4mica do empreendimento\u201d, observou.<\/p>\n\n\n\n Maior empresa do mundo especializada em neg\u00f3cios com certificados de carbono, a Ecosecurities estruturou o projeto da V&M e alguns dos principais projetos brasileiros nesta \u00e1rea, a partir de 2001, detendo hoje 90% deste mercado com US$ 37 milh\u00f5es em contratos assinados. \u201cPassamos os dois primeiros anos estruturando projetos e s\u00f3 neste ano come\u00e7amos a ter retorno, com a securitiza\u00e7\u00e3o das opera\u00e7\u00f5es\u201d, explica o diretor da empresa no Brasil, Nuno Cunha e Silva, admitindo ter havido um aumento de 400% nos neg\u00f3cios do ano passado para este.<\/p>\n\n\n\n Perspectivas melhores do que a do mercado de cr\u00e9ditos de carbono t\u00eam os certificados verdes emitidos por determinados pa\u00edses para projetos de gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica por fontes alternativas aos combust\u00edveis f\u00f3sseis, como e\u00f3lica, biomassa e solar. \u201cExiste perspectiva deste mercado se tornar tr\u00eas vezes maior do que o de cr\u00e9ditos de carbono\u201d antecipa o diretor da Ecosecurities.<\/p>\n\n\n\n Os dirigentes da empresa, com sede em Londres, come\u00e7aram suas atividades, antes mesmo de sua funda\u00e7\u00e3o em 1996 estruturando em 1991 o projeto internacional pioneiro com estes certificados, onde a hidrel\u00e9trica Papeles Elaborados, da Guatemala, vendeu cr\u00e9ditos para a Nuon, maior distribuidora de energia el\u00e9trica da Alemanha.<\/p>\n\n\n\n O gerente do Banco Mundial, Werner Kornexl, revela ser o Brasil o \u201ccampe\u00e3o\u201d em volume de vendas de cr\u00e9ditos, seguido por pa\u00edses latino-americanos como Bol\u00edvia e Peru. Por isso, n\u00e3o surpreende que entre os cinco primeiros projetos apresentados em Abril \u00faltimo para registro no Executive Board de CDM da ONU houvesse quatro brasileiros: o da V&M, em Minas Gerais; os aterros sanit\u00e1rios de Nova Gerar (Nova Igua\u00e7u – RJ) e de Salvador (BA); e uma f\u00e1brica de a\u00e7\u00facar em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n A Nova Gerar \u00e9 um cons\u00f3rcio formado entre a Companhia S.A. Paulista e a Ecosecurites, que desenvolve projeto de gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica a partir de biog\u00e1s gerado por um aterro sanit\u00e1rio em Nova Igua\u00e7u, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, com US$ 10 milh\u00f5es, financiados pelo Prototype Carbon Fund, do Banco Mundial. Dever\u00e1 ser iniciado em meados deste ano.<\/p>\n\n\n\n Outro projeto com apoio do PCF no Brasil \u00e9 o Plantar, em Minas Gerais, que tem como objetivo a substitui\u00e7\u00e3o do carv\u00e3o mineral pelo carv\u00e3o vegetal na produ\u00e7\u00e3o de ferro-gusa, mas envolvendo desde o plantio de florestas de eucalipto para fornecimento de mat\u00e9ria-prima e passando pela fabrica\u00e7\u00e3o do gusa a partir do insumo vegetal. Este projeto envolver\u00e1 US$ 35 milh\u00f5es em investimentos, tendo recebido certifica\u00e7\u00e3o florestal do FSC (Forest Stewardship Council), \u00f3rg\u00e3o mundial respeitado por adotar os mais rigorosos crit\u00e9rios de sustentabilidade ambiental para florestas plantadas. \u201cPor enquanto, a Plantar comercializou apenas com o PCF uma parte dos cr\u00e9ditos gerados pelo projeto no valor de US$ 5,3 milh\u00f5es\u201d, comenta F\u00e1bio Nogueira de Avelar Marques, assistente de Rela\u00e7\u00f5es Internacionais do Grupo Plantar.<\/p>\n\n\n\n O mercado foi afetado pela recess\u00e3o mundial e pela Guerra no Iraque, o que fez com que o movimento anual projetado inicialmente para alcan\u00e7ar US$ 5 bilh\u00f5es, ficasse em cerca de US$ 2 bilh\u00f5es. \u201cOs cr\u00e9ditos de carbono t\u00eam sido negociados em m\u00e9dia entre US$ 3 e US$ 5 a tonelada, mas este ano houve neg\u00f3cios por US$ 6, demonstrando tend\u00eancia de eleva\u00e7\u00e3o no pre\u00e7o\u201d, observa Kornexl. Por sua vez, o diretor da Ecosecurities lembra existirem certificados ambientais com valores bem mais expressivos em alguns pa\u00edses e prev\u00ea alta significativa com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto nos pr\u00f3ximos anos. <\/p>\n\n\n\n Commodities ambientais<\/strong><\/p>\n\n\n\n \u201cAs empresas est\u00e3o comprando hoje, para se beneficiar de pre\u00e7os mais acess\u00edveis, pois o investimento pode propiciar altos lucros nos pr\u00f3ximos anos com o aumento na cota\u00e7\u00e3o dos certificados\u201d, explica. <\/p>\n\n\n\n A coordenadora do projeto da Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais (Brazilian Environment Commodities Exchange \u2013 BECE), Amyra El Khalili, articula, desde 1999, uma rede de 40 mil pessoas de diversos pontos do Pa\u00eds, preparando as bases deste novo mercado, do qual exclui os cr\u00e9ditos de carbono. \u201c\u00c9 um papel e n\u00e3o uma commodity, pois ela pressup\u00f5e a exist\u00eancia de estoque e isso n\u00e3o seria poss\u00edvel com algo a ser eliminado no ambiente\u201d, justifica. Dentro deste crit\u00e9rio, a energia renov\u00e1vel se enquadra. O dirigente do BIRD, Kornexl, refor\u00e7a esta posi\u00e7\u00e3o, alegando ser dif\u00edcil enquadrar diversos projetos ambientais como commodities, pois \u201cpara isso precisaria haver qualidades unificadas\u201d.<\/p>\n\n\n\n No lado oposto, o diretor da Ecoinvest Assessoria, Carlos Mathias, acha poss\u00edvel enquadrar este tipo de projeto como \u201cbem transacion\u00e1vel, com caracter\u00edstica comum que pode ser gerado em diversos lugares\u201d, conforme a defini\u00e7\u00e3o de commodity, mas se diz \u201cpouco preocupado com sem\u00e2ntica\u201d, preferindo acreditar na viabilidade do mercado.<\/p>\n\n\n\n Cr\u00ea tanto que a sua empresa est\u00e1 operando h\u00e1 tr\u00eas anos no mercado nacional tendo estruturado os projetos de duas usinas de gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica a partir de biomassa; um em Piratini, para o grupo portugu\u00eas Caixa Geral de Dep\u00f3sito no Rio Grande do Sul (em opera\u00e7\u00e3o desde o ano passado, com 10 megawatts de pot\u00eancia), e o outro para uma usina de a\u00e7\u00facar e \u00e1lcool em Catanduva, no interior de S\u00e3o Paulo (com gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica de 12 megawatts). Os dois projetos envolvem certificados verdes, sendo o ga\u00facho negociado com o governo do Canad\u00e1 e o paulista com o da Holanda.<\/p>\n\n\n\n Independente das discuss\u00f5es, a BECE dever\u00e1 estar operando at\u00e9 2012, conforme previs\u00e3o de Amyra El Khalili, que pretende come\u00e7ar a estruturar a Bolsa a partir de projetos ambientais comunit\u00e1rios, com a devida certifica\u00e7\u00e3o e enquadramento comprovado nas exig\u00eancias do Protocolo de Kyoto.<\/p>\n\n\n\n \u201cCom o selo parcial de commodity ambiental, ser\u00e1 poss\u00edvel rastrear o benef\u00edcio gerado e demonstr\u00e1-lo contabilmente, permitindo resultados palp\u00e1veis a serem avaliados para influ\u00eancia das a\u00e7\u00f5es da empresa na Bolsa\u201d, adianta a coordenadora, que recolhe sugest\u00f5es em cursos de prepara\u00e7\u00e3o do novo mercado em eventos realizados em todo o Brasil.<\/p>\n\n\n\n Andre Jockyman – Jornalista, editor da Revista ABAMEC – Associa\u00e7\u00e3o Brasileira dos Analistas de Mercados de Capitais O Protocolo estabeleceu mecanismos de flexibilidade, permitindo aos 39 pa\u00edses industrializados alternativas de cumprirem as exig\u00eancias de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es, fora de seus territ\u00f3rios, comprando certificados resgate de gases de projetos em pa\u00edses em desenvolvimento <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":2017,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1493],"tags":[522,501,481,74,531,487],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2016"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2016"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2016\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4576,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2016\/revisions\/4576"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2017"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2016"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2016"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2016"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edi\u00e7\u00e3o 81, Agosto 2003. (www.eco21.com.br)
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