{"id":2008,"date":"2009-03-12T16:04:33","date_gmt":"2009-03-12T16:04:33","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:14:37","modified_gmt":"2021-07-10T23:14:37","slug":"a_regiao_amazonica_e_as_mudancas_climaticas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/gestao\/artigos\/a_regiao_amazonica_e_as_mudancas_climaticas.html","title":{"rendered":"A regi\u00e3o amaz\u00f4nica e as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas"},"content":{"rendered":"\n

As mudan\u00e7as do clima global constituem um s\u00e9rio problema a ser enfrentado em todas suas dimens\u00f5es. Dada \u00e0 contribui\u00e7\u00e3o significativa das emiss\u00f5es por altera\u00e7\u00f5es de ambientes florestais (desflorestamentos) e a grande import\u00e2ncia que o tema tem dentro das institui\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e privadas na regi\u00e3o amaz\u00f4nica, \u00e9 fundamental que todos os esfor\u00e7os sejam empreendidos para que, no Brasil, exista um firme posicionamento que busque subsidiar o debate e os acordos nacionais e internacionais atualmente em discuss\u00e3o em Mil\u00e3o, It\u00e1lia, na COP-9 Confer\u00eancia das Partes da Conven\u00e7\u00e3o-Quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Apesar de ser um tema ainda repleto de incertezas, dada a sua complexidade, \u00e9 alta a probabilidade de que o desmatamento na Amaz\u00f4nia continue seu processo hist\u00f3rico com altas taxas de destrui\u00e7\u00e3o de florestas. Al\u00e9m disso, a fragilidade dos sistemas existentes indica um s\u00e9rio problema ambiental para o mundo.<\/p>\n\n\n\n

Como exemplo, o Estado do Amazonas possui 157 milh\u00f5es de hectares, 83 milh\u00f5es de \u00e1reas protegidas e apenas 2% de \u00e1reas desmatadas com incremento calculado em 0,04% ao ano, inferior \u00e0 m\u00e9dia da regi\u00e3o, que \u00e9 de 0,52% ao ano. Numa estimativa inicial, este Estado possui, em suas florestas, um estoque de carbono da ordem de 32,4 bilh\u00f5es de CO2-equivalentes.<\/p>\n\n\n\n

Recentemente, o Governo do Amazonas, atrav\u00e9s da Secretaria de Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, vem se posicionando, de maneira comprometida, em buscar poss\u00edveis meios para a revers\u00e3o do quadro de desmatamento das florestas do Estado. Neste sentido, a Conven\u00e7\u00e3o sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas e o Protocolo de Kyoto s\u00e3o instrumentos de grande potencial para auxiliar neste grande desafio do Amazonas e do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
<\/div>\n\n\n\n

Durante as negocia\u00e7\u00f5es na COP-9, em Mil\u00e3o, n\u00e3o foram aprovados mecanismos econ\u00f4micos que remunerem a conserva\u00e7\u00e3o florestal atrav\u00e9s do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), da Conven\u00e7\u00e3o sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas. No entanto, \u00e9 evidente a import\u00e2ncia do tema para a Conven\u00e7\u00e3o. Neste sentido, \u00e9 necess\u00e1rio que se deflagre um processo de negocia\u00e7\u00e3o entre os pa\u00edses industrializados, que resulte em menor desmatamento em todas as regi\u00f5es tropicais do Planeta e, possivelmente, reflorestando as \u00e1reas de import\u00e2ncia ecol\u00f3gica, como a Amaz\u00f4nia e a Mata Atl\u00e2ntica.<\/p>\n\n\n\n

A partir de altera\u00e7\u00f5es de concentra\u00e7\u00f5es do g\u00e1s di\u00f3xido de carbono (CO2) na atmosfera, organismos das Na\u00e7\u00f5es Unidas iniciaram o levantamento das emiss\u00f5es globais e constataram as seguintes informa\u00e7\u00f5es:<\/p>\n\n\n\n

Robert Watson, que coordenou o IPCC Special Report on Land Use, Land Use Change and Forestry. 2000 para o PNUMA e a OMM, observou que: “Entre os anos de 1850 e 1998, aproximadamente 270 (+\/- 30) Gt C foi emitida como di\u00f3xido de carbono para a atmosfera, como resultado e queima de combust\u00edveis fosseis e produ\u00e7\u00e3o de cimento.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 136 (+\/- 55) Gt C foi emitido como resultado de mudan\u00e7as de uso da terra, predominantemente dos ecossistemas florestais. Isto resultou num incremento de CO2 atmosf\u00e9rico da ordem de 176 (+\/- 10) Gt C. Assim, a concentra\u00e7\u00e3o de CO2 aumentou de 285 para 366 (i.e. aprox. 28%), o que significa que cerca de 43% do total das emiss\u00f5es foram retidas na atmosfera. O restante das emiss\u00f5es, aprox. 230 (+\/-60) Gt C, foram reabsorvidas em quantidades iguais pelos oceanos e pelos sistemas terrestres (p.ex. florestas).”<\/p>\n\n\n\n

O texto de Robert Watson revela a contribui\u00e7\u00e3o do desmatamento sobre o problema das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, na medida que as altera\u00e7\u00f5es de uso da terra, como o desmatamento, poder\u00e3o emitir muito CO2 para a atmosfera, ou seja, GEE (Gases de Efeito Estufa). A contribui\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica do desmatamento nos \u00faltimos 2 s\u00e9culos \u00e9 da ordem de 33% do total emitido globalmente, e isto devido \u00e0s altera\u00e7\u00f5es no uso da terra. A resili\u00eancia (capacidade de se recuperarem) dos sistemas florestais resultou em certo n\u00edvel de reabsor\u00e7\u00e3o desses GEE, na forma de crescimento vegetativo, ac\u00famulo de biomassa florestal e no solo, demonstrando, acima de tudo, a import\u00e2ncia do sistema florestal de crescimento intenso, como os biomas tropicais.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 necess\u00e1ria uma posi\u00e7\u00e3o pro-ativa<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Considerando que a linha de base, ou cen\u00e1rio de refer\u00eancia, para o uso da terra nas diversas regi\u00f5es amaz\u00f4nicas \u00e9 a continuidade do desmatamento, e com taxas crescentes, e, ao mesmo tempo, que ao reduzir o processo de desmatamento dever\u00e1 ocorrer um aumento de retorno financeiro para as atividades que usam as florestas como sistemas produtivos (manejo florestal, p. ex.). Particularmente nos desdobramentos de pol\u00edticas multilaterais atualmente sendo negociadas pelos pa\u00edses membros da ONU, recomendam-se a ado\u00e7\u00e3o das seguintes atividades:<\/p>\n\n\n\n

A Inclus\u00e3o do tema florestal nas negocia\u00e7\u00f5es sobre mecanismos econ\u00f4micos que remunerem sua manuten\u00e7\u00e3o dados os servi\u00e7os ambientais decorrentes (biodiversidade, \u00e1gua, manuten\u00e7\u00e3o do equil\u00edbrio clim\u00e1tico).<\/p>\n\n\n\n

Orientar recursos financeiros advindos dos ganhos sobre o com\u00e9rcio de carbono para os povos ind\u00edgenas, popula\u00e7\u00f5es extrativistas e produtores rurais das regi\u00f5es amaz\u00f4nicas;<\/p>\n\n\n\n

Criar uma categoria especial para projetos de carbono e conserva\u00e7\u00e3o florestal para sistemas tropicais, considerando a urg\u00eancia dos incentivos econ\u00f4micos para este tema, associados aos benef\u00edcios globais para a biodiversidade, redu\u00e7\u00e3o da pobreza e prote\u00e7\u00e3o de mananciais, em adi\u00e7\u00e3o \u00e0 mitiga\u00e7\u00e3o das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Os Gases de Efeito Estufa s\u00e3o: vapor d’\u00e1gua (H2O), oz\u00f4nio (O3), di\u00f3xido de carbono (CO2), metano (CH4), \u00f3xido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFC), hidrofluorcarbonos (HFC), perfluorcarbonos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6).<\/p>\n\n\n\n

Warwick Manfrinato – Engenheiro agr\u00f4nomo, pesquisador no Centro de Estudos Avan\u00e7ados em Economia Aplicada – ESALQ\/USP, integrante da miss\u00e3o brasileira na COP-9<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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