{"id":1946,"date":"2009-03-31T14:05:59","date_gmt":"2009-03-31T14:05:59","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:02:15","modified_gmt":"2021-07-10T23:02:15","slug":"indicadores_de_recuperacao","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/recuperacao_de_matas_ciliares\/indicadores_de_recuperacao.html","title":{"rendered":"Indicadores de Recupera\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"\n
O sucesso de um projeto de recupera\u00e7\u00e3o de mata ciliar deve ser avaliado por meio de indicadores de recupera\u00e7\u00e3o. Atrav\u00e9s destes indicadores, \u00e9 poss\u00edvel definir se o projeto necessita sofrer novas interfer\u00eancias ou at\u00e9 mesmo ser redirecionado, visando acelerar o processo de sucess\u00e3o e de restaura\u00e7\u00e3o das fun\u00e7\u00f5es da mata ciliar, bem como determinar o momento em que a floresta plantada passa a ser auto-sustent\u00e1vel, dispensando interven\u00e7\u00f5es antr\u00f3picas.<\/p>\n\n\n\n
A avalia\u00e7\u00e3o da recupera\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s de indicadores, \u00e9 fun\u00e7\u00e3o das metas e dos objetivos pretendidos com ela. N\u00e3o se pode cobrar uma elevada diversidade biol\u00f3gica em um projeto cujo objetivo tenha sido o de proteger o solo e o curso d’\u00e1gua dos efeitos negativos da eros\u00e3o do solo de uma \u00e1rea extremamente degradada. Neste aspecto, modelos de recupera\u00e7\u00e3o mais complexos, envolvendo uma diversidade inicial maior de esp\u00e9cies, tendem a promover uma recupera\u00e7\u00e3o mais r\u00e1pida da biodiversidade e da funcionalidade do ecossistema. V\u00e1rios estudos t\u00eam proposto um conjunto de indicadores de avalia\u00e7\u00e3o da recupera\u00e7\u00e3o e da sustentabilidade dos projetos de restaura\u00e7\u00e3o e, ou, manejo das florestas.<\/p>\n\n\n\n
Os insetos t\u00eam sido considerados bons indicadores ecol\u00f3gicos da recupera\u00e7\u00e3o, principalmente as formigas, os cupins, as vespas, as abelhas e os besouros. Em n\u00edvel de solo nas \u00e1reas em processos de recupera\u00e7\u00e3o, h\u00e1 uma sucess\u00e3o de organismos da meso e macrofauna que est\u00e3o presentes em cada etapa da recupera\u00e7\u00e3o destas \u00e1reas, sugerindo que possam ser encontrados bioindicadores de cada uma destas etapas. Outros indicadores vegetativos podem ser medidos como: chuva de sementes, banco de sementes, a produ\u00e7\u00e3o de serapilheira e silvig\u00eanese. Estes indicadores apresentam a vantagem de serem de quantifica\u00e7\u00e3o relativamente f\u00e1cil, quando comparados com outros indicadores biol\u00f3gicos.<\/p>\n\n\n\n
1 – Regenera\u00e7\u00e3o Natural<\/strong><\/p>\n\n\n\n O monitoramento da comunidade jovem, do ponto de vista estrutural est\u00e1tico e din\u00e2mico, possibilita a identifica\u00e7\u00e3o do est\u00e1gio seral e a evolu\u00e7\u00e3o da mesma. Assim, as an\u00e1lises da regenera\u00e7\u00e3o natural s\u00e3o essenciais para se avaliar o sucesso da recupera\u00e7\u00e3o. A regenera\u00e7\u00e3o natural \u00e9 analisada atrav\u00e9s de medi\u00e7\u00f5es de di\u00e2metro, no n\u00edvel do solo, e da altura das pl\u00e2ntulas e plantas jovens, presentes em pequenas parcelas amostrais, lan\u00e7adas na floresta. Uma estratifica\u00e7\u00e3o vertical auxilia o entendimento da din\u00e2mica da regenera\u00e7\u00e3o natural. Estudos mais detalhados determinam categorias de tamanho para a an\u00e1lise da regenera\u00e7\u00e3o. A quantifica\u00e7\u00e3o da regenera\u00e7\u00e3o, quando associada com a classifica\u00e7\u00e3o sucessional das esp\u00e9cies (pioneiras, secund\u00e1rias iniciais, secund\u00e1rias tardias e clim\u00e1ticas), comp\u00f5e um indicador extremamente \u00fatil das condi\u00e7\u00f5es de recupera\u00e7\u00e3o e de sustentabilidade da floresta ciliar. Quando, na regenera\u00e7\u00e3o natural, esp\u00e9cies t\u00edpicas dos est\u00e1gios iniciais da sucess\u00e3o (pioneiras e secund\u00e1rias iniciais) predominam em n\u00famero de esp\u00e9cie e, ou, de indiv\u00edduos, percebe-se indicativo de que a sucess\u00e3o est\u00e1 muito lenta na \u00e1rea e que as esp\u00e9cies tardias n\u00e3o est\u00e3o conseguindo chegar at\u00e9 o local ou, embora estejam chegando, por algum motivo n\u00e3o est\u00e3o conseguindo se estabelecer. Neste caso \u00e9 necess\u00e1rio algum tipo de interven\u00e7\u00e3o. \u00c9 claro que a an\u00e1lise deve levar em considera\u00e7\u00e3o o tempo em que a floresta foi implantada.<\/p>\n\n\n\n 2 – Banco de Sementes<\/strong><\/p>\n\n\n\n O banco de sementes compreende as semenetes vi\u00e1veis presentes na camada superficial do solo. Atrav\u00e9s de uma moldura de 05 X 0,5 cm, lan\u00e7ada na superf\u00edcie do solo, coleta-se toda a serapilheira e o solo, numa profundidade de 0-5 cm, que ret\u00e9m a maior parte das sementes. Transferindo para a casa de vegeta\u00e7\u00e3o e livre de contamina\u00e7\u00f5es externas, s\u00e3o forcecidas condi\u00e7\u00f5es de luz e de umidade necess\u00e1rias para a germina\u00e7\u00e3o das sementes. Ap\u00f3s um determinado tempo, as sementes germinadas s\u00e3o contadas e as pl\u00e2ntulas identificadas. \u00c9 importante destacar que o banco de sementes \u00e9 formado, principalmente, por esp\u00e9cies pioneiras que, normalmente, apresentam dispers\u00e3o a longa dist\u00e2ncia e, portanto, n\u00e3o est\u00e3o, necessariamente, presentes na vegeta\u00e7\u00e3o arb\u00f3rea local. Em condi\u00e7\u00f5es de boa cobertura vegetal e com bom sombreamento do solo, espera-se que estas esp\u00e9cies pioneiras presentes no banco n\u00e3o encontrem condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis \u00e0 germina\u00e7\u00e3o e ao estabelecimento, a menos que ocorra um dist\u00farbio. Contudo, este aspecto n\u00e3o diminui a import\u00e2ncia do banco de sementes como indicador de recupera\u00e7\u00e3o e de sustentabilidade, uma vez que s\u00e3o as esp\u00e9cies pioneiras que ir\u00e3o desencadear o processo de coloniza\u00e7\u00e3o de uma \u00e1rea, ap\u00f3s um dist\u00farbio. O importante \u00e9 determinar a riqueza de esp\u00e9cies do banco de sementes e a propor\u00e7\u00e3o entre esp\u00e9cies nativas e invasoras. Um banco rico em sementes de esp\u00e9cies invasoras ou ruderais sugere que, frente a um dist\u00farbio natural, como a abertura de clareiras, estas esp\u00e9cies poder\u00e3o vir a colonizar a \u00e1rea, podendo competir com as esp\u00e9cies nativas, afetando a sustentabilidade da floresta ciliar.<\/p>\n\n\n\n 3 – Produ\u00e7\u00e3o de Serapilheira e Chuva de Sementes<\/strong><\/p>\n\n\n\n A serapilheira compreende, principalmente, o material de origem vegetal (folhas, flores, rasos, casas, frutos e sementes) e, em menor propor\u00e7\u00e3o, o de origem animal (restos animais e material fecal) depositado na superf\u00edcie do solo de uma floresta. Atua como um sistema de entrada e sa\u00edda, recebendo entradas via vegeta\u00e7\u00e3o e, por sua vez, decompondo-se e suprindo o solo e as ra\u00edzes com nutrientes e com mat\u00e9ria org\u00e2nica. Este processo \u00e9 particularmente importante na restaura\u00e7\u00e3o da fertilidade do solo nas \u00e1reas em in\u00edcio de sucess\u00e3o ecol\u00f3gica.<\/p>\n\n\n\n Em comunidades sucessionais, o ac\u00famulo de serapilheira e o tempo de sua remo\u00e7\u00e3o podem produzir mudan\u00e7a radical na estrutura, afetando a substitui\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies dominantes, bem como a riqueza e a diversidade. A quantifica\u00e7\u00e3o da serapilheira, ao longo do ano, permite estimar a produ\u00e7\u00e3o anual por hectare. Em uma \u00e1rea ciliar em recupera\u00e7\u00e3o, esta informa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito importante, pois possibilita a compara\u00e7\u00e3o com outros estudos realizados em \u00e1reas ciliares. Se a produ\u00e7\u00e3o de serapilheira da \u00e1rea em avalia\u00e7\u00e3o est\u00e1 muito baixa em compara\u00e7\u00e3o com outras comunidades ciliares pode estar ocorrendo problemas, em n\u00edvel de ciclagem de nutrientes.<\/p>\n\n\n\n A aus\u00eancia ou a baixa densidade de sementes de esp\u00e9cies n\u00e3o pioneiras na chuva de sementes significa que estas esp\u00e9cies ter\u00e3o dificuldades de regenera\u00e7\u00e3o na \u00e1rea em recupera\u00e7\u00e3o. Como as esp\u00e9cies pioneiras s\u00e3o mais importantes na defini\u00e7\u00e3o da estrutura da floresta, devem ser tomadas medidas visando estimular sua chegada na \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n 4 – Abertura do Dossel<\/strong><\/p>\n\n\n\n O dossel da floresta, ou seja a cobertura superior da floresta formada pelas copas das \u00e1rvores, em termos ecol\u00f3gicos apresenta uma grande influ\u00eancia na regenera\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies arbustivo-arb\u00f3reas, al\u00e9m de atuar como barreira f\u00edsica \u00e0s gotas de chuva, protegendo o solo da eros\u00e3o. Em florestas secund\u00e1rias jovens, o dossel normalmente encontra-se mais aberto, com grandes espa\u00e7os entre as copas das \u00e1rvores, permitindo maior passagem de luz e, assim, inibindo a regenera\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies n\u00e3o pioneiras, especialmente as clim\u00e1cicas. Nas florestas maduras, o dossel \u00e9 mais fechado, causando maior sombreamento no sub-bosque e favorecendo a regenera\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies tardias, formadoras de bancos de pl\u00e2ntulas.<\/p>\n\n\n\n Numa \u00e1rea ciliar em processo de restaura\u00e7\u00e3o, espera-se que o dossel torne-se cada vez mais fechado, \u00e0 medida em que as \u00e1rvores cres\u00e7am e que suas copas se encontrem. Contudo, em \u00e1reas em que ocorreu mortalidade elevada de mudas, sem posterior replantio, o dossel apresentar\u00e1 muitas falhas, e a regenera\u00e7\u00e3o natural de esp\u00e9cies n\u00e3o pioneiras poder\u00e1 ser prejudicada. Desta maneira, o n\u00edvel de abertura do dossel pode ser um bom indicador da recupera\u00e7\u00e3o de uma mata ciliar. Por\u00e9m, cabe ressaltar que este indicador deve ser combinado com outros principalmente com a regenera\u00e7\u00e3o natural, pois \u00e9 pos\u00edvel se obter um dossel muito fechado, com bom sombreamenteo e boa cobertura do solo em reflorestamentos homog\u00eaneos, e que, apesar da prote\u00e7\u00e3o ao solo, n\u00e3o s\u00e3o considerados auto-sustent\u00e1veis e s\u00e3o pouco eficientes na recupera\u00e7\u00e3o da biodiversidade.<\/p>\n\n\n\n Existem v\u00e1rios m\u00e9todos para se estimar a abertura do dossel, sendo a utiliza\u00e7\u00e3o de fotografias hemisf\u00e9ricas o m\u00e9todo mais pr\u00e1tico e preciso. A abertura do dossel tamb\u00e9m pode ser estimada atrav\u00e9s da proje\u00e7\u00e3o das copas das \u00e1rvores, determinando-se a propor\u00e7\u00e3o entre as \u00e1reas cobertas e as abertas. \u00c9 um m\u00e9todo subjetivo, mas que possibilita uma vis\u00e3o geral do estado de recupera\u00e7\u00e3o de uma floresta, em n\u00edvel de cobertura do solo.<\/p>\n\n\n\n Fonte resumida: Recupera\u00e7\u00e3o de matas ciliares. Sebasti\u00e3o Ven\u00e2ncio Martins. Editora Aprenda F\u00e1cil. Vi\u00e7osa – MG, 2001.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"