{"id":1942,"date":"2009-03-31T14:13:11","date_gmt":"2009-03-31T14:13:11","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:02:15","modified_gmt":"2021-07-10T23:02:15","slug":"recuperacao_de_matas_ciliares","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/recuperacao_de_matas_ciliares\/recuperacao_de_matas_ciliares.html","title":{"rendered":"Recupera\u00e7\u00e3o de Matas Ciliares"},"content":{"rendered":"\n
O processo de ocupa\u00e7\u00e3o do Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento e conseq\u00fcente destrui\u00e7\u00e3o dos recursos naturais, particularmente das florestas. Ao longo da hist\u00f3ria do Pa\u00eds, a cobertura florestal nativa, representada pelos diferentes biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espa\u00e7o para as culturas agr\u00edcolas, as pastagens e as cidades.<\/p>\n\n\n\n
A no\u00e7\u00e3o de recursos naturais inesgot\u00e1veis, dadas as dimens\u00f5es continentais do Pa\u00eds, estimulou e ainda estimula a expans\u00e3o da fronteira agr\u00edcola sem a preocupa\u00e7\u00e3o com o aumento ou, pelo menos, com uma manuten\u00e7\u00e3o da produtividade das \u00e1reas j\u00e1 cultivadas. Assim, o processo de fragmenta\u00e7\u00e3o florestal \u00e9 intenso nas regi\u00f5es economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avan\u00e7a rapidamente para o Centro-Oeste e Norte, ficando a vegeta\u00e7\u00e3o arb\u00f3rea nativa representada, principalmente, por florestas secund\u00e1rias, em variado estado de degrada\u00e7\u00e3o, salvo algumas reservas de florestas bem conservadas. Este processo de elimina\u00e7\u00e3o das florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extin\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias esp\u00e9cies da fauna e da flora, as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas locais, a eros\u00e3o dos solos e o assoreamento dos cursos d’\u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n
Neste panorama, as matas ciliares n\u00e3o escaparam da destrui\u00e7\u00e3o; pelo contr\u00e1rio, foram alvo de todo o tipo de degrada\u00e7\u00e3o. Basta considerar que muitas cidades foram formadas \u00e0s margens de rios, eliminando-se todo tipo de vegeta\u00e7\u00e3o ciliar; e muitas acabam pagando um pre\u00e7o alto por isto, atrav\u00e9s de inunda\u00e7\u00f5es constantes.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m do processo de urbaniza\u00e7\u00e3o, as matas ciliares sofrem press\u00e3o antr\u00f3pica por uma s\u00e9rie de fatores: s\u00e3o as \u00e1reas diretamente mais afetadas na constru\u00e7\u00e3o de hidrel\u00e9tricas; nas regi\u00f5es com topografia acidentada, s\u00e3o as \u00e1reas preferenciais para a abertura de estradas, para a implanta\u00e7\u00e3o de culturas agr\u00edcolas e de pastagens; para os pecuaristas, representam obst\u00e1culos de acesso do gado ao curso d’\u00e1gua etc.<\/p>\n\n\n\n
Este processo de degrada\u00e7\u00e3o das forma\u00e7\u00f5es ciliares, al\u00e9m de desrespeitar a legisla\u00e7\u00e3o, que torna obrigat\u00f3ria a preserva\u00e7\u00e3o das mesmas, resulta em v\u00e1rios problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como filtros, retendo defensivos agr\u00edcolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d’\u00e1gua, afetando diretamente a quantidade e a qualidade da \u00e1gua e conseq\u00fcentemente a fauna aqu\u00e1tica e a popula\u00e7\u00e3o humana. S\u00e3o importantes tamb\u00e9m como corredores ecol\u00f3gicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo g\u00eanico entre as popula\u00e7\u00f5es de esp\u00e9cies animais e vegetais. Em regi\u00f5es com topografia acidentada, exercem a prote\u00e7\u00e3o do solo contra os processos erosivos.<\/p>\n\n\n\n
Apesar da reconhecida import\u00e2ncia ecol\u00f3gica, ainda mais evidente nesta virada de s\u00e9culo e de mil\u00eanio, em que a \u00e1gua vem sendo considerada o recurso natural mais importante para a humanidade, as florestas ciliares continuam sendo eliminadas cedendo lugar para a especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria, para a agricultura e a pecu\u00e1ria e, na maioria dos casos, sendo transformadas apenas em \u00e1reas degradadas, sem qualquer tipo de produ\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 necess\u00e1rio que as autoridades respons\u00e1veis pela conserva\u00e7\u00e3o ambiental adotem uma postura r\u00edgida no sentido de preservarem as florestas ciliares que ainda restam, e que os produtores rurais e a popula\u00e7\u00e3o em geral seja conscientizada sobre a import\u00e2ncia da conserva\u00e7\u00e3o desta vegeta\u00e7\u00e3o. Al\u00e9m das t\u00e9cnicas de recupera\u00e7\u00e3o propostas neste trabalho, \u00e9 fundamental a intensifica\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00f5es na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o ambiental, visando conscientizar tanto as crian\u00e7as quanto os adultos sobre os benef\u00edcios da conserva\u00e7\u00e3o das \u00e1reas ciliares.<\/p>\n\n\n\n
A defini\u00e7\u00e3o de modelos de recupera\u00e7\u00e3o de matas ciliares, cada vez mais aprimorados, e de outras \u00e1reas degradadas que possibilitam, em muitos casos, a restaura\u00e7\u00e3o relativamente r\u00e1pida da cobertura florestal e a prote\u00e7\u00e3o dos recursos ed\u00e1ficos e h\u00eddricos, n\u00e3o implica que novas \u00e1reas possam ser degradadas, j\u00e1 que poderiam ser recuperadas. Pelo contr\u00e1rio, o ideal \u00e9 que todo tipo de atividade antr\u00f3pica seja bem planejada, e que principalmente a vegeta\u00e7\u00e3o ciliar seja poupada de qualquer forma de degrada\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
As matas ciliares exercem importante papel na prote\u00e7\u00e3o dos cursos d’\u00e1gua contra o assoreamento e a contamina\u00e7\u00e3o com defensivos agr\u00edcolas, al\u00e9m de, em muitos casos, se constitu\u00edrem nos \u00fanicos remanescentes florestais das propriedades rurais sendo, portanto, essenciais para a conserva\u00e7\u00e3o da fauna. Estas peculiaridades conferem \u00e0s matas ciliares um grande aparato de leis, decretos e resolu\u00e7\u00f5es visando sua preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
O novo C\u00f3digo Florestal (Lei n.\u00b0 4.777\/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria de \u00e1reas de preserva\u00e7\u00e3o permanente. Assim toda a vegeta\u00e7\u00e3o natural (arb\u00f3rea ou n\u00e3o) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de resevat\u00f3rios deve ser preservada.<\/p>\n\n\n\n
De acordo com o artigo 2\u00b0 desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada est\u00e1 relacionada com a largura do curso d’\u00e1gua. A tabela apresenta as dimens\u00f5es das faixas de mata ciliar em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 largura dos rios, lagos, etc.<\/p>\n\n\n\n Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recupera\u00e7\u00e3o natural ap\u00f3s dist\u00farbios, ou seja, perde sua resili\u00eancia. Dependendo da intensidade do dist\u00farbio, fatores essenciais para a manuten\u00e7\u00e3o da resili\u00eancia como, banco de pl\u00e2ntulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das esp\u00e9cies, chuva de sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regenera\u00e7\u00e3o natural ou tornando-o extremamente lento.<\/p>\n\n\n\n Uma floresta ciliar est\u00e1 sujeita a dist\u00farbios naturais como queda de \u00e1rvores, deslizamentos de terra, raios etc., que resultam em clareiras, ou seja, aberturas no dossel, que s\u00e3o cicatrizadas atrav\u00e9s da coloniza\u00e7\u00e3o por esp\u00e9cies pioneiras seguidas de esp\u00e9cies secund\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n Dist\u00farbios provocados por atividades humanas t\u00eam, na maioria das vezes, maior intensidade do que os naturais, comprometendo a sucess\u00e3o secund\u00e1ria na \u00e1rea afetada. As principais causas de degrada\u00e7\u00e3o das matas ciliares s\u00e3o o desmatamento para extens\u00e3o da \u00e1rea cultivada nas propriedades rurais, para expans\u00e3o de \u00e1reas urbanas e para obten\u00e7\u00e3o de madeira, os inc\u00eandios, a extra\u00e7\u00e3o de areia nos rios, os empreendimentos tur\u00edsticos mal planejados etc.<\/p>\n\n\n\n Em muitas \u00e1reas ciliares, o processo de degrada\u00e7\u00e3o \u00e9 antigo, tendo iniciado com o desmatamento para transforma\u00e7\u00e3o da \u00e1rea em campo de cultivo ou em pastagem. Com o passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a degrada\u00e7\u00e3o pode ser agravada atrav\u00e9s da redu\u00e7\u00e3o da fertilidade do solo pela exporta\u00e7\u00e3o de nutrientes pelas culturas e, ou, pela pr\u00e1tica da queima de restos vegetais e de pastagens, da compacta\u00e7\u00e3o e da eros\u00e3o do solo pelo pisoteio do gado e pelo tr\u00e2nsito de m\u00e1quinas agr\u00edcolas.<\/p>\n\n\n\n O conhecimento dos aspectos hidrol\u00f3gicos da \u00e1rea \u00e9 de suma import\u00e2ncia na elabora\u00e7\u00e3o de um projeto de recupera\u00e7\u00e3o de mata ciliar. A menor unidade de estudo a ser adotada \u00e9 a microbacia hidrogr\u00e1fica, definida como aquela cuja \u00e1rea \u00e9 t\u00e3o pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e \u00e0s diferen\u00e7as de uso do solo n\u00e3o seja suprimida pelas caracter\u00edsticas da rede de drenagem. Em n\u00edvel de microbacia hidrogr\u00e1fica \u00e9 poss\u00edvel identificar a extens\u00e3o das \u00e1reas que s\u00e3o inundadas periodicamente pelo regime de cheias dos rios e a dura\u00e7\u00e3o do per\u00edodo de inunda\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Estas informa\u00e7\u00f5es s\u00e3o extremamente importantes na sele\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies a serem plantadas, j\u00e1 que muitas esp\u00e9cies n\u00e3o se adaptam a condi\u00e7\u00f5es de solo encharcado, ao passo que outras s\u00f3 sobrevivem nestas condi\u00e7\u00f5es. <\/p>\n\n\n\n Fonte resumida: Recupera\u00e7\u00e3o de matas ciliares. Sebasti\u00e3o Ven\u00e2ncio Martins. Editora Aprenda F\u00e1cil. Vi\u00e7osa – MG, 2001.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recupera\u00e7\u00e3o natural ap\u00f3s dist\u00farbios, ou seja, perde sua resili\u00eancia. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1488],"tags":[936,387],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1942"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1942"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1942\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":4304,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1942\/revisions\/4304"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1942"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1942"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1942"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}} <\/strong><\/span>Largura M\u00ednima da Faixa<\/strong><\/span><\/td> Situa\u00e7\u00e3o<\/strong><\/span><\/td><\/tr> 30 m em cada margem<\/span><\/td> Rios com menos de 10 m de largura<\/span><\/td><\/tr> 50 m em cada margem<\/span><\/td> Rios com 10 a 50 m de largura<\/span><\/td><\/tr> 100 m em cada margem<\/span><\/td> Rios com 50 a 200 m de largura<\/span><\/td><\/tr> 200 m em cada margem<\/span><\/td> Rios com 200 a 600 m de largura<\/span><\/td><\/tr> 500 m em cada margem<\/span><\/td> Rios com largura superior a 600 m<\/span><\/td><\/tr> Raio de 50 m <\/span><\/td> Nascentes<\/span><\/td><\/tr> 30 m ao redor do espelho d’\u00e1gua<\/span><\/td> Lagos ou resevat\u00f3rios em \u00e1reas urbanas<\/span><\/td><\/tr> 50 m ao redor do espelho d’\u00e1gua<\/span><\/td> Lagos ou reservat\u00f3rios em zona rural, com \u00e1rea menor que 20 ha<\/span><\/td><\/tr> 100 m ao redor do espelho d’\u00e1gua<\/span><\/td> Lagos ou reservat\u00f3rios em zona rural, com \u00e1rea igual ou superior a 20 ha<\/span><\/td><\/tr> 100 m ao redor do espelho d’\u00e1gua <\/span><\/td> Represas de hidrel\u00e9tricas<\/span><\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n