{"id":1881,"date":"2009-03-26T14:55:12","date_gmt":"2009-03-26T14:55:12","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:13:21","modified_gmt":"2021-07-10T23:13:21","slug":"o_pinhao_-_semente_da_araucaria","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/programas_e_projetos\/o_pinhao_-_semente_da_araucaria.html","title":{"rendered":"O Pinh\u00e3o – semente da arauc\u00e1ria"},"content":{"rendered":"\n
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O pinheiro-do-Paran\u00e1 fornece madeira de excelente qualidade, mas tamb\u00e9m fornece uma fonte de alimento muito importante, a sua semente, conhecida como pinh\u00e3o. O pinh\u00e3o, que garante a alimenta\u00e7\u00e3o de muitas esp\u00e9cies animais, principalmente roedores e p\u00e1ssaros, tamb\u00e9m \u00e9 item obrigat\u00f3rio no card\u00e1pio de outono e inverno em milhares de resid\u00eancias do Paran\u00e1. O apetite humano por esse fruto pode, inclusive, funcionar como o principal aval para a perpetua\u00e7\u00e3o da arauc\u00e1ria, que, derrubada sem piedade para a extra\u00e7\u00e3o de madeira, figura entre as esp\u00e9cies mais amea\u00e7adas da flora paranaense. A quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 meramente preservacionista, mas prioritariamente de ordem s\u00f3cio-econ\u00f4mica.<\/p>\n\n\n\n

A semente da arauc\u00e1ria, o pinh\u00e3o, \u00e9 muito nutritiva. Pesquisas hist\u00f3ricas e arqueol\u00f3gicas sobre as popula\u00e7\u00f5es ind\u00edgenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de 6000 anos at\u00e9 os nossos dias, registram a import\u00e2ncia do pinh\u00e3o no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinh\u00f5es aparecem em meio aos carv\u00f5es das fogueiras acesas pelos antigos habitantes das florestas de arauc\u00e1ria. Um dep\u00f3sito de restos de pinh\u00f5es em meio a uma espessa camada de argila evidencia n\u00e3o apenas a exist\u00eancia do pinh\u00e3o na dieta di\u00e1ria dos grupos, mas tamb\u00e9m uma engenhosa solu\u00e7\u00e3o para conserv\u00e1-lo durante longos per\u00edodos, evitando o risco de deteriora\u00e7\u00e3o pelas a\u00e7\u00f5es do clima ou do ataque de animais. Sabe-se tamb\u00e9m que o pinh\u00e3o servia de alimento para in\u00fameras esp\u00e9cies animais, inclusive caititus selvagens (esp\u00e9cie de porco), atraindo-os durante a \u00e9poca de amadurecimento das pinhas. Assim, ao lado da coleta anual do pinh\u00e3o, os ind\u00edgenas igualmente ca\u00e7avam esses animais.<\/p>\n\n\n\n

Nos dias de hoje, o pinh\u00e3o vem sendo produzido, comercializado e consumido em todo o Estado, mas alguns munic\u00edpios s\u00e3o grandes centros de sua s\u00f3cio-economia. As regi\u00f5es t\u00edpicas de produ\u00e7\u00e3o s\u00e3o Guarapuava, no Centro-Oeste e Uni\u00e3o da Vit\u00f3ria, no Sul do estado. Seguramente, Curitiba \u00e9 o ponto de maior converg\u00eancia da comercializa\u00e7\u00e3o e do consumo no Estado.<\/p>\n\n\n\n

Lamentavelmente pouco se conhece sobre as implica\u00e7\u00f5es sociais, econ\u00f4micas e ambientais da atividade de coleta e venda de pinh\u00e3o no Estado do Paran\u00e1. Quase nada foi publicado sobre a cadeia produtiva do pinh\u00e3o, embora seja poss\u00edvel encontrar esta iguaria em qualquer feira ou supermercado do Paran\u00e1 e, certamente quase todo paranaense consuma uma quantidade expressiva desta durante o per\u00edodo de safra. Ainda, os riscos ambientais para a regenera\u00e7\u00e3o natural da esp\u00e9cie (Araucaria angustifolia), para a fauna, para a diversidade biol\u00f3gica e gen\u00e9tica, entre outros, nunca foram efetivamente encarados com profundidade.<\/p>\n\n\n\n

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A import\u00e2ncia s\u00f3cio-econ\u00f4mica do pinh\u00e3o para o interior do Paran\u00e1, sobretudo naquelas regi\u00f5es de maior pobreza, reveste este projeto de um grande apelo, pois representa uma fatia bastante expressiva do emprego e renda, com fortes impactos na qualidade de vida de um grande contingente de pessoas, tanto na produ\u00e7\u00e3o como na comercializa\u00e7\u00e3o deste produto.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m de denotar um forte apelo s\u00f3cio-econ\u00f4mico, este estudo tamb\u00e9m pressup\u00f5e a exist\u00eancia de impactos ambientais igualmente relevantes. A coleta de pinh\u00e3o provoca impactos ambientais, notadamente \u00e0 diversidade biol\u00f3gica e gen\u00e9tica, bem como a toda a cadeia alimentar no ecossistema. A magnitude destes impactos \u00e9 muito pouco conhecida e merece especial aten\u00e7\u00e3o da comunidade cient\u00edfica, das autoridades ambientais e de toda a sociedade.<\/p>\n\n\n\n

Reda\u00e7\u00e3o Ambiente Brasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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