{"id":1820,"date":"2009-03-10T16:11:56","date_gmt":"2009-03-10T16:11:56","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:14:54","modified_gmt":"2021-07-10T23:14:54","slug":"latex_-_borracha_vegetal","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/artigos\/latex_-_borracha_vegetal.html","title":{"rendered":"L\u00e1tex – Borracha Vegetal"},"content":{"rendered":"\n

Quando os espanh\u00f3is come\u00e7aram a invadir a Am\u00e9rica do Sul, sua aten\u00e7\u00e3o foi atra\u00edda pelo suco de uma planta com que os ind\u00edgenas formavam bolas, que saltavam no ch\u00e3o. Uma curiosidade de viajantes em terras distantes deveria tornar-se, alguns s\u00e9culos depois, a origem de uma ind\u00fastria colossal, a da borracha.<\/p>\n\n\n\n

O l\u00e1tex \u00e9 l\u00edquido de aspecto leitoso, existente nas plantas ditas latic\u00edferas e \u00e9 colhido em incis\u00f5es feitas no tronco, pelas quais escorre. Pode mostrar-se incolor, amarelo, alaranjado, vermelho e, mais comumente, branco. A fluidez tamb\u00e9m \u00e9 sujeita a grada\u00e7\u00f5es: pode apresentar-se aquoso ou altamente viscoso. Trata-se de um produto natural procedente do l\u00e1tex, de acidez neutra, com grande elasticidade, inodoro e sem res\u00edduo, podendo ser esterilizado em qualquer sistema.<\/p>\n\n\n\n

A borracha assim obtida, borracha em bruto, deform\u00e1vel como gesso, deve sofrer uma s\u00e9rie de preparos para adquirir os requisitos da elasticidade, dureza, resist\u00eancia, etc., que fazem dela um dos produtos de consumo mais necess\u00e1rios no mundo moderno.<\/p>\n\n\n\n

Ela \u00e9 introduzida em m\u00e1quinas especiais que funcionam mais ou menos como moedoras de carne, chamadas mastigadoras: elas servem para mistur\u00e1-la e empast\u00e1-la, libertando-a do l\u00edquido e das impurezas. A este ponto deve-se dizer que os ind\u00edgenas costumam defum\u00e1-la, quando em estado bruto, obtendo, assim, um produto bastante el\u00e1stico e imperme\u00e1vel, mas grudento e, por isso, n\u00e3o \u00e9 pr\u00e1tico para trabalh\u00e1-lo.<\/p>\n\n\n\n

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Na ind\u00fastria moderna, segue-se uma fase importante, a da mistura, isto \u00e9, \u00e0 borracha s\u00e3o ajuntadas subst\u00e2ncias especiais, capazes de torn\u00e1-la dura e el\u00e1stica. Para tal fim, emprega-se enxofre ou seus compostos; juntam-se, ainda, corantes e outras subst\u00e2ncias qu\u00edmicas, capazes de orientar a rea\u00e7\u00e3o. A borracha, agora, est\u00e1 pronta para ser utilizada dos modos mais variados. \u00c9 dada a forma definitiva, antes de submet\u00ea-la \u00e0 vulcaniza\u00e7\u00e3o, cujo processo final a tornar\u00e1 realmente tal qual n\u00f3s a conhecemos.<\/p>\n\n\n\n

Tal processo consiste em submeter o material, ao qual forma acrescidas as subst\u00e2ncias mencionadas, a uma elevada temperatura (cerca de 160\u00ba), de maneira que, entre borracha bruta e enxofre, ocorram aquelas complicadas rea\u00e7\u00f5es, que d\u00e3o as caracter\u00edsticas qu\u00edmicas e f\u00edsicas desejadas. Misturada a uma quantidade maior de enxofre e levada a uma temperatura ainda mais alta a borracha se transforma, em ebanite, uma subst\u00e2ncia dura, que conhecemos.<\/p>\n\n\n\n

As utiliza\u00e7\u00f5es da borracha s\u00e3o infinitas, e v\u00e3o das modestas borrachinhas para apagar (um dos seus usos mais remotos), aos cabos el\u00e9tricos, aos fios de tecido, aos tecidos imperme\u00e1veis, aos pneum\u00e1ticos, \u00e0s cintas, etc.<\/p>\n\n\n\n

O consumo e a procura de tal mat\u00e9ria-prima, extra\u00edda principalmente da seringueira (Hevea brasiliensis) como \u00e9 f\u00e1cil compreender, s\u00e3o t\u00e3o grandes que as planta\u00e7\u00f5es do Brasil e da \u00c1sia n\u00e3o bastam para satisfazer a ind\u00fastria. Hoje, se produz borracha sint\u00e9tica, em quantidades sempre crescentes.<\/p>\n\n\n\n

Do ponto de vista estrutural, o l\u00e1tex \u00e9 uma suspens\u00e3o que cont\u00e9m part\u00edculas de hidrocarbonetos do grupo dos terpenos numa matriz aquosa. Muitas outras subst\u00e2ncias s\u00e3o encontradas no l\u00e1tex, como a\u00e7\u00facares, alcal\u00f3ides, prot\u00eddeos, ceras, amido, cristais, taninos e resinas. Al\u00e9m da seringueira (Hevea brasiliensis), as plantas latic\u00edferas incluem o guai\u00fale (Parthenium argentatum) e a figueira-da-borracha (Ficus elastica), que tamb\u00e9m s\u00e3o fonte de borracha natural; a papoula verdadeira (Papaver somniferum), de cujo l\u00e1tex se obt\u00e9m o \u00f3pio; e a \u00e1rvore-vaca (Tabernaemontana utilis), das regi\u00f5es baixas da Am\u00e9rica do Sul, cujo l\u00e1tex pode ser bebido como leite. Aparentemente, o l\u00e1tex desempenha nas plantas uma fun\u00e7\u00e3o complexa, relacionada com os fen\u00f4menos de secre\u00e7\u00e3o e excre\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Do ponto de vista bot\u00e2nico, possui valor taxion\u00f4mico, pois serve para caracterizar diversas fam\u00edlias e g\u00eaneros. As mor\u00e1ceas (figueira, jaqueira, fruta-p\u00e3o), apocin\u00e1ceas (mangabeira, alamanda), euforbi\u00e1ceas (seringueira, leiteiro, coroa-de-cristo) e caric\u00e1ceas (mamoeiro) s\u00e3o algumas das fam\u00edlias em que a presen\u00e7a do l\u00e1tex \u00e9 constante.<\/p>\n\n\n\n

O l\u00e1tex \u00e9 produzido em estruturas especiais denominadas dutos latic\u00edferos, que podem ser c\u00e9lulas ou grupos de c\u00e9lulas interconectadas ou fusionadas. Quando seccionados, os latic\u00edferos deixam fluir o l\u00e1tex, que coagula e veda o ferimento feito na planta. A coagula\u00e7\u00e3o resulta da a\u00e7\u00e3o de sistemas enzim\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

A borracha, extra\u00edda da seringueira (Hevea brasiliensis) e do cancho, sobretudo do l\u00e1tex, (Caetilloa ulei), tornou a Amaz\u00f4nia brasileira a fonte produtora de 40% das p\u00e9las de goma el\u00e1stica, no mercado mundial. Na pauta das exporta\u00e7\u00f5es do Brasil, a borracha ocupou o 2\u00ba lugar em valor, logo ap\u00f3s o caf\u00e9, desde a d\u00e9cada de 1890 at\u00e9 1913.<\/p>\n\n\n\n

Sint\u00e9tica significa “produzida artificialmente pelo homem”, primeiro em laborat\u00f3rios, ap\u00f3s pesquisas complicadas, depois, em escala industrial, partindo de elementos qu\u00edmicos que a comp\u00f5em. Atualmente, \u00e9 preferida \u00e0 borracha natural. Hoje, como n\u00e3o se pode confiar muito no fornecimento da borracha vinda das planta\u00e7\u00f5es do Extremo Oriente, por causa das desordens pol\u00edticas que ocorrem naquela zona, os pa\u00edses industriais do Ocidente incentivam de todos os modos a produ\u00e7\u00e3o sint\u00e9tica deste indispens\u00e1vel produto. Principalmente a Europa, apesar de sua absoluta falta de mat\u00e9ria-prima, mant\u00e9m condignamente seu lugar na ind\u00fastria de borracha, gra\u00e7as ao aparelhamento industrial de primeira ordem. Al\u00e9m disso, o Brasil vem, tamb\u00e9m, incentivando a planta\u00e7\u00e3o da Hevea brasiliensis na Amaz\u00f4nia, pois se trata de produto de grande procura e aceita\u00e7\u00e3o no mercado. O l\u00e1tex \u00e9 de grande import\u00e2ncia econ\u00f4mica, pois d\u00e1 origem \u00e0 borracha natural, de alto valor comercial.<\/p>\n\n\n\n

Da reda\u00e7\u00e3o do Ambiente Brasil<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"