<\/div>\n\n\n\n
Recente prova disso foi o caso dos deques da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro: apesar de certificada pelo Ibama, a madeira era ilegal.<\/p>\n\n\n\n
Em 2001, o Ibama autorizou o corte de 5.342 hectares na Amaz\u00f4nia, mas fotos de sat\u00e9lite comprovam que foram desmatados 523.700 hectares. S\u00f3 na Terra do Meio, a \u00e1rea mais florestada do Par\u00e1, j\u00e1 foram descobertos mais de 23 mil quil\u00f4metros no meio da selva. S\u00e3o trilhas de madeireiras. Mas por elas trafegam caminh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n
A Floresta Amaz\u00f4nica, maior reserva de madeira tropical do planeta, abastece 90% do mercado brasileiro de madeiras, que emprega mais de 2 milh\u00f5es de pessoas e \u00e9 respons\u00e1vel por 4% do PIB. Quase toda esta madeira, cerca de 86%, \u00e9 consumida no Brasil mesmo, sobretudo por S\u00e3o Paulo, que fica com 1,2 milh\u00f5es de toras anualmente (cerca de 20% do total).<\/p>\n\n\n\n
A assessoria do Ibama assume que n\u00e3o pode fiscalizar todo o com\u00e9rcio de madeira, mas est\u00e1 desenvolvendo sua pr\u00f3pria certifica\u00e7\u00e3o ambiental. O engenheiro florestal Gustavo Pinho, funcion\u00e1rio do \u00f3rg\u00e3o, diz que existem estudos sendo desenvolvidos, como o projeto piloto de manejo sustent\u00e1vel na Floresta Nacional dos Tapaj\u00f3s. Seus resultados ser\u00e3o conhecidos dentro de poucas semanas, mas ele adianta que foram excelentes. Com base no projeto, o Ibama deve elaborar um novo marco regulat\u00f3rio para ser aplicado em todo o Brasil.<\/p>\n\n\n\n
Segundo o FERN (Forests and the European Union Resource Network, a Rede de Florestas e Recursos da Uni\u00e3o Europ\u00e9ia), hoje s\u00f3 existe uma entidade capaz de certificar madeira de forma absolutamente isenta: a FSC (Forest Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal). \u00c9 uma ONG, com sede no M\u00e9xico mas presente em 34 pa\u00edses, cujos membros s\u00e3o representantes de empresas, governos e sociedade civil.<\/p>\n\n\n\n
Funciona da seguinte maneira: a empresa procura uma organiza\u00e7\u00e3o certificadora da FSC, que vai at\u00e9 a \u00e1rea de extra\u00e7\u00e3o e certifica a \u00e1rea, n\u00e3o a empresa. A cada dez meses, no m\u00e1ximo, fazem uma inspe\u00e7\u00e3o para verificar o manejo sustent\u00e1vel, cuja orienta\u00e7\u00e3o varia de acordo com a regi\u00e3o a ser inspecionada, como \u00e1reas de Mata Atl\u00e2ntica ou de terra firme na Amaz\u00f4nia. A diferen\u00e7a entre a FSC e outras organiza\u00e7\u00f5es \u00e9 que sua inspe\u00e7\u00e3o \u00e9 a mais rigorosa e seus padr\u00f5es foram pensados para garantir n\u00e3o s\u00f3 a conserva\u00e7\u00e3o ambiental, mas para promover a inclus\u00e3o social das popula\u00e7\u00f5es locais e garantir a viabilidade econ\u00f4mica do empreendimento.<\/p>\n\n\n\n
E madeira certificada \u00e9 um bom neg\u00f3cio. Quem quer exportar madeira v\u00ea-se quase obrigado a trabalhar com certifica\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que v\u00e1rios pa\u00edses est\u00e3o proibindo a importa\u00e7\u00e3o das n\u00e3o-certificadas, como a Holanda. Al\u00e9m disso, as empresas revendedoras de madeira preferem este tipo de mercadoria para n\u00e3o correrem o risco de eventuais processos por exporta\u00e7\u00e3o ilegal. Alguns governos concedem incentivos fiscais para constru\u00e7\u00f5es \u201cverdes\u201d, que levem em considera\u00e7\u00e3o economia de energia, origem dos materiais e preocupa\u00e7\u00e3o ambiental. \u00c9 o caso dos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n
Chama aten\u00e7\u00e3o o fato da maioria destas empresas n\u00e3o repassar o custo das madeiras certificadas, cuja obten\u00e7\u00e3o \u00e9 cerca de 30% mais cara, para o pre\u00e7o final. Isso porque ainda s\u00e3o poucos os consumidores que est\u00e3o dispostos a pagar a mais por conta da certifica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
No Brasil s\u00f3 existe uma empresa que revende exclusivamente madeira certificada pela FSC. A EcoLeo, com sede em S\u00e3o Paulo, faz parte da rede Leo Madeiras, que tem 30 lojas espalhadas por Rio, S\u00e3o Paulo, Curitiba e Salvador. A gerente Karla Aharonian diz que o mercado de madeiras certificadas no Brasil est\u00e1 crescendo, e que os clientes s\u00e3o principalmente empresas que t\u00eam uma consci\u00eancia ambiental forte e designers ou marcenarias que precisam exportar seus produtos. Ela est\u00e1 convicta de que em pouco tempo sua loja, que ainda n\u00e3o alcan\u00e7ou o retorno do investimento em madeira certificada, passar\u00e1 a ser um bom neg\u00f3cio. Tanto que planeja abrir outra loja no Rio de Janeiro.<\/p>\n\n\n\n
A Leo Madeiras pode estar certa. Embora a passos lentos, h\u00e1 boas perspectivas para o mercado de madeira certificada. O \u201cGrupo de Compradores de Produtos Florestais Certificados\u201d, iniciativa da ONG Amigos da Terra, re\u00fane empresas e \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos que se comprometem a somente comprar produtos com o selo da FSC. Integram o grupo de compradores do bem os Governos Estaduais do Acre e do Amap\u00e1 e empresas como Tramontina, Tok & Stok, Faber Castell e ABN-Amro Bank.<\/p>\n\n\n\n
J\u00e1 o Greenpeace tem investido no projeto Cidade Amiga da Amaz\u00f4nia, que tenta estimular, atrav\u00e9s dos conhecidos m\u00e9todos da organiza\u00e7\u00e3o, as administra\u00e7\u00f5es municipais a criarem uma legisla\u00e7\u00e3o que impe\u00e7a a compra, pelas Prefeituras, de madeira ilegal. Oito munic\u00edpios do interior paulista j\u00e1 aderiram ao projeto: Bauru, Botucatu, Campinas, Jundia\u00ed, Piracicaba, S\u00e3o Jos\u00e9 dos Campos, Sorocaba e Ubatuba.<\/p>\n\n\n\n
Hoje o Brasil det\u00e9m a maior \u00e1rea florestal certificada na Am\u00e9rica Latina, segundo a WWF, com 2.300.874 hectares, coloca\u00e7\u00e3o assumida no \u00faltimo dia 30. Muito pouco, considerando que isso corresponde a aproximadamente 0,3% dos 850 milh\u00f5es de hectares de florestas brasileiras.<\/p>\n\n\n\n
www.oeco.com.br
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