{"id":1779,"date":"2009-03-10T11:56:16","date_gmt":"2009-03-10T11:56:16","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:15:03","modified_gmt":"2021-07-10T23:15:03","slug":"doencas_presentes_em_pinus","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/artigos\/doencas_presentes_em_pinus.html","title":{"rendered":"Doen\u00e7as presentes em Pinus"},"content":{"rendered":"\n

As doen\u00e7as florestais s\u00e3o respons\u00e1veis, em parte, pela diminui\u00e7\u00e3o da produtividade dos plantios comerciais brasileiros. At\u00e9 o momento, as doen\u00e7as registradas em plantios e povoamentos florestais t\u00eam sido provocadas principalmente por fungos, com alguns registros de ocorr\u00eancia de bact\u00e9rias e sem registros concretos da a\u00e7\u00e3o de v\u00edrus ou outros micro3organismos.<\/p>\n\n\n\n

No caso das esp\u00e9cies de Pinus plantadas no Brasil, as principais doen\u00e7as encontradas e que t\u00eam chamado aten\u00e7\u00e3o daqueles que trabalham com esta esp\u00e9cie florestal s\u00e3o os problemas de viveiro, a seca de ponteiros e a armilariose, que afetam \u00e1rvores jovens e adultas.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n

Problemas de viveiro<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O sistema de produ\u00e7\u00e3o de mudas de esp\u00e9cies florestais normalmente favorece a ocorr\u00eancia de fungos, pela presen\u00e7a de temperaturas e alta umidade. As condi\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias para a germina\u00e7\u00e3o e desenvolvimento das mudas tamb\u00e9m podem ser as mesmas para que os fungos se estabele\u00e7am e se desenvolvam.<\/p>\n\n\n\n

O tombamento de mudas \u00e9 uma doen\u00e7a que pode surgir em viveiro e em diferentes ess\u00eancias florestais. Esta doen\u00e7a tamb\u00e9m pode ocorrer durante a germina\u00e7\u00e3o e produ\u00e7\u00e3o de mudas de Pinus. Por\u00e9m, tem-se tornado uma doen\u00e7a de import\u00e2ncia secund\u00e1ria com o uso da t\u00e9cnica de produ\u00e7\u00e3o de mudas em tubetes pl\u00e1sticos. Sua import\u00e2ncia \u00e9 sempre notada quando do uso de sementeiras para a germina\u00e7\u00e3o das sementes ou quando algumas medidas sanit\u00e1rias preventivas n\u00e3o s\u00e3o empregadas, como por exemplo o uso de substrato est\u00e9ril para a produ\u00e7\u00e3o de mudas.<\/p>\n\n\n\n

O controle desta doen\u00e7a normalmente \u00e9 obtido pela aplica\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas adequadas na produ\u00e7\u00e3o de mudas, cuidando-se do uso de sementes com boa qualidade sanit\u00e1ria, de substrato est\u00e9ril, de \u00e1gua para irriga\u00e7\u00e3o de boa qualidade, da limpeza do pr\u00f3prio viveiro e da elimina\u00e7\u00e3o de qualquer foco de material doente, fazendo o descarte das mudas afetadas. O emprego de produtos qu\u00edmicos, como \u00e9 o caso dos fungicidas, s\u00f3 deve ser feito em situa\u00e7\u00f5es emergenciais e com o devido respaldo de um t\u00e9cnico.<\/p>\n\n\n\n

Problemas em plantios<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A seca de ponteiros foi uma das principais doen\u00e7as em Pinus, limitando os primeiros plantios de esp\u00e9cies como Pinus radiata e P. pinaster na regi\u00e3o Sul do Brasil. Apesar de estar controlada para algumas esp\u00e9cies, ainda inspira cuidados e controle. Esta doen\u00e7a afeta diversas esp\u00e9cies de Pinus em todo o mundo, com outros sintomas e \u00e9 causada pelo fungo Sphaeropsis sapinea. Este fungo, ao colonizar os tecidos da \u00e1rvore, pode causar o secamento dos brotos e de ramos e, se o ataque for cont\u00ednuo e intenso, provocar a morte da planta. Pode causar, tamb\u00e9m, a morte de ponteiros em mudas, ferimentos na casca e o azulamento da madeira em \u00e1rvores vivas e em toras, depois do abate da \u00e1rvore. O controle desta doen\u00e7a em mudas doentes, por meio de fungicidas, somente \u00e9 recomendado em casos especiais. Para que a doen\u00e7a n\u00e3o ocorra a campo, recomenda-se o plantio de esp\u00e9cies mais resistentes, como P. elliottii, P. taeda e P. caribaea. Para evitar o azulamento da madeira, recomenda-se o processamento das toras ap\u00f3s o abate, a secagem da madeira e o uso de preservativos de madeira.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 a podrid\u00e3o de ra\u00edzes causada por Armillaria, ou armilariose, \u00e9 uma doen\u00e7a causada pelo fungo Armillaria sp., conhecida em v\u00e1rias partes do mundo, afetando principalmente as plantas lenhosas. No Brasil, a doen\u00e7a foi constatada em esp\u00e9cies de Pinus (P. elliottii var. elliottii, P. taeda e P. patula) e Araucaria, nos estados da Regi\u00e3o Sul e Sudeste, n\u00e3o tendo sido encontrada em plantios de esp\u00e9cies tropicais de Pinus. \u00c9 uma doen\u00e7a importante em plantios de Pinus na primeira rota\u00e7\u00e3o da cultura, especialmente em \u00e1reas onde havia mata natural ou reflorestamento com esp\u00e9cie florestal de reconhecida capacidade multiplicadora de in\u00f3culo do pat\u00f3geno.<\/p>\n\n\n\n

A doen\u00e7a \u00e9 caracterizada pelo amarelecimento geral da copa, seguido por murchamento, bronzeamento e seca das ac\u00edculas. Posteriormente, evolui para a morte das \u00e1rvores, que ocorre quando todo o sistema radicular acha-se comprometido pela a\u00e7\u00e3o do pat\u00f3geno. Nas ra\u00edzes mais grossas e na base do tronco surge intensa exsuda\u00e7\u00e3o de resina que acumula-se no solo, ao redor das ra\u00edzes ou do tronco. Placas miceliais (desenvolvimento do fungo em forma de mantas) brancas s\u00e3o formadas logo abaixo da casca, que podem se estender no tronco a mais de 1 m de altura. O fungo pode tamb\u00e9m formar rizomorfas (cord\u00f5es miceliais de colora\u00e7\u00e3o marrom-escura) na casca. Eventualmente, as frutifica\u00e7\u00f5es deste fungo podem ser observadas, como cogumelos que surgem na casca de plantas doentes ou j\u00e1 mortas.<\/p>\n\n\n\n

A recomenda\u00e7\u00e3o de controle da armilariose em planta\u00e7\u00f5es de Pinus spp. no Brasil tem sido feita no sentido de minimizar a quantidade do in\u00f3culo inicial do pat\u00f3geno na planta\u00e7\u00e3o. Recomenda-se que, no preparo da \u00e1rea a ser reflorestada com Pinus, seja feita uma limpeza da \u00e1rea rec\u00e9m-desmatada, recolhendo-se restos de ra\u00edzes, tocos e galhos da vegeta\u00e7\u00e3o nativa anterior, apodrecidos ou n\u00e3o, para a sua queima. Como outras medidas, menciona-se a abertura de trincheiras ou valas, ao redor da(s) \u00e1rvore(s) atacada(s), para que a doen\u00e7a n\u00e3o atinja as \u00e1rvores vizinhas ainda sadias. Pouco se sabe sobre a resist\u00eancia gen\u00e9tica contra esta doen\u00e7a em Pinus. A literatura recomenda que se evite plantar esp\u00e9cies muito suscet\u00edveis, como \u00e9 o caso de P. elliottii, em locais onde haja grande probabilidade de ocorrer a armilariose.<\/p>\n\n\n\n

Como estrat\u00e9gia para conhecer mais sobre esta doen\u00e7a e o seu controle, estabeleceu-se um projeto de pesquisa tendo como t\u00edtulo: \u201cArmilariose em Pinus elliottii: etiologia, determina\u00e7\u00e3o de danos e de medidas de controle, nos estados do Paran\u00e1 e de Santa Catarina\u201d. Este projeto teve como financiadores o CNPq, Embrapa Florestas e empresas florestais que possuem o problema. Como parceria, parte das atividades de pesquisa constitu\u00edram uma tese de doutoramento no Curso de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Paran\u00e1. As atividades de pesquisa foram desenvolvidas no Laborat\u00f3rio de Fitopatologia da Embrapa Florestas e em plantios comerciais de empresas florestais do Estado do Paran\u00e1. Com o encerramento do financiamento do projeto pelo CNPq, o mesmo encontra-se em fase de negocia\u00e7\u00e3o com outras empresas florestais que possuem o problema e foram sensibilizadas para participar desta pesquisa.<\/p>\n\n\n\n

O projeto come\u00e7ou em mar\u00e7o de 2001 e teve como objetivos a realiza\u00e7\u00e3o de um levantamento da ocorr\u00eancia da armilariose em povoamentos de Pinus nos Estados do Paran\u00e1 e de Santa Catarina (posteriormente acrescentou-se o estado do Rio Grande do Sul); a identifica\u00e7\u00e3o correta do fungo; a avalia\u00e7\u00e3o dos danos silviculturais e econ\u00f4micos e o desenvolvimento de medidas de controle, de modo que os novos conhecimentos adquiridos possam minimizar os danos e as perdas provocadas pela armilariose em plantios de Pinus da Regi\u00e3o Sul.<\/p>\n\n\n\n

O principais resultados deste projeto mostraram que o agente causal desta doen\u00e7a n\u00e3o deve ser o fungo Armillaria mellea. Possivelmente, mais de uma esp\u00e9cie estaria associada aos problemas em Pinus. Outro aspecto relaciona-se com a temperatura \u00f3tima de desenvolvimento do fungo, que precisa de temperaturas na faixa entre 15\u00b0C e 25\u00b0C, demonstrando porque tem ocorrido na regi\u00e3o Sul. Quanto aos hospedeiros, existe maior quantidade de registro de doen\u00e7a em P. elliottii em rela\u00e7\u00e3o ao P. taeda, em concord\u00e2ncia com a literatura.<\/p>\n\n\n\n

Quanto \u00e0s avalia\u00e7\u00f5es dos impactos decorrentes da a\u00e7\u00e3o da armilariose, as perdas causadas pela doen\u00e7a s\u00e3o significativas nas \u00e1reas afetadas, o que contribui na redu\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o de madeira, bem como da renda dos silvicultores e da regi\u00e3o e uma redu\u00e7\u00e3o no potencial de emprego e da renda recebida pelos trabalhadores rurais. A t\u00edtulo de exemplo, se considerarmos uma incid\u00eancia de mortalidade de \u00e1rvores em 5,1%, em uma \u00e1rea atacada de 10% da \u00e1rea plantada da regi\u00e3o Sul (106.200 ha), os produtores de Pinus deixariam de colher 189,6 mil m3 de madeira anualmente.<\/p>\n\n\n\n

Em rela\u00e7\u00e3o ao controle, as observa\u00e7\u00f5es de campo e experimentais revelam que a pr\u00e1tica de limpeza da \u00e1rea (destoca e queima dos res\u00edduos) antes do plantio mostra-se eficiente para eliminar o in\u00f3culo da doen\u00e7a. Entretanto, esta pr\u00e1tica pode ser invi\u00e1vel em \u00e1reas de topografia acidentada e apresenta um alto custo, que podem inviabilizar o seu uso. O controle biol\u00f3gico da doen\u00e7a com o emprego de fungos antag\u00f4nicos, preconizado pela literatura como eficiente, \u00e9 tecnicamente vi\u00e1vel em focos presentes em plantios jovens (menos de tr\u00eas anos de idade). No entanto, os ensaios foram recentemente montados e os resultados est\u00e3o em fase de coleta, sem que se possa ainda afirmar algo acerca de sua efici\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Celso Garcia Auer e Albino Grigoletti Junior s\u00e3o pesquisadores da Embrapa Florestas.
\nNei Sebasti\u00e3o Braga Gomes \u00e9 Bolsista da Embrapa Florestas.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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