{"id":1769,"date":"2009-03-10T11:08:17","date_gmt":"2009-03-10T11:08:17","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:15:06","modified_gmt":"2021-07-10T23:15:06","slug":"perspectivas_dos_plantios_de_teca_no_acre","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/florestal\/artigos\/perspectivas_dos_plantios_de_teca_no_acre.html","title":{"rendered":"Perspectivas dos plantios de teca no Acre"},"content":{"rendered":"\n

O reflorestamento praticado na Amaz\u00f4nia tornou-se um desafio para os utilizadores de mat\u00e9ria-prima florestal, visto serem incipientes os estudos e pesquisas capazes de subsidiar a ado\u00e7\u00e3o de procedimentos t\u00e9cnicos adaptados \u00e0s condi\u00e7\u00f5es regionais, bem como as experi\u00eancias bem sucedidas de reflorestamento na Amaz\u00f4nia.<\/p>\n\n\n\n

O tempo comprovou que o comportamento de algumas esp\u00e9cies nativas implantadas em reflorestamento n\u00e3o apresentou desempenho satisfat\u00f3rio. Muitas delas sofreram severos ataques de pragas e doen\u00e7as, outras n\u00e3o resistiram \u00e0s pr\u00e1ticas silviculturais inadequadas, a exemplo dos reflorestamentos com mogno (Swietenia macrophylla King.) e cedro (Cedrella odorata L.), ambos fortemente atacados pela broca (Hypsipyla grandella), que destr\u00f3i o ponteiro da \u00e1rvore (meristema apical) promovendo um crescimento irregular do tronco e n\u00e3o permitindo seu aproveitamento comercial. Por outro lado, esp\u00e9cies ex\u00f3ticas, como a teca (Tectona grandis L.f.), adaptaram-se muito bem, provavelmente pelo r\u00e1pido crescimento inicial e rusticidade. <\/p>\n\n\n\n

A teca, origin\u00e1ria da \u00c1sia, tem como principal produto, a madeira de alta qualidade, muito utilizada em m\u00f3veis finos e na constru\u00e7\u00e3o naval. O valor de mercado para a madeira de teca madura, livre de n\u00f3s e com di\u00e2metro adequado para serraria, chega a superar os valores comercializados com a esp\u00e9cie mogno (Swietenia macrophylla King). <\/p>\n\n\n\n

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Inicialmente, os plantios de teca limitavam-se aos pa\u00edses da \u00c1sia Tropical, principalmente \u00cdndia, Myanmar e Tail\u00e2ndia, cujo objetivo era o de compensar o esgotamento das popula\u00e7\u00f5es naturais de teca que eram exploradas de forma predat\u00f3ria. Posteriormente, a teca come\u00e7ou a ser plantada em novas zonas tropicais, particularmente na \u00c1frica Ocidental, Am\u00e9rica Central e Am\u00e9rica do Sul, sobretudo no Brasil e na Costa Rica, onde os plantios s\u00e3o caracterizados pela elevada densidade de indiv\u00edduos e com rota\u00e7\u00f5es mais curtas que as praticadas no sudeste asi\u00e1tico. <\/p>\n\n\n\n

Muito se tem falado sobre o desempenho da esp\u00e9cie no Acre, por\u00e9m, pouco \u00e9 o conhecimento sobre a produtividade e rendimento dos povoamentos de teca implantados. <\/p>\n\n\n\n

Uma das quest\u00f5es mais mencionadas \u00e9 que a esp\u00e9cie n\u00e3o encontra na regi\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es de solo e clima favor\u00e1veis, mas a experi\u00eancia em todo mundo \u00e9 que a esp\u00e9cie se adaptada as mais diferentes condi\u00e7\u00f5es a qual \u00e9 plantada desde regi\u00f5es de mon\u00e7\u00e3o com chuvas acima de 5000 mm at\u00e9 localidades de d\u00e9ficit h\u00eddrico com chuvas abaixo de 1000 mm. No estado do Acre, a esp\u00e9cie encontrou condi\u00e7\u00f5es ideais em alguns munic\u00edpios da microrregi\u00e3o do Alto Rio Acre (Brasil\u00e9ia, Xapuri e Epitaciol\u00e2ndia) e todos os munic\u00edpios da microrregi\u00e3o do Baixo Rio Acre, que compreende os munic\u00edpios de Acrel\u00e2ndia, Rio Branco, Bujari, Porto Acre, Senador Guiomard, Pl\u00e1cido de Castro e Capixaba. <\/p>\n\n\n\n

Nas demais regi\u00f5es do estado, a teca tem apresentado excelente crescimento, por\u00e9m, n\u00e3o se traduzindo na produ\u00e7\u00e3o de madeira de boa qualidade. O r\u00e1pido crescimento inicial significa produ\u00e7\u00e3o de madeira de baixa densidade (madeira juvenil) e n\u00e3o apresenta a durabilidade e resist\u00eancia demandada pelo mercado internacional. <\/p>\n\n\n\n

A produtividade no Acre gira entorno de 13 a 15 m3\/ha\/ano, valores equivalentes as principais regi\u00f5es produtoras do mundo. A expectativa de rota\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica (\u00e9poca de colheita) \u00e9 de aproximadamente 25 anos. Este per\u00edodo longo, parece demasiado para nosso padr\u00e3o cultural de investimento de curto prazo, mas em se tratando de uma das esp\u00e9cies madeireiras mais valorizadas do planeta, em que o metro c\u00fabico de uma tora de boa qualidade alcan\u00e7a cerca de R$2100,00, este tempo passa a ser um fator de atratividade, visto que a previs\u00e3o de colheita em algumas localidades produtoras de teca chega aos 80 anos. Desta forma, muitos produtores encaram os investimentos em teca com uma previd\u00eancia verde, sua aposentadoria gerenciada dentro do im\u00f3vel rural. <\/p>\n\n\n\n

Para as condi\u00e7\u00f5es de s\u00edtio florestal (capacidade da regi\u00e3o em produzir madeira) no estado do Acre, estudos realizados pela Embrapa Acre apontam que a produ\u00e7\u00e3o total ser\u00e1 entre 250 a 350 m3\/ha, considerando neste volume, as colheitas intermedi\u00e1rias realizadas pelos desbastes. A expectativa \u00e9 que entre 50% a 60% do volume total sejam retirados na colheita final, \u00e9poca em que ser\u00e3o abatidas as melhores \u00e1rvores. <\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, como se trata de uma esp\u00e9cie florestal de alto valor econ\u00f4mico, falhas no manejo da esp\u00e9cie, como a aus\u00eancia de desbastes e de podas, implicam em grandes perdas de renda futura, visto que o povoamento florestal vai produzir toras nas dimens\u00f5es inadequadas e com n\u00f3 (defeito da madeira). Isso significa uma redu\u00e7\u00e3o do valor do metro c\u00fabico de at\u00e9 80%. Considerando, que o estado tem aproximadamente 500 hectares de teca, o preju\u00edzo em curso ultrapassa a casa de centena de milh\u00e3o de reais. <\/p>\n\n\n\n

Outra quest\u00e3o bastante comentada diz respeito aos poss\u00edveis impactos ambientais que o plantio de teca apresenta para o solo. Existe o risco de degrada\u00e7\u00e3o do solo em qualquer cultura agr\u00edcola ou florestal, sempre que mal conduzida, seja ela qual for, mandioca, pastagens, banana, seringueira, hortali\u00e7as etc… No entanto, os sistemas florestais apresentam a vantagem de retirar nutrientes dos horizontes mais profundos dos solos e promoverem a ciclagem para os horizontes superficiais por meio das folhas, ramos, cascas, flores e frutos depositados na superf\u00edcie. Outro aspecto t\u00e9cnico importante \u00e9 que o maior percentual de nutrientes dos sistemas florestais ficam armazenados nas copas das arvores (folhas e ramos), as quais permanecem na \u00e1rea ap\u00f3s a colheita. V\u00e1rios estudos apontam que um sistema florestal bem manejado com preven\u00e7\u00e3o de incentivos, fertiliza\u00e7\u00f5es, desrama e desbaste apresenta riscos de degrada\u00e7\u00e3o ambiental menores que as principais culturas agr\u00edcolas e pecu\u00e1rias. Al\u00e9m disso, os sistemas florestais proporcionam, com grande efic\u00e1cia, o servi\u00e7o ambiental de seq\u00fcestro de carbono atmosf\u00e9rico, possibilitando uma futura fonte adicional de renda ao empreendedor do setor florestal. <\/p>\n\n\n\n

Temos uma esp\u00e9cie de alto valor econ\u00f4mico e de grande rusticidade e, que se adapta as mais distintas formas de manejo (sistemas agroflorestais, silvo-pastoreio, povoamentos puros etc.) e, que encontra condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis em alguns munic\u00edpios do estado. Al\u00e9m disso, existe no estado \u00e1reas j\u00e1 desmatadas e que se encontram subutilizadas. <\/p>\n\n\n\n

Neste cen\u00e1rio, a vis\u00e3o n\u00e3o seria trocar uma bela floresta nativa e produtiva (por meio do manejo florestal), por uma monocultura. Mas sim, agregar valor econ\u00f4mico florestal em atividades agropecu\u00e1rias j\u00e1 consolidadas. Portanto, vale agora o esp\u00edrito empreendedor florestal, j\u00e1 presente em outros estados e que o Acre j\u00e1 traz de origem. <\/p>\n\n\n\n

Anexo: 910.pdf<\/a><\/p>\n\n\n\n

Evandro Orfan\u00f3 Figueiredo, eng. agro., pesquisador da Embrapa Acre. orfano@cpafac.embrapa.br<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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