{"id":145,"date":"2009-02-11T15:30:51","date_gmt":"2009-02-11T15:30:51","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:31:24","modified_gmt":"2021-07-10T23:31:24","slug":"peixes_de_agua_doce","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/peixes_de_agua_doce.html","title":{"rendered":"Peixes de \u00e1gua doce"},"content":{"rendered":"\n

O Brasil \u00e9 o pa\u00eds do mundo com o maior n\u00famero de esp\u00e9cies de seres vivos. O Brasil possui cerca de 2.500 esp\u00e9cies de peixes, o que corresponde a 10% da fauna de peixes do mundo em \u00e1guas doces. Na regi\u00e3o marinha do Brasil, existem mais de 1.000 esp\u00e9cies, levando-se em conta as esp\u00e9cies costeiras, pel\u00e1gicas de passagem, oce\u00e2nicas e abissais. Das 48.170 esp\u00e9cies de vertebrados existentes cerca de 24.620 s\u00e3o peixes.<\/p>\n\n\n\n

Peixes s\u00e3o animais vertebrados que vivem dentro da \u00e1gua. Na \u00e1gua realizam todas as suas fun\u00e7\u00f5es vitais como alimenta\u00e7\u00e3o, crescimento, respira\u00e7\u00e3o, reprodu\u00e7\u00e3o, elimina\u00e7\u00e3o dos metab\u00f3litos (urina e fezes), etc. N\u00e3o tem capacidade de regular sua temperatura interna; portanto, os peixes tem a temperatura igual \u00e0 da \u00e1gua onde vivem – chamados de ectot\u00e9rmicos, exceto os atuns. Quando as \u00e1guas esfriam muito ou se aquecem demais – os peixes ficam inativos.<\/p>\n\n\n\n

Os peixes se apresentam divididos em duas partes: a cabe\u00e7a e o tronco. O seu corpo pode ser recoberto por escamas e\/ou couro. Os \u00f3rg\u00e3os respons\u00e1veis pela propuls\u00e3o e equil\u00edbrio do peixe na \u00e1gua s\u00e3o as nadadeiras. A grande maioria dos peixes de \u00e1gua doce, tanto de escamas quanto de couro, como o dourado, o lambari, o pintado e o ja\u00fa, possuem nadadeiras pares, peitorais e p\u00e9lvicas, e \u00edmpares, dorsal, adiposa e caudal. A maioria das formas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro n\u00e3o possui a nadadeira adiposa, a n\u00e3o ser os bagres da fam\u00edlia Ariidae.<\/p>\n\n\n\n

A nadadeira caudal \u00e9 a principal geradora do impulso que desloca o peixe na \u00e1gua, empurrando o seu corpo para a frente. As demais tem a fun\u00e7\u00e3o de manter o corpo na posi\u00e7\u00e3o vertical, como a dorsal e a anal, e de efetuar as manobras de subida e descida e de rolamento, como as peitorais e p\u00e9lvicas.<\/p>\n\n\n\n

A cabe\u00e7a abriga tr\u00eas importantes sistemas: a boca, que \u00e9 entrada para o trato digestivo, respons\u00e1vel pela apreens\u00e3o e ingest\u00e3o dos alimentos; as br\u00e2nquias, ou guelras, que funcionam como pulm\u00f5es, realizando as trocas gasosas na maioria dos peixes; e o c\u00e9rebro, principal \u00f3rg\u00e3o do sistema nervoso, que, junto com os horm\u00f4nios, integram todos os outros sistemas, coordenando o organismo como um todo.<\/p>\n\n\n\n

As maxilas est\u00e3o providas de diversos tipos de dentes, que variam de um grupo para o outro. Nos dourados, tem a forma de cones, s\u00e3o afiados e cortantes, usados para prender e cortar os peixes de que se alimentam; nas anchovas, espadas e cavalas a diferen\u00e7a \u00e9 que os dentes s\u00e3o triangulares e tamb\u00e9m muito cortantes; nos pacus s\u00e3o molariformes e servem para triturar as frutas, sementes e folhas; os dentes laterais do pargo e do marimb\u00e1 servem para triturar algas e pequenos crust\u00e1ceos; no pintado e ja\u00fa est\u00e3o dispostos em placas, s\u00e3o pequenos e numerosos e servem para abocanhar e prender as presas, como na betara branca, no olhete e no olho-de-boi.<\/p>\n\n\n\n

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O trato digestivo<\/strong> come\u00e7a na boca e termina no \u00e2nus. \u00c9 composto pela boca, l\u00edngua, es\u00f4fago, est\u00f4mago, cecos pil\u00f3ricos e intestino, mais as gl\u00e2ndulas anexas, como o p\u00e2ncreas e o f\u00edgado.<\/p>\n\n\n\n

O sistema respirat\u00f3rio<\/strong> \u00e9 formado pelo circulat\u00f3rio, composto pelo cora\u00e7\u00e3o, art\u00e9rias, veias e sistema linf\u00e1tico, mais as br\u00e2nquias. O cora\u00e7\u00e3o est\u00e1 localizado geralmente entre as estruturas \u00f3sseas de sustenta\u00e7\u00e3o das nadadeiras peitorais. Ele impulsiona o sangue por uma \u00fanica art\u00e9ria que sai dele e segue em dire\u00e7\u00e3o das guelras. Antes de chegar nas guelras, a art\u00e9ria se divide em oito ramos que banham as oito guelras, quatro de cada lado, organizadas em dois pares. O peixe impulsiona a \u00e1gua para dentro da boca, abrindo e fechando a boca, abaixando a l\u00edngua e seu assoalho e abrindo e fechando os op\u00e9rculos (ossos que recobrem as br\u00e2nquias). Ap\u00f3s sair das guelras, o sangue, agora rico em oxig\u00eanio e pobre em g\u00e1s carb\u00f4nico, \u00e9 distribu\u00eddo para o resto do corpo. Ap\u00f3s irrigar todo o corpo e \u00f3rg\u00e3os, ele \u00e9 reunido em uma veia que chega ao cora\u00e7\u00e3o, conduzindo o sangue rico em g\u00e1s carb\u00f4nico e pobre em oxig\u00eanio, reiniciando o ciclo. Alguns peixes marinhos, como as cavalas e atuns, n\u00e3o realizam grandes movimentos operculares para realizar o processo respirat\u00f3rio, e substituem esses movimentos, nadando com a boca entreaberta. Algumas esp\u00e9cies tem respira\u00e7\u00e3o acess\u00f3ria, tamb\u00e9m chamada de pulmonar, como a piramb\u00f3ia, o pirarucu e o peixe el\u00e9trico.<\/p>\n\n\n\n

O corpo \u00e9 formado por um desenvolvido sistema muscular,<\/strong> que fica ancorado no esqueleto, pele e nadadeiras. O sistema sensorial \u00e9 formado pelos olhos, desenvolvidos nos peixes de escamas e diminutos nos bagres; barbilh\u00f5es sensitivos; na linha lateral; termina\u00e7\u00f5es nervosas distribu\u00eddas externamente na pele (bot\u00f5es gustativos, receptores de frio e calor, receptores de tato, dor, etc.); ouvido interno e sistema que amplifica os sons e ondas geradas na \u00e1gua dando maior percep\u00e7\u00e3o aos peixes.<\/p>\n\n\n\n

A excre\u00e7\u00e3o dos peixes<\/strong> \u00e9 realizada pelos rins e uma pseudo-bexiga que se abre na parte posterior do intestino, pr\u00f3xima ao \u00e2nus. Os peixes de \u00e1gua doce produzem um grande volume de urina, quando comparados aos peixes marinhos, que perdem muita \u00e1gua para o meio externo (mais rico em sais que o corpo), produzindo, portanto, uma urina bem concentrada e pouco volumosa.<\/p>\n\n\n\n

O sistema reprodutor<\/strong> \u00e9 composto pelos g\u00f4nadas, \u00f3rg\u00e3os pares que produzem as c\u00e9lulas reprodutoras11. A matura\u00e7\u00e3o (amadurecimento) das g\u00f4nadas \u00e9 promovida por uma s\u00e9rie de eventos hormonais, regulados pela quantidade de claro e escuro dos dias e noites, n\u00edvel das \u00e1guas, disponibilidade de alimentos, temperatura, etc. Tamb\u00e9m s\u00e3o respons\u00e1veis pelo impulso dos peixes para migrarem rio acima, nas esp\u00e9cies de \u00e1gua doce que realizam a piracema, e para migrar em dire\u00e7\u00e3o ao mar aberto em grande parte dos peixes pel\u00e1gicos, e \u00e0s vezes costeiros, a fim de se reproduzirem.<\/p>\n\n\n\n

Os peixes possuem diversas gl\u00e2ndulas que produzem os horm\u00f4nios necess\u00e1rios para a regula\u00e7\u00e3o de seu corpo. Est\u00e3o dispersos por v\u00e1rios tecidos do corpo. A principal gl\u00e2ndula \u00e9 a hip\u00f3fise, localizada na cabe\u00e7a dos animais.<\/p>\n\n\n\n

Pel\u00e1gicos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

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Peixes que nadam continuamente na faixa pr\u00f3ximo da superf\u00edcie da \u00e1gua, n\u00e3o possuindo um local espec\u00edfico de moradia. S\u00e3o normalmente fusiformes, migrat\u00f3rios e grandes nadadores. A maioria vive mais afastado da costa, em mar aberto. Muitos n\u00e3o possuem bexiga natat\u00f3ria. A colora\u00e7\u00e3o do corpo costuma ser brilhante com tons azulados ou esverdeados no dorso e flancos e branca no ventre. Exemplos: dourados, pampos, marlins, enxadas, algumas raias e a maioria dos ca\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Nect\u00f3nicos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Peixes que nadam ativamente, por\u00e9m mant\u00eam uma rela\u00e7\u00e3o com o substrato marinho, onde alguns fazem sua moradia (toca). S\u00e3o normalmente comprimidos lateralmente e vivem nas \u00e1guas costeiras. A colora\u00e7\u00e3o do corpo, que varia muito, usualmente apresenta pintas, manchas ou listas claras ou escuras com um fundo contrastante mais escuro ou mais claro. Alguns possuem um bom mimetismo com o fundo onde vivem. Exemplos: meros, salemas, budi\u00f5es, ciobas, robalos e pescadas.<\/p>\n\n\n\n

Bent\u00f4nicos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Peixes que habitam e dependem do fundo, numa estreita rela\u00e7\u00e3o com o substrato marinho. N\u00e3o costumam ser bons nadadores. Alguns s\u00e3o comprimidos dorso-ventralmente. A colora\u00e7\u00e3o do corpo tende a ser escura no dorso e clara no ventre. A maioria apresenta excelente mimetismo com o fundo. Exemplo: bagres, linguados, trilhas, mangang\u00e1s, alguns ca\u00e7\u00f5es e a maioria das raias.<\/p>\n\n\n\n

Os peixes s\u00e3o classificados em tr\u00eas grandes classes: Agnatha, Chondricthyes, Osteichthyes.<\/p>\n\n\n\n

Classe Agnatha<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os Agnatha (a = sem; gnathos = maxila) s\u00e3o vertebrados sem mand\u00edbula. S\u00e3o peixes alongados, sem escamas, com tegumento mucoso e n\u00e3o possuem tecidos duros internos. Ocorrem nas \u00e1guas frias, tanto no hemisf\u00e9rio norte como no sul. Os representantes mais conhecidos s\u00e3o as lampr\u00e9ias (ordem Petromyzontiformes), que n\u00e3o ocorrem no Brasil. As feiticeiras (ordem Myxiniformes) s\u00e3o peixes exclusivamente marinhos.<\/p>\n\n\n\n

As lampr\u00e9ias atuam como parasitas de alguns peixes, assim alimentando-se de sangue e tecido muscular de seus hospedeiros que podem ser os salm\u00f5es e trutas. H\u00e1 representantes marinhos e de \u00e1gua doce, e algumas esp\u00e9cies s\u00e3o migrat\u00f3rias, vivendo no mar e reproduzindo-se em rios e lagos.<\/p>\n\n\n\n

As feiticeiras, em geral, alimentam-se de cad\u00e1veres ou de pequenos invertebrados bent\u00f4nicos. Ocorrem na plataforma continental e no mar aberto, em profundidades em torno de 100 metros. Possuem h\u00e1bitos necr\u00f3fagos.<\/p>\n\n\n\n

Classe Chondrichthyes<\/strong><\/p>\n\n\n\n

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Os condr\u00edctes, representados pelos tubar\u00f5es, arraias (ou raias) e quimeras, s\u00e3o todos marinhos. Algumas esp\u00e9cies s\u00e3o comest\u00edveis. Possuem nadadeiras pares e \u00edmpares. O esqueleto \u00e9 cartilaginoso (condro= cartilagem, icties= peixe). A boca \u00e9 ventral, com uma fileira de dentes pontiagudos e mand\u00edbulas. H\u00e1 um est\u00f4mago, intestino com v\u00e1lvula espiral e p\u00e2ncreas e f\u00edgado com gl\u00e2ndula anexa. O intestino termina numa cloaca. Possuem de cinco a sete pares de br\u00e2nquias n\u00e3o cobertas pelo op\u00e9rculo, que \u00e9 uma esp\u00e9cie de tampa, presente nos ostechthyes. O aparelho circulat\u00f3rio e urin\u00e1rio, bem como o sistema nervoso e os \u00f3rg\u00e3os sensoriais – com duas narinas dotadas de bolsas olfativas – s\u00e3o, em linhas gerais, semelhantes aos dos agnatos.<\/p>\n\n\n\n

A fecunda\u00e7\u00e3o geralmente \u00e9 interna e as nadadeiras p\u00e9lvicas do macho s\u00e3o modificadas, formando \u00f3rg\u00e3os copuladores. A maioria das esp\u00e9cies \u00e9 ov\u00edpara ou ovoviv\u00edpara, havendo poucas que s\u00e3o viv\u00edparas. O desenvolvimento \u00e9 direto, sem forma\u00e7\u00e3o de larva, e o \u00fanico anexo presente \u00e9 o saco vitel\u00ednico.<\/p>\n\n\n\n

Classe Osteichthyes<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os peixes \u00f3sseos (gr. ostei, cartilagem + ichthys, peixe) s\u00e3o estruturalmente not\u00e1veis pelo esqueleto \u00f3sseo, finas e flex\u00edveis escamas, mand\u00edbulas complexas, bexiga natat\u00f3ria e pela estrutura encef\u00e1lica, diversificados em cerca de 30.000 esp\u00e9cies, reunidas em 42 ordens, algumas f\u00f3sseis e outras com poucos representantes atuais. Os peixes \u00f3sseos s\u00e3o os mais variados e comuns, vivendo tanto em \u00e1gua doce como em \u00e1gua salgada ou salobra, quente ou nas \u00e1guas geladas dos p\u00f3los. Seus representantes mais procurados s\u00e3o o lambari, a tra\u00edra, o trair\u00e3o, o robalo, os jundi\u00e1s, a corvina, o papa-terra e o tucunar\u00e9, entre outros tantos. <\/p>\n\n\n\n

Minist\u00e9rio do Meio Ambiente<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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