{"id":134,"date":"2009-02-10T17:26:47","date_gmt":"2009-02-10T17:26:47","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:31:27","modified_gmt":"2021-07-10T23:31:27","slug":"toxinas_de_algas_riscos_a_saude_publica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/toxinas_de_algas_riscos_a_saude_publica.html","title":{"rendered":"Toxinas de algas: riscos \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica"},"content":{"rendered":"\n
\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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A ocorr\u00eancia de flora\u00e7\u00f5es de algas em reservat\u00f3rios utilizados para abastecimento p\u00fablico, tem sido muito freq\u00fcente e tem prejudicado os usos m\u00faltiplos das \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

Em conseq\u00fc\u00eancia do crescimento populacional e da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola e industrial, os corpos h\u00eddricos, t\u00eam se tornado cada vez mais eutrofizados (ricos em nutrientes), devido, principalmente, aos lan\u00e7amentos de esgotos dom\u00e9sticos in natura, aos efluentes l\u00edquidos industriais ricos em nutrientes, carreamento de fertilizantes utilizados na lavoura e dejetos oriundos da cria\u00e7\u00e3o de animais dom\u00e9sticos nas proximidades dos cursos h\u00eddricos. Como conseq\u00fc\u00eancia dessa eutrofiza\u00e7\u00e3o, as \u00e1guas se tornam prop\u00edcias \u00e0 prolifera\u00e7\u00e3o excessiva das algas.<\/p>\n\n\n\n

A ocorr\u00eancia de flora\u00e7\u00f5es de algas em reservat\u00f3rios utilizados para abastecimento p\u00fablico, tem sido muito freq\u00fcente nestes \u00faltimos 20 anos, em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

O crescimento excessivo de algas em reservat\u00f3rios brasileiros \u00e9 uma realidade e tem prejudicado os usos m\u00faltiplos das \u00e1guas. Algumas cepas de algas, em especial as do grupo cianof\u00edceas ou cianobact\u00e9rias, podem produzir toxinas altamente potentes (hepatoxinas e neurotoxinas) e podem tamb\u00e9m produzir metab\u00f3litos que causam gosto e odor, alterando as caracter\u00edsticas organol\u00e9pticas das \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

Existem in\u00fameros trabalhos publicados que relatam mortandades de animais dom\u00e9sticos e selvagens, inclusive intoxica\u00e7\u00e3o humana, devido ao consumo de \u00e1guas contendo algas t\u00f3xicas e\/ou toxinas liberadas pelas flora\u00e7\u00f5es. A presen\u00e7a de toxinas de cianobact\u00e9rias, em \u00e1guas para consumo humano implica em s\u00e9rios riscos \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica e por isso \u00e9 importante o monitoramento ambiental da densidade alg\u00e1cea e dos n\u00edveis de cianotoxinas nas \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

A problem\u00e1tica de algas t\u00f3xicas no Brasil ficou mais conhecida, ap\u00f3s o incidente comprovado de intoxica\u00e7\u00e3o humana causada por cianotoxinas, fato ocorrido em 1996, em uma cl\u00ednica de hemodi\u00e1lise de Caruaru – Pernambuco, onde ocorreu a morte de cerca de 60 pacientes intoxicados com hepatotoxinas presentes na \u00e1gua utilizada na hemodi\u00e1lise. Com o intuito de prevenir e controlar a presen\u00e7a de cianotoxinas na \u00e1gua distribu\u00edda, na \u00faltima revis\u00e3o da Portaria 36, do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, foram estabelecidos limites m\u00e1ximos permiss\u00edveis de cianotoxinas nas \u00e1guas para potabilidade.<\/p>\n\n\n\n

A atual Portaria 1469, do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, de 29\/12\/2000 estabelece como padr\u00f5es para potabilidade de \u00e1gua, 1 mg\/L para microcistinas, 3 mg\/L para saxitoxina (STX), e 15 \u00b5g\/L para cilindrospermopsinas.<\/p>\n\n\n\n

A necessidade de monitoramento e controle de cianobact\u00e9rias nas \u00e1guas continentais brasileiras \u00e9 uma necessidade atual, uma vez que os estudos t\u00eam confirmado a ocorr\u00eancia de cianobact\u00e9rias t\u00f3xicas em reservat\u00f3rios utilizados para abastecimento p\u00fablico e lagos da maioria dos estados brasileiros.<\/p>\n\n\n\n

Em 1999, profissionais da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de S\u00e3o Paulo), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Chile e Universidade de Sendae, do Jap\u00e3o, isolaram cepas da alga Cylindrospermopsis raciborkii, de represas do Estado de S\u00e3o Paulo, e identificaram a presen\u00e7a de neurotoxinas do tipo PSP (Paralytic Shelfis Toxins), com predomin\u00e2ncia de saxitoxinas e neosaxitoxinas. Essa foi a primeira evid\u00eancia da presen\u00e7a de neurotoxinas em algas isoladas do Brasil. Esse mesmo tipo de neurotoxina (saxitoxina e neosaxitoxina) em organismos das \u00e1guas continentais, foi evidenciado na alga Anabaena circinalis e em Lyngbya wolley, na Am\u00e9rica do Norte.<\/p>\n\n\n\n

Neurotoxinas do tipo PSP constituem-se num grupo de toxinas classificadas como carbamatos naturais e s\u00e3o produzidas principalmente por dinoflagelados marinhos durante os fen\u00f4menos de mar\u00e9 vermelha. Essas toxinas s\u00e3o conhecidas pelos seus efeitos bioacumulativos em mariscos, ostras e outros crust\u00e1ceos e por causarem efeitos t\u00f3xicos ao homem, um dos consumidores desses organismos.<\/p>\n\n\n\n

As flora\u00e7\u00f5es de algas t\u00f3xicas, em mananciais utilizados para abastecimento p\u00fablico, apresentaram, sempre, um risco potencial ao usu\u00e1rio da \u00e1gua. As toxinas s\u00e3o altamente sol\u00faveis em \u00e1guas e passam pelo sistema de tratamento convencional.<\/p>\n\n\n\n

As toxinas do tipo PSP est\u00e3o entre as mais potentes, pois agem rapidamente inibindo a condu\u00e7\u00e3o de impulsos nervosos atrav\u00e9s do bloqueio do canal de s\u00f3dio das membranas celulares, causando a morte do animal por parada respirat\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

Em fun\u00e7\u00e3o da ampla ocorr\u00eancia de flora\u00e7\u00e3o de Cylindrospermopsis neurot\u00f3xica em todo o Brasil, sente-se a necessidade da implanta\u00e7\u00e3o de m\u00e9todos de an\u00e1lise para determina\u00e7\u00e3o dessas saxitoxinas nas \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

A Bioagri Laborat\u00f3rios, de Piracicaba (SP), com a consultoria de um dos maiores especialistas no assunto, Dr. Nestor Lagos, do Chile, implantou as an\u00e1lises de saxitoxinas em amostras de \u00e1guas, de flora\u00e7\u00f5es e de outros organismos. Com a implanta\u00e7\u00e3o dessas an\u00e1lises o laborat\u00f3rio coloca \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o da comunidade esse tipo de an\u00e1lise para atendimento \u00e0 Portaria 1469, de potabilidade das \u00e1guas, sendo contempladas as an\u00e1lises da toxicidade de flora\u00e7\u00f5es de algas (testes com camundongos), an\u00e1lises de microcistinas e de saxitoxinas, descritas a seguir:<\/p>\n\n\n\n

Bioensaios com flora\u00e7\u00f5es de algas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Amostra da biomassa da flora\u00e7\u00e3o \u00e9 coletada, centrifugada, lavada, liofilizada; preparado um extrato com solu\u00e7\u00e3o fisiol\u00f3gica e ultrasonificado para que ocorra a lise celular. Esse extrato \u00e9 injetado intraperitonealmente em camundongos machos, em diferentes doses.<\/p>\n\n\n\n

Por um per\u00edodo de 24 horas registra-se a mortalidade, \u00e9 observado o comportamento e registrado os efeitos hepatot\u00f3xicos e neurot\u00f3xicos nos organismos teste. Geralmente, uma flora\u00e7\u00e3o hepatot\u00f3xica ou neurot\u00f3xica causa a morte dos animais em poucas horas ou minutos. Os resultados dos testes com camundongos s\u00e3o expressos em DL50.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante ressaltar que as flora\u00e7\u00f5es de algas t\u00f3xicas, em mananciais utilizados para abastecimento p\u00fablico, apresentam, sempre, um risco potencial ao usu\u00e1rio da \u00e1gua. As toxinas s\u00e3o altamente sol\u00faveis em \u00e1guas e passam pelo sistema de tratamento convencional. Portanto, o bioensaio com a flora\u00e7\u00e3o da \u00e1gua \u00e9 uma ferramenta importante aos operadores de esta\u00e7\u00f5es de tratamento de \u00e1gua, pois em caso de flora\u00e7\u00f5es t\u00f3xicas, o uso de carv\u00e3o ativado em p\u00f3 \u00e9 uma medida corretiva indispens\u00e1vel para a remo\u00e7\u00e3o de toxinas dissolvidas nas \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

Algumas algas, podem produzir toxinas potentes e produzir metab\u00f3litos que causam gosto e odor, alterando as caracter\u00edsticas organol\u00e9pticas das \u00e1guas.<\/p>\n\n\n\n

An\u00e1lises cromatogr\u00e1ficas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As an\u00e1lises por cromatografia l\u00edquida (HPLC) s\u00e3o aplicadas para quantificar a presen\u00e7a de saxitoxinas e microcistinas em amostras de \u00e1guas tratada e bruta, \u00e1gua para hemodi\u00e1lise, flora\u00e7\u00f5es de algas, amostras de moluscos e alimentos derivados de fruto do mar. Moluscos marinhos, principalmente mariscos e ostras, tem grande capacidade de bioconcentrar saxitoxinas durante o fen\u00f4meno de mar\u00e9 vermelha, e podem causar danos \u00e0 sa\u00fade do consumidor.<\/p>\n\n\n\n

A an\u00e1lise de microcistina tem sido feita por HPLC e tamb\u00e9m por imunoensaios.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante lembrar que a implanta\u00e7\u00e3o dessas an\u00e1lises se faz necess\u00e1rio devido \u00e0 sua obrigatoriedade no controle da qualidade das \u00e1guas para abastecimento p\u00fablico, de acordo com as exig\u00eancias estabelecidas na Portaria 1469, do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Revista Gerenciamento Ambiental, Ano 3, N\u00famero 17, Novembro\/Dezembro de 2001<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A ocorr\u00eancia de flora\u00e7\u00f5es de algas em reservat\u00f3rios utilizados para abastecimento p\u00fablico, tem sido muito freq\u00fcente nestes \u00faltimos 20 anos, em todo o mundo.
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