{"id":1320,"date":"2009-02-05T13:35:33","date_gmt":"2009-02-05T13:35:33","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:43","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:43","slug":"tubarao","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/fauna\/artigos\/tubarao.html","title":{"rendered":"Tubar\u00e3o…"},"content":{"rendered":"\n
\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n

Grite \u201ctubar\u00e3o!\u201d em alto e bom som, numa praia qualquer, e provavelmente v\u00e1rias pessoas sair\u00e3o correndo da \u00e1gua. Isso d\u00e1 uma boa no\u00e7\u00e3o do medo, ou mesmo p\u00e2nico, que esse nome provoca quando mencionado em determinadas situa\u00e7\u00f5es. A fama e m\u00e1 reputa\u00e7\u00e3o dos tubar\u00f5es tornaram estes seres marinhos os mais respeitados e temidos em todo o mundo. No entanto, sua real periculosidade, em especial no litoral brasileiro, n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o grande e certa como muitos acreditam. Apesar dos freq\u00fcentes ataques que vem ocorrendo nos \u00faltimos anos em nosso litoral, particularmente no norte e nordeste, os tubar\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o \u201cferas assassinas\u201d como se imagina. Em todo o mundo s\u00e3o conhecidas cerca de 380 esp\u00e9cies (80 no Brasil), cujos tamanhos podem variar de 15 cm a 18 m de comprimento. Entretanto, apenas algo em torno de 30 esp\u00e9cies j\u00e1 provocaram, comprovadamente, acidentes com o homem. Destas, os registros demonstram que somente doze, no litoral brasileiro, s\u00e3o perigosas e realmente podem atacar banhista, surfistas, pescadores e mergulhadores.<\/p>\n\n\n\n

Tubar\u00e3o ou Ca\u00e7\u00e3o? As duas denomina\u00e7\u00f5es podem ser utilizadas para qualquer esp\u00e9cie. Por\u00e9m, usualmente chamamos de tubar\u00e3o as esp\u00e9cies de grande porte, pouco comuns em nosso litoral, e de ca\u00e7\u00e3o aquelas de pequeno porte, cuja ocorr\u00eancia em nossa costa \u00e9 mais comum. A sabedoria popular tem uma outra defini\u00e7\u00e3o a esse respeito, de uma forma bem original: \u201cSe a gente come ele, \u00e9 ca\u00e7\u00e3o, se ele come a gente \u00e9 tubar\u00e3o\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Basicamente marinhos e pel\u00e1gicos, habitam as \u00e1guas costeiras e oce\u00e2nicas, da superf\u00edcie ao fundo, em praticamente todos os oceanos e mares. Carn\u00edvoros em sua esmagadora maioria, s\u00e3o predadores por excel\u00eancia. Possuem um sistema nervoso muito primitivo, com c\u00e9rebro pequeno e sensibilidade \u00e0 dor quase inexistente. Fortes e resistentes, podem demorar muito a morrer ainda que seriamente feridos.<\/p>\n\n\n\n

Diversos casos j\u00e1 foram relatados sobre ca\u00e7\u00f5es que mesmo eviscerados continuavam lutando e at\u00e9 mesmo comendo suas pr\u00f3prias v\u00edsceras. Agem exclusivamente por instinto, e suas rea\u00e7\u00f5es \u00e0s diversas situa\u00e7\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o muito previs\u00edveis devido \u00e0 falta de conhecimento sobre seu comportamento, pois s\u00e3o animais que t\u00eam uma ampla varia\u00e7\u00e3o de atitudes muito pouco estudadas.<\/p>\n\n\n\n

Algumas esp\u00e9cies, devido a sua voracidade, atuam como verdadeiros \u201clixeiros do mar\u201d ao comerem animais feridos ou mortos, mesmo em decomposi\u00e7\u00e3o. Entretanto, todas elas possuem suas prefer\u00eancias alimentares e, de modo habitual, seguem uma dieta regular de peixes, crust\u00e1ceos, lulas, polvos, tartarugas, raias e outros ca\u00e7\u00f5es. Incluem-se a\u00ed aquelas esp\u00e9cies consideradas \u201cterror dos mares\u201d e \u201ccomedor de homens\u201d. As pr\u00e1ticas de ca\u00e7a dos tubar\u00f5es s\u00e3o guiadas e determinadas basicamente pela combina\u00e7\u00e3o de todos os seus sentidos. No entanto, os padr\u00f5es de comportamento dos tubar\u00f5es, na busca para obten\u00e7\u00e3o de alimento, variam de forma substancial.<\/p>\n\n\n\n

Num padr\u00e3o normal seus movimentos costumam ser lentos e determinados. Outras vezes s\u00e3o convulsivos e r\u00e1pidos. Na verdade, os padr\u00f5es de comportamento relativos \u00e0 forma de nata\u00e7\u00e3o, aproxima\u00e7\u00e3o e ataque final variam de acordo com a esp\u00e9cie do tubar\u00e3o e conforme determinadas situa\u00e7\u00f5es particulares. Uma delas, onde talvez ocorra a maior demonstra\u00e7\u00e3o de voracidade e agressividade, costuma ser denominada \u201cfrenesi\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Esse padr\u00e3o de comportamento, se \u00e9 que se pode cham\u00e1-lo assim, ocorre usualmente na presen\u00e7a de grande quantidade de comida ou ap\u00f3s uma cat\u00e1strofe \u2013 naufr\u00e1gio de navio ou outro tipo de acidente \u2013 em \u00e1guas infestadas de tubar\u00f5es. Justamente porque esse comportamento \u00e9 bastante encorajado quando os tubar\u00f5es est\u00e3o em grande n\u00famero.<\/p>\n\n\n\n

O padr\u00e3o de frenesi \u00e9 muito irregular e n\u00e3o segue os padr\u00f5es normais de movimenta\u00e7\u00e3o durante as buscas por alimento. Durante o frenesi os tubar\u00f5es costumam nadar rapidamente para a superf\u00edcie para morder os objetos que estejam flutuando e, de maneira repentina, mergulham golpeando e mordendo vorazmente qualquer coisa que esteja ao seu alcance.<\/p>\n\n\n\n

Infelizmente, somente podemos estudar e conhecer o comportamento de ataque dos tubar\u00f5es atrav\u00e9s de relatos de casos reais onde a v\u00edtima sobreviveu ou havia a presen\u00e7a de um observador no local. Mesmo assim, na maioria das vezes as observa\u00e7\u00f5es e relatos s\u00f3 podem ser empregados de forma gen\u00e9rica, pois dificilmente a v\u00edtima ou o observador identificam ou fornecem informa\u00e7\u00f5es precisas para a identifica\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie agressora. Em muitos casos, os tubar\u00f5es agressores n\u00e3o s\u00e3o vistos pela v\u00edtima antes do ataque. Em outros, por\u00e9m, um comportamento agressivo, anterior ao ataque, tem sido observado pela v\u00edtima ou por um observador. Esse comportamento agressivo pode ser composto por diversas atitudes que demonstram sua inten\u00e7\u00e3o de ataque. Normalmente, o tubar\u00e3o costuma nadar para frente e para tr\u00e1s antes de dar uma \u201cpassada\u201d r\u00e1pida ou fazer uma investida \u00e0 v\u00edtima.<\/p>\n\n\n\n

Nesse momento, \u00e9 comum ele apresentar as peitorais apontadas para baixo e a metade posterior do corpo curvada para cima, e empreender um nado firme com todo o corpo, onde sua cabe\u00e7a e cauda se agitam em um mesmo padr\u00e3o. Pequenas batidas ou colis\u00f5es violentas no corpo da v\u00edtima j\u00e1 foram reportadas. Toda essa atividade pode ser denominada comportamento combativo. Apresentando ou n\u00e3o um comportamento combativo, o ataque de um tubar\u00e3o \u00e9 algo bastante dif\u00edcil de se prever. Por isso, torna-se praticamente imposs\u00edvel determinar o momento exato da aproxima\u00e7\u00e3o de ataque, ou ainda, se o mesmo realmente se dar\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Dois tipos de comportamento j\u00e1 relatados ilustram bem essa imprevisibilidade comportamental diante das mais diversas situa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Alguns tubar\u00f5es j\u00e1 foram observados atacando uma s\u00f3 pessoa em meio a um grupo de banhistas e, ainda, atra\u00eddos pelo sangue da v\u00edtima, continuando a atacar apenas aquela pessoa, nem mesmo aqueles que tentavam resgat\u00e1-la. Outros foram vistos chegando pr\u00f3ximo de mergulhadores, para \u201cdar uma olhada\u201d e logo depois nadando para longe.<\/p>\n\n\n\n

Apesar de a maioria dos ataques de tubar\u00e3o acontecer sem nenhuma provoca\u00e7\u00e3o \u2013 algo em torno de 86% \u2013, um n\u00famero significante deles se d\u00e1 atrav\u00e9s de encontros provocados, como arpoar ou mexer com um tubar\u00e3o, segurar sua cauda, oferecer comida, bloquear sua passagem ou qualquer outra forma de molesta\u00e7\u00e3o. N\u00e3o seria demais dizer que a\u00e7\u00f5es desse tipo devem ser evitadas, pois mesmo aquelas esp\u00e9cies que parecem inofensivas s\u00e3o bastante fortes e podem se mover com extrema rapidez – o menor dos ca\u00e7\u00f5es \u00e9 capaz de infligir s\u00e9rios danos ao homem quando provocado e um grupo de pequenos ca\u00e7\u00f5es pode causar mais estragos do que um \u00fanico esp\u00e9cime grande.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 importante mencionar que os ataques n\u00e3o-provocados acontecem quase sempre quando a v\u00edtima est\u00e1 desatenta. Por isso, \u00e9 essencial lembrar de que h\u00e1 certas atitudes e circunst\u00e2ncias que encorajam o ataque de um tubar\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

INSTITUTO ECOL\u00d3GICO AQUALUNG
www.institutoaqualungcom.br
instaqua@uol.com.br<\/p>\n\n\n\n

PROJETO TUBAR\u00d5ES NO BRASIL – PROTUBA
www.institutoaqualung.com.br\/protuba.html<\/p>\n\n\n\n

Marcelo Szpilman – Bi\u00f3logo Marinho, Diretor do Instituto Ecol\u00f3gico Aqualung; Diretor do Projeto Tubar\u00f5es no Brasil (PROTUBA)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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