{"id":126,"date":"2009-02-10T16:15:24","date_gmt":"2009-02-10T16:15:24","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:31:28","modified_gmt":"2021-07-10T23:31:28","slug":"meio_seculo_de_lutas_uma_visao_historica_da_agua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/meio_seculo_de_lutas_uma_visao_historica_da_agua.html","title":{"rendered":"Meio S\u00e9culo de Lutas: Uma Vis\u00e3o Hist\u00f3rica da \u00c1gua"},"content":{"rendered":"\n
\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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Em 1949, a Confer\u00eancia Cient\u00edfica das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Conserva\u00e7\u00e3o e Utiliza\u00e7\u00e3o dos Recursos Naturais reuniu, pela primeira vez, cientistas e expertos de todas as regi\u00f5es do Planeta para analisarem a gest\u00e3o dos recursos naturais num mundo que vinha de sofrer a devastadora II Guerra Mundial. Nessa ocasi\u00e3o n\u00e3o foram abordados temas fundamentais como a degrada\u00e7\u00e3o dos oceanos, rios e mares, a contamina\u00e7\u00e3o industrial, a gest\u00e3o de dejetos perigosos, a migra\u00e7\u00e3o rural para centros urbanos, as mudan\u00e7as climatol\u00f3gicas e o desenvolvimento nuclear.<\/p>\n\n\n\n

Um outro antecedente de grande import\u00e2ncia foi o Ano Geof\u00edsico Internacional, patrocinado pela UNESCO entre 1957 e 1958. Esta iniciativa que contou com a participa\u00e7\u00e3o de outros setores do complexo da ONU, promoveu um sistema mundial de observa\u00e7\u00e3o da atmosfera superior, al\u00e9m de coordenar o estudo de zonas remotas, como por exemplo, a Ant\u00e1rtica. O Programa Biol\u00f3gico Internacional, desdobramento do Ano Geof\u00edsico Internacional, centrou as suas atividades durante um dec\u00eanio (1964-1974) estudando a produtividade biol\u00f3gica e o bem estar humano.<\/p>\n\n\n\n

Nos anos 60, o generalizado processo de descoloniza\u00e7\u00e3o, determinou o ingresso de um consider\u00e1vel n\u00famero de pa\u00edses recentemente emancipados, principalmente africanos, no cen\u00e1rio pol\u00edtico internacional. A conseq\u00fc\u00eancia direta desse fato foi a de que ganharam import\u00e2ncia, no debate multilateral, as quest\u00f5es relacionadas com o desenvolvimento econ\u00f4mico. Em 1964, foi realizado o primeiro grande f\u00f3rum de debates, tendo como tema fundamental as rela\u00e7\u00f5es entre com\u00e9rcio e industrializa\u00e7\u00e3o: a Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Com\u00e9rcio e Desenvolvimento – UNCTAD, onde a quest\u00e3o do uso das \u00e1guas mar\u00edtimas fora colocado do ponto de vista econ\u00f4mico e n\u00e3o como de um recurso natural a ser preservado.<\/p>\n\n\n\n

Com a entrada maci\u00e7a dos pa\u00edses em desenvolvimento nas decis\u00f5es internacionais, ficou evidente que a fenda que separava os pa\u00edses industrializados das economias perif\u00e9ricas, especificamente no debate multilateral e na quest\u00e3o ambiental, era muito mais profunda do que se imaginava. Durante o p\u00f3s Guerra os protagonistas dos debates eram um reduzido n\u00famero de representantes das pot\u00eancias hegem\u00f4nicas com alguns espectadores incidentais. A partir da UNCTAD a multiplica\u00e7\u00e3o das vozes fez sentir que as preocupa\u00e7\u00f5es ambientais estavam disseminadas em todo o Planeta.<\/p>\n\n\n\n

Tratado Ant\u00e1rtico<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Para ordenar esse debate internacional que, pela primeira vez depois da Revolu\u00e7\u00e3o Industrial, escapava das fronteiras tradicionais, as pot\u00eancias industriais passaram a adotar uma estrat\u00e9gia normativa. O final dos anos 60 e, sobretudo, a d\u00e9cada posterior, est\u00e3o marcados pela realiza\u00e7\u00e3o de grandes encontros internacionais sob o patroc\u00ednio da ONU.<\/p>\n\n\n\n

Em 1961, um instrumento jur\u00eddico internacional inaugurou uma nova vis\u00e3o no campo da colabora\u00e7\u00e3o internacional ao ser assinado o Tratado Ant\u00e1rtico, no qual se determinou o uso pac\u00edfico do Continente Branco. O Brasil assinou o Tratado em 1976.<\/p>\n\n\n\n

Como a opini\u00e3o p\u00fablica internacional estava influenciada nos anos 60\/70 pelo debate generalizado de todas as quest\u00f5es internacionais, o movimento ambientalista mundial buscava propor formas alternativas de organiza\u00e7\u00e3o social e de comportamento em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 natureza. A quest\u00e3o do meio ambiente transformou-se num fato pol\u00edtico imposs\u00edvel de se ignorar. Nos pa\u00edses europeus o \u201cpol\u00edtico verde\u201d come\u00e7ou a ganhar espa\u00e7os nos poderes legislativos e, em alguns casos, at\u00e9 nos executivos municipais.<\/p>\n\n\n\n

A id\u00e9ia de organizar um encontro mundial para discutir os problemas ambientais se consolidou ao final da d\u00e9cada de 60. Em 1968, o Conselho Econ\u00f4mico e Social das Na\u00e7\u00f5es Unidas, sugeriu a realiza\u00e7\u00e3o de uma confer\u00eancia mundial para tratar dos problemas ambientais. <\/p>\n\n\n\n

Os debates continuaram at\u00e9 1971, quando a Comiss\u00e3o Econ\u00f4mica para a Europa, organismo da ONU, promoveu o Simp\u00f3sio sobre Problemas Relativos ao Meio Ambiente, realizado em Praga, Tchecoslov\u00e1quia. O documento afirma que as medidas disciplinares podiam se \u201cconstituir num primeiro passo de controle ambiental\u201d. Era a primeira vez que se falava concretamente em termos de puni\u00e7\u00f5es para com os poluidores.<\/p>\n\n\n\n

Estas conclus\u00f5es tiveram que percorrer alguns caminhos antes de serem formuladas no seio da ONU. Em 1970, durante o Simp\u00f3sio das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre a Desorganiza\u00e7\u00e3o do Meio Ambiente, realizado em T\u00f3quio, o bloco latino-americano deixou bem claro que existia uma correla\u00e7\u00e3o entre o grau de contamina\u00e7\u00e3o ambiental e a natureza do sistema s\u00f3cio-econ\u00f4mico vigente.<\/p>\n\n\n\n

Direito do Mar<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Tr\u00eas anos antes, na Assembl\u00e9ia Geral da ONU, em 1967, iniciou-se um novo tipo de di\u00e1logo, que culminaria na Assembl\u00e9ia-Geral de 1970 ao consolidar o conceito de que determinados recursos naturais s\u00e3o \u201cPatrim\u00f4nio Comum da Humanidade\u201d. Esta nova vis\u00e3o do entorno come\u00e7ou em 1967 com os debates internacionais sobre os recursos dos fundos marinhos. A n\u00e3o-aceita\u00e7\u00e3o do que fora estabelecido em diversos acordos internacionais sobre os assuntos do mar, dava mostras de que o mundo procurava uma nova ordem pol\u00edtica e ambiental. Foi assim, em face dessa necessidade que, em 1973, deu-se in\u00edcio a uma Confer\u00eancia sobre o Direito do Mar. Em Dezembro de 1982, em Montego Bay, Jamaica, a Confer\u00eancia colocou para assinatura a Conven\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre o Direito do Mar. O Brasil ratificou a Conven\u00e7\u00e3o em Dezembro de 1988.<\/p>\n\n\n\n

Confer\u00eancia de Estocolmo<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Assembl\u00e9ia-Geral da ONU, em 1971, decidiu convocar para 1972 em Estocolmo, Su\u00e9cia, a Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre o Ambiente Humano, primeiro grande evento a analisar e avaliar a tem\u00e1tica ambiental do ponto de vista \u201cambientalmente correto\u201d. Esta confer\u00eancia consolidou as bases da moderna pol\u00edtica ambiental adotada por todos os pa\u00edses, com maior ou menor rigor, nas suas legisla\u00e7\u00f5es particulares.<\/p>\n\n\n\n

No \u00e1pice das lutas ecologistas geradas pelo movimento anti-nuclear da d\u00e9cada de 60, a Confer\u00eancia de Estocolmo foi um referencial que gerou o principal estudo da situa\u00e7\u00e3o ambiental no mundo: o Relat\u00f3rio Brundtland.<\/p>\n\n\n\n

Como decorr\u00eancia da Confer\u00eancia de Estocolmo, em 1983, foi estabelecida, na ONU, a Comiss\u00e3o Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela ent\u00e3o Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Seu objetivo, em linhas gerais, era o de reexaminar a quest\u00e3o ambiental inter-relacionando-a com a quest\u00e3o do desenvolvimento e, al\u00e9m disso, propor um Programa de A\u00e7\u00e3o em n\u00edvel mundial. Quatro anos depois, em Abril de 1987, foi publicado o informe final denominado \u201cNosso Futuro Comum\u201d. Uma vez aprovado o relat\u00f3rio, a ONU emitiu uma resolu\u00e7\u00e3o dando prosseguimento aos trabalhos da Comiss\u00e3o. Depois de ser publicado e antes de ser apresentado perante a ONU, o informe \u201cNosso Futuro Comum\u201d, tamb\u00e9m conhecido como Relat\u00f3rio Brundtland, foi analisado por presidentes, primeiros-ministros, chefes de Estado e outras altas autoridades de mais de 100 pa\u00edses, que adotaram as suas recomenda\u00e7\u00f5es e, dentro da realidade de cada uma das na\u00e7\u00f5es, aplicaram o seu conte\u00fado nos programas ambientais nacionais.<\/p>\n\n\n\n

Confer\u00eancia de Mar del Plata<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Com o caminho aberto pela Confer\u00eancia do Mar, a ONU decidiu convocar a I Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre a \u00c1gua que foi realizada em Mar\u00e7o de 1977, em Mar del Plata, Argentina. Esta Confer\u00eancia foi o primeiro encontro especializado para tratar os problemas da \u00e1gua. O crescente consumo de \u00e1gua em dimens\u00e3o planet\u00e1ria e a press\u00e3o exercida pelas institui\u00e7\u00f5es oficiais sobre os recursos h\u00eddricos em algumas \u00e1reas, indicavam o surgimento de uma crise de \u00e1gua em m\u00e9dio prazo que s\u00f3 poderia ser atenuada mediante a ado\u00e7\u00e3o de programas de gerenciamento integrado desses recursos. O Plano de A\u00e7\u00e3o de Mar del Plata, foi considerado o mais completo documento referencial sobre recursos h\u00eddricos, at\u00e9 a elabora\u00e7\u00e3o do cap\u00edtulo espec\u00edfico sobre a \u00e1gua da Agenda 21.<\/p>\n\n\n\n

O n\u00famero de participantes foi bastante reduzido e esteve composto, basicamente, por t\u00e9cnicos e alguns poucos pol\u00edticos, n\u00e3o houve participa\u00e7\u00e3o da sociedade civil. Neste encontro tamb\u00e9m se aprovou uma recomenda\u00e7\u00e3o apresentada pela Confer\u00eancia da ONU sobre Assentamentos Humanos – HABITAT, realizada um ano antes, em 1976, em Vancouver, Canad\u00e1, na qual se solicitou a todos os pa\u00edses \u201cfazerem esfor\u00e7os\u201d para fornecer \u00e1gua pot\u00e1vel e servi\u00e7os de saneamento adequados \u201cpara todos\u201d at\u00e9 1990.<\/p>\n\n\n\n

Dec\u00eanio da \u00c1gua<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O Dec\u00eanio Internacional do Fornecimento de \u00c1gua Pot\u00e1vel e Saneamento foi proclamado pela ONU em Novembro de 1980. Contou com uma ativa participa\u00e7\u00e3o de governos e ag\u00eancias internacionais, tanto no sentido t\u00e9cnico como financeiro. Este movimento universal teve por finalidade melhorar e promover a cobertura dos servi\u00e7os de \u00e1gua pot\u00e1vel e de saneamento b\u00e1sico para o maior n\u00famero de pessoas poss\u00edvel, especialmente os setores localizados nos sub\u00farbios das cidades ou nas \u00e1reas rurais.<\/p>\n\n\n\n

Dez anos depois do lan\u00e7amento da D\u00e9cada da \u00c1gua, em Setembro de 1990, em Nova D\u00e9lhi, \u00cdndia, as conclus\u00f5es apresentadas, sobre esta iniciativa, demonstraram que as expectativas foram frustradas pelos resultados inferiores aos previstos. Mas houve alguns resultados positivos: nos dez anos que separam o encontro de Mar del Plata do de Nova D\u00e9lhi, os profissionais do setor da engenharia sanit\u00e1ria aprimoraram os seus conhecimentos; doen\u00e7as end\u00eamicas de veicula\u00e7\u00e3o h\u00eddrica foram minimizadas ou erradicadas do quadro geral da sa\u00fade. A OMS e a OPS estiveram absolutamente compromissadas com o Dec\u00eanio e forneceram apoio aos pa\u00edses na formula\u00e7\u00e3o das pol\u00edticas de sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

Com esse objetivo foi criada, no seio da OPS, coincidindo com o in\u00edcio da D\u00e9cada da \u00c1gua, a Rede Pan-americana de Informa\u00e7\u00e3o em Sa\u00fade Ambiental. Esta Rede procurou satisfazer n\u00e3o somente a demanda de informa\u00e7\u00e3o em todos os n\u00edveis, como tamb\u00e9m incentivar a dissemina\u00e7\u00e3o das informa\u00e7\u00f5es em toda a Am\u00e9rica Latina e Caribe. Mesmo com a cria\u00e7\u00e3o da Rede, as informa\u00e7\u00f5es ficaram limitadas \u00e0s organiza\u00e7\u00f5es de classe e \u00e0s secretarias de obras e servi\u00e7os p\u00fablicos que nessa \u00e9poca centralizavam em quase todos os pa\u00edses a quest\u00e3o da \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

Confer\u00eancia de Dublin<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A segunda grande Confer\u00eancia Internacional sobre \u00c1gua e Meio Ambiente organizada pela ONU realizou-se em Dublin, Irlanda, em Janeiro de 1992, isto \u00e9, poucos meses antes da Confer\u00eancia do Rio, de Junho de 92. A Confer\u00eancia de Dublin, que foi tamb\u00e9m preparat\u00f3ria da RIO\u201992, teve uma grande repercuss\u00e3o tanto pela quantidade de participantes oficiais quanto pelo n\u00famero de pa\u00edses e ONGs envolvidas no encontro. Os experts ali reunidos consideraram, pela primeira vez, que a situa\u00e7\u00e3o dos recursos h\u00eddricos caminhava de forma bastante dram\u00e1tica para um ponto cr\u00edtico.<\/p>\n\n\n\n

A Declara\u00e7\u00e3o de Dublin registra, de forma inovadora, um enfoque radicalmente novo sobre a avalia\u00e7\u00e3o, aproveitamento e gest\u00e3o dos recursos h\u00eddricos, principalmente da \u00e1gua doce. Nela afirma-se que esta otimiza\u00e7\u00e3o somente pode se obter mediante um compromisso pol\u00edtico e a participa\u00e7\u00e3o dos mais altos n\u00edveis dos governos em conjunto com a sociedade civil, com as comunidades envolvidas. Os participantes da Confer\u00eancia de Dublin produziram recomenda\u00e7\u00f5es e um programa de a\u00e7\u00e3o sob o t\u00edtulo de \u201cA \u00c1gua e o Desenvolvimento Sustent\u00e1vel\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O primeiro Princ\u00edpio da Declara\u00e7\u00e3o de Dublin afirma que: \u201ca \u00e1gua doce \u00e9 um recurso finito e vulner\u00e1vel, essencial para garantir a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Dublin foi um verdadeiro marco na hist\u00f3ria ambiental e um celeiro de informa\u00e7\u00f5es para os jornalistas especializados em temas ambientais. Nesse encontro se explicitou muito claramente a rela\u00e7\u00e3o entre a \u00e1gua e a diminui\u00e7\u00e3o da pobreza e das doen\u00e7as; a prote\u00e7\u00e3o e as medidas de prote\u00e7\u00e3o contra os desastres naturais; a conserva\u00e7\u00e3o e o reaproveitamento da \u00e1gua; o desenvolvimento urbano sustent\u00e1vel; a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola e o fornecimento de \u00e1gua pot\u00e1vel ao meio rural; a prote\u00e7\u00e3o dos sistemas aqu\u00e1ticos e as quest\u00f5es transfronteiri\u00e7as e se reconheceu a exist\u00eancia de conflitos geopol\u00edticos derivados da posse das bacias hidrogr\u00e1ficas.<\/p>\n\n\n\n

F\u00f3rum Mundial da \u00c1gua<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A cada tr\u00eas anos, se re\u00fanem no F\u00f3rum Mundial da \u00c1gua representantes governamentais, de organiza\u00e7\u00f5es internacionais, de ONGs, de institui\u00e7\u00f5es financeiras e de ind\u00fastrias, al\u00e9m de cientistas, especialistas em assuntos h\u00eddricos, empres\u00e1rios e acad\u00eamicos. Nesta ocasi\u00e3o, na convoca\u00e7\u00e3o de Kyoto, participam como delegados mais de 5.000 especialistas e pol\u00edticos, inclusive Ministros de Estado. Para cobertura do encontro se registraram mais de 3.000 jornalistas e foi criado um mecanismo de debate na Internet denominado Water Media Network.<\/p>\n\n\n\n

A id\u00e9ia deste encontro internacional surgiu em 1996 no \u00e2mbito do Conselho Mundial de \u00c1gua, para discutir os principais assuntos relacionados com a gest\u00e3o de recursos h\u00eddricos. O I F\u00f3rum realizou-se em 1997, em Marraquech, Marrocos e o II F\u00f3rum em Haia, Holanda, em 2000. O III F\u00f3rum Mundial da \u00c1gua ocorre concomitantemente em tr\u00eas cidades japonesas (Kyoto, Shiga e Osaka) no per\u00edodo de 16 a 23 de mar\u00e7o de 2003.<\/p>\n\n\n\n

O F\u00f3rum discute as a\u00e7\u00f5es tomadas pelos diferentes pa\u00edses para implementar o manejo integrado dos recursos h\u00eddricos e busca solu\u00e7\u00f5es que permitam \u00e0 comunidade internacional atingir os objetivos da Declara\u00e7\u00e3o do Mil\u00eanio realizada em Setembro de 2000, em Nova Iorque, durante a 55\u00aa Sess\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas e os da C\u00fapula Mundial sobre Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, realizada em Johanesburgo, em Setembro de 2002, que buscam reduzir pela metade, at\u00e9 2015, o n\u00famero de pessoas sem acesso a \u00e1gua pot\u00e1vel e a saneamento b\u00e1sico.<\/p>\n\n\n\n

No segmento Ministerial do F\u00f3rum, 5 mesas-redondas tem\u00e1ticas, tratar\u00e3o especificamente os seguintes pontos:<\/p>\n\n\n\n

1) \u00e1gua pot\u00e1vel e saneamento;<\/p>\n\n\n\n

2) \u00e1gua para a produ\u00e7\u00e3o de alimentos e desenvolvimento rural;<\/p>\n\n\n\n

3) preven\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o e conserva\u00e7\u00e3o de ecossistemas;<\/p>\n\n\n\n

4) mitiga\u00e7\u00e3o de desastres e gest\u00e3o de risco; e<\/p>\n\n\n\n

5) gest\u00e3o dos recursos h\u00eddricos e compartilhamento de seus benef\u00edcios. Est\u00e1 prevista ainda sess\u00e3o plen\u00e1ria para apresenta\u00e7\u00e3o dos relat\u00f3rios das mesas-redondas, bem como o exame e ado\u00e7\u00e3o de \u201cDeclara\u00e7\u00e3o Ministerial\u201d a ser assinada por mais de 100 Ministros.<\/p>\n\n\n\n

Os Ministros participar\u00e3o ainda de um \u201cdi\u00e1logo\u201d multissetorial com representantes dos diferentes setores presentes no F\u00f3rum. Al\u00e9m da \u201cDeclara\u00e7\u00e3o Ministerial\u201d, o III F\u00f3rum dever\u00e1 aprovar documento intitulado \u201cPrograma de A\u00e7\u00f5es para a \u00c1gua\u201d, uma compila\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00f5es concretas de governos e organiza\u00e7\u00f5es internacionais voluntariamente submetidas aos organizadores do evento.<\/p>\n\n\n\n

A delega\u00e7\u00e3o do Brasil contou com a participa\u00e7\u00e3o de representantes do Itamaraty, do Minist\u00e9rio do Meio Ambiente e do Minist\u00e9rio de Ci\u00eancia e Tecnologia, bem como do Diretor-Presidente e do Diretor da Ag\u00eancia Nacional da \u00c1gua – ANA, Jerson Kelman. O Brasil ser\u00e1 representado, no segmento ministerial, pelo Secret\u00e1rio Nacional de Recursos H\u00eddricos, Jo\u00e3o Bosco Senra.<\/p>\n\n\n\n

Na realidade, as discuss\u00f5es em torno dos temas a serem tratados no III F\u00f3rum Mundial da \u00c1gua j\u00e1 foram objeto de estudos pr\u00e9vios em encontros internacionais, entre os quais merecem destaque o IV Dialogo Inter-Americano de Recursos H\u00eddricos, realizado em Foz do Igua\u00e7u em 2000, a Confer\u00eancia Internacional sobre \u00c1gua Doce, realizada em Bonn, Alemanha, em Dezembro de 2001, e a C\u00fapula Mundial sobre Desenvolvimento Sustent\u00e1vel de Johanesburgo, em Setembro de 2002.<\/p>\n\n\n\n

Ano Internacional da \u00c1gua Doce<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A Assembl\u00e9ia-Geral da ONU declarou o ano 2003 como Ano Internacional da \u00c1gua Doce. A resolu\u00e7\u00e3o, produto de uma iniciativa do governo do Tajiquist\u00e3o, foi adotada em 20 de Dezembro de 2000, tendo sido apoiada por 148 pa\u00edses. O texto da resolu\u00e7\u00e3o convida aos Governos, ao sistema da ONU e aos outros atores a aproveitarem esta oportunidade para sensibilizar a opini\u00e3o p\u00fablica sobre a import\u00e2ncia do uso e da gest\u00e3o dos recursos h\u00eddricos. Esta resolu\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m faz um apelo aos governos, organiza\u00e7\u00f5es nacionais e internacionais, ONGs e ao setor privado para que juntos contribuam de forma volunt\u00e1ria na promo\u00e7\u00e3o do Ano Internacional da \u00c1gua Doce.<\/p>\n\n\n\n

A divulga\u00e7\u00e3o no dia 22 de Mar\u00e7o, Dia Internacional da \u00c1gua, do Relat\u00f3rio Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos H\u00eddricos \u2013 \u00c1gua para as Pessoas, \u00c1gua para a Vida durante o III F\u00f3rum Mundial da \u00c1gua de Kyoto representa um dos pontos altos do encontro.<\/p>\n\n\n\n

O Relat\u00f3rio oferece uma vis\u00e3o mais completa e atualizada sobre o estado em que se encontram os recursos h\u00eddricos nos dias de hoje. Este documento, que representa a mais importante contribui\u00e7\u00e3o intelectual para o F\u00f3rum e para o Ano Internacional da \u00c1gua Doce, foi coordenado pela UNESCO.<\/p>\n\n\n\n

Para que este relat\u00f3rio fosse escrito, um total de 23 \u00e1reas que tratam da quest\u00e3o da \u00e1gua no sistema da ONU participaram da cria\u00e7\u00e3o do documento. Pela primeira vez se reuniram para poder monitorar o progresso alcan\u00e7ado na luta empreendida para atingir os objetivos relacionados \u00e0 \u00e1gua nos campos da sa\u00fade, alimenta\u00e7\u00e3o, ecossistemas, cidades, ind\u00fastria, energia, gest\u00e3o de risco, avalia\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, divis\u00e3o de recursos e governan\u00e7a.  <\/p>\n\n\n\n

Ren\u00e9 Capriles – Editor da ECO 21
\nFonte: Revista ECO 21<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"