{"id":124,"date":"2009-02-10T15:37:04","date_gmt":"2009-02-10T15:37:04","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:31:28","modified_gmt":"2021-07-10T23:31:28","slug":"mexilhao_dourado_no_pantanal_um_problema_ambiental_e_economico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/mexilhao_dourado_no_pantanal_um_problema_ambiental_e_economico.html","title":{"rendered":"Mexilh\u00e3o Dourado no Pantanal: um problema ambiental e econ\u00f4mico"},"content":{"rendered":"\n

A navega\u00e7\u00e3o e a introdu\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A invas\u00e3o de esp\u00e9cies ex\u00f3ticas \u00e9 uma grande amea\u00e7a \u00e0 integridade dos ecossistemas aqu\u00e1ticos. O uso de \u201c\u00e1gua de lastro\u201d nos grandes navios, para obter maior estabilidade, tem sido um eficiente meio de dispers\u00e3o de organismos marinhos e de \u00e1gua doce para outros ecossistemas. O transporte entre pa\u00edses distantes pode provocar a homogeniza\u00e7\u00e3o da flora e da fauna, o que compromete a biodiversidade, o meio ambiente e a sa\u00fade humana. Em todo o mundo s\u00e3o transferidas anualmente cerca de 10 bilh\u00f5es de toneladas de \u00e1gua de lastro contendo cerca de tr\u00eas mil esp\u00e9cies de plantas e animais.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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Ocorr\u00eancia do Bivalve Limnoperna fortunei no Pantanal<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os rios Paraguai e Paran\u00e1 formam a Bacia do Prata, a segunda maior bacia fluvial da Am\u00e9rica do Sul e a quarta do mundo. A navega\u00e7\u00e3o \u00e9 um sistema importante de transporte capaz de integrar as economias dos cinco pa\u00edses desta Bacia (Brasil, Bol\u00edvia, Argentina, Paraguai e Uruguai). Atrav\u00e9s da navega\u00e7\u00e3o o mexilh\u00e3o dourado, Limnoperna fortunei (Bivalvia, Mitylidae), chegou na Argentina, onde \u00e9 observado desde 1991. \u00c9 um bivalve pequeno, cerca de 3 cm, origin\u00e1rio dos rios Asi\u00e1ticos, em especial da China. Em 1998 foi observado no Pantanal Mato-grossense seguindo a rota da navega\u00e7\u00e3o. Inicialmente foi observado no material do fundo de uma lagoa ligada ao rio Paraguai, a Baia do Tuiui\u00fa (18\u00ba49\u201918\u201dS e 57\u00ba39\u201913\u201dW), pr\u00f3ximo a Corumb\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Em janeiro de 1999, o mexilh\u00e3o dourado foi observado no rio Paraguai, em Forte Coimbra, onde as rochas expostas, devido ao baixo n\u00edvel da \u00e1gua, estavam totalmente cobertas pelo bivalve. Ao norte, na regi\u00e3o de Bela Vista do Norte (17\u00ba38\u201904\u201dS e 57\u00ba41\u201945\u201dW), foi observada intensa coloniza\u00e7\u00e3o numa forma\u00e7\u00e3o rochosa na margem do rio Paraguai. Foi observado em ba\u00edas ligadas ao rio Paraguai, como a Ba\u00eda do Castelo e Ga\u00edva.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 tamb\u00e9m registros para o Canal do Tamengo (10\u00ba59\u2019S e 57\u00ba40\u2019W), um canal de liga\u00e7\u00e3o entre a Bol\u00edvia e o Brasil. Podendo ser considerado presente na Bol\u00edvia. Desta forma, o bivalve j\u00e1 pode ser considerado presente praticamente em toda a \u00e1rea do Pantanal e tende a se espalhar ainda mais pela plan\u00edcie levado pelas inunda\u00e7\u00f5es anuais. A coloniza\u00e7\u00e3o ocorre nos mais diversos ambientes: rios, canais, corixos, ba\u00edas, de 10 cm a mais de 5m de profundidade, sobre diferentes substratos (rochas, madeira, metais, cascos de barcos, pl\u00e1sticos, tubula\u00e7\u00f5es). Por exemplo, os bivalves se fixaram nas telas de tanques-rede utilizados para piscicultura no rio Paraguai, prejudicando a limpeza dos mesmos.<\/p>\n\n\n\n

Dequada: fator regulador do bivalve no Pantanal?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Em 2001, foram instalados substratos artificiais no rio Paraguai para estudar a forma de coloniza\u00e7\u00e3o e densidade dos indiv\u00edduos, acompanhados tamb\u00e9m atrav\u00e9s do estudo de larvas.<\/p>\n\n\n\n

Quando os organismos fixados nos substratos j\u00e1 apresentavam cerca de 1 cm, a concentra\u00e7\u00e3o de oxig\u00eanio dissolvido baixou para de aproximadamente 60,0 mg\/L para 0,0mg\/L (fen\u00f4meno natural de \u201cdequada\u201d), o que exterminou a popula\u00e7\u00e3o colonizada. Esse fato indica que baixas concentra\u00e7\u00f5es de oxig\u00eanio dissolvido poder\u00e1 ser um fator limitante do desenvolvimento da popula\u00e7\u00e3o no Pantanal, visto que o fen\u00f4meno de \u201cdequada\u201d ocorre todos os anos durante a fase de enchente, em menor ou maior intensidade.<\/p>\n\n\n\n

As pesquisas realizadas pela Embrapa Pantanal est\u00e3o sendo financiadas pelo CNPq e pela Funda\u00e7\u00e3o Estadual de MS (FUNDECT). Em mar\u00e7o de 2003, foi realizado um semin\u00e1rio em Corumb\u00e1 (MS), envolvendo a comunidade Corumbaense, os empres\u00e1rios do turismo e da navega\u00e7\u00e3o no Pantanal, com o objetivo de inform\u00e1-los e levantar mais informa\u00e7\u00f5es sobre os preju\u00edzos que o mexilh\u00e3o j\u00e1 tem causado no Pantanal. Foi constatado que o mexilh\u00e3o entra no sistema de refrigera\u00e7\u00e3o dos motores das embarca\u00e7\u00f5es impedindo que a \u00e1gua circule, causa superaquecimento do motor, que pode fundir.<\/p>\n\n\n\n

A partir de 2002 foi implantado outro projeto para conhecer a distribui\u00e7\u00e3o do mexilh\u00e3o no Brasil, coordenado pela IEAPM\/Marinha do Brasil, no Programa Globallast\/MMA. As informa\u00e7\u00f5es obtidas nestes projetos ser\u00e3o importantes para mapear a distribui\u00e7\u00e3o, evitar sua dispers\u00e3o para outros rios do Brasil e, conhecer os preju\u00edzos causados e gerar conhecimento para estabelecer medidas de controle, tendo em vista os preju\u00edzos econ\u00f4micos causados pela bioincrusta\u00e7\u00e3o em instala\u00e7\u00f5es de usinas hidrel\u00e9tricas, como a Itaipu Binaci<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Marcia Divina de Oliveira (mmarcia@cpap.embrapa.br) \u00e9 pesquisadora da Embrapa Pantanal na \u00e1rea de limnologia e Luciano Fernandes de Barros (lubarros@cpap.embrapa.br) \u00e9 Bi\u00f3logo e bolsista do Programa PELD\/CNPq.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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