{"id":1131,"date":"2009-01-23T11:41:10","date_gmt":"2009-01-23T11:41:10","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:33:48","modified_gmt":"2021-07-10T23:33:48","slug":"a_posicao_do_brasil_frente_ao_novo_ambiente_mundial","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/energia\/artigos_energia\/a_posicao_do_brasil_frente_ao_novo_ambiente_mundial.html","title":{"rendered":"A posi\u00e7\u00e3o do Brasil frente ao novo ambiente mundial"},"content":{"rendered":"\n

A \u00eanfase dada ao novo papel do Brasil no contexto internacional tendo em vista essas circunst\u00e2ncias encontra, por\u00e9m, do nosso lado, graves car\u00eancias estruturais como conseq\u00fc\u00eancia de pol\u00edticas de destrui\u00e7\u00e3o da estrutura do Estado nacional. Delas resultaram a elimina\u00e7\u00e3o dos poucos instrumentos de que disp\u00fanhamos para atua\u00e7\u00e3o no mercado externo.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n

<\/span><\/div>\n\n\n\n

Assim, foram fechados a Interbr\u00e1s, com elevado poder de barganha internacional como principal compradora individual de petr\u00f3leo no mundo, o Instituto do A\u00e7\u00facar e do \u00c1lcool – IAA, que atuava nas exporta\u00e7\u00f5es de a\u00e7\u00facar e \u00e1lcool, e o Instituto Brasileiro do Caf\u00e9 – IBC, na \u00e1rea do caf\u00e9. Nem nas \u00e1reas dos principais produtos de exporta\u00e7\u00e3o dispomos mais de instrumentos para promover o com\u00e9rcio externo.<\/p>\n\n\n\n

Para poder levar avante com sucesso esse ambicioso programa de alian\u00e7as externas \u00e9 crucial consolidar a situa\u00e7\u00e3o interna com a amplia\u00e7\u00e3o do mercado consumidor, eliminando a mis\u00e9ria existente, as odiosas desigualdades e criando v\u00e1rios milh\u00f5es de novos postos de trabalho.<\/p>\n\n\n\n

Isto ser\u00e1 poss\u00edvel, inicialmente, com a implementa\u00e7\u00e3o de um projeto para a substitui\u00e7\u00e3o dos combust\u00edveis f\u00f3sseis importados – petr\u00f3leo, g\u00e1s de petr\u00f3leo e carv\u00e3o mineral -, por energ\u00e9ticos renov\u00e1veis e limpos de origem vegetal locais. Isso permitir\u00e1 construir, com meios pr\u00f3prios, as infra-estruturas necess\u00e1rias \u00e0 produ\u00e7\u00e3o e distribui\u00e7\u00e3o de produtos energ\u00e9ticos de exporta\u00e7\u00e3o tornados poss\u00edveis por essas alian\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

Elas promover\u00e3o tamb\u00e9m o esvaziamento das megal\u00f3poles brasileiras, devido \u00e0 cria\u00e7\u00e3o de um grande n\u00famero de postos de trabalho no campo e, de modo evidente, representa uma real contribui\u00e7\u00e3o para reduzir as quest\u00f5es de falta de seguran\u00e7a que tanto afligem os habitantes das grandes cidades, constituindo-se em um dos mais graves problemas da atualidade.<\/p>\n\n\n\n

A maior altera\u00e7\u00e3o interna, por\u00e9m, relaciona-se com a mudan\u00e7a do modelo econ\u00f4mico dependente de pacotes tecnol\u00f3gicos que nos colonizou nos \u00faltimos cinq\u00fcenta anos ao nos retirar as op\u00e7\u00f5es de valoriza\u00e7\u00e3o comparativa de nossos fatores de produ\u00e7\u00e3o. Com esse modelo, as decis\u00f5es s\u00e3o tomadas fora do pa\u00eds, no contexto desses pacotes tecnol\u00f3gicos, de acordo com seus interesses de origem.<\/p>\n\n\n\n

Esse modelo suicida reduz nossa capacidade de competir e n\u00e3o beneficia nossa economia com a vantagem resultante da escolha de formas energ\u00e9ticas nacionais abundantes e outros aspectos favor\u00e1veis a nossos interesses. S\u00e3o exemplos, a soberania e o poder nacionais, a sa\u00fade das popula\u00e7\u00f5es nas grandes cidades pela redu\u00e7\u00e3o dos poluidores f\u00f3sseis, o dom\u00ednio tecnol\u00f3gico interno em setor estrat\u00e9gico, entre muitos outros.<\/p>\n\n\n\n

O potencial brasileiro de biomassa n\u00e3o se limita a uma amplia\u00e7\u00e3o do Programa Nacional do \u00c1lcool – Pr\u00f3-\u00c1lcool mas a amplo espectro de a\u00e7\u00f5es, como:<\/p>\n\n\n\n

– enorme potencial de substitui\u00e7\u00e3o do \u00f3leo diesel de petr\u00f3leo por grande variedade de \u00f3leos vegetais. Somente na regi\u00e3o amaz\u00f4nica existem condi\u00e7\u00f5es para produzir cerca de oito milh\u00f5es de barris por dia de \u00f3leo de dend\u00ea \u2013 digamos que seja metade, j\u00e1 seria uma realiza\u00e7\u00e3o de peso mundial -, envolvendo milh\u00f5es de novos postos de trabalho, uma verdadeira \u201cmarcha para o Norte\u201d. Isto equivale a n\u00edveis de produ\u00e7\u00e3o permanentes pr\u00f3ximos do atual de petr\u00f3leo da Ar\u00e1bia Saudita.<\/p>\n\n\n\n

– a alta produtividade das florestas tropicais plantadas – acima de 50 est\u00e9reos por hectare-ano – al\u00e9m da produ\u00e7\u00e3o de celulose, permite a gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica por meio de termel\u00e9tricas a lenha, carv\u00e3o vegetal ou g\u00e1s de madeira, com elevado rendimento e baixo custo. Isto abre enorme possibilidade para \u201cfazendeiros florestais\u201d produzirem de modo descentralizado, enorme gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica. As \u00e1reas florestais devastadas seriam objeto de reflorestamento com alt\u00edssimas recompensas econ\u00f4micas e ambientais. Oitenta por cento do Estado do Paran\u00e1 tiveram suas florestas devastadas.<\/p>\n\n\n\n

Trinta por cento do Estado de Minas Gerais pode gerar cerca de 68 mil megawatts, o que equivale \u00e0 atual gera\u00e7\u00e3o brasileira. Tamb\u00e9m os rejeitos agr\u00edcolas abrem elevados potenciais.<\/p>\n\n\n\n

O baga\u00e7o de produtores de a\u00e7\u00facar e \u00e1lcool no Estado de S\u00e3o Paulo permitiria gerar o equivalente a 50% da pot\u00eancia de Itaipu – 100% com turbinas de alta efici\u00eancia -, sem necessidade das onerosas linhas de transmiss\u00e3o ou gasodutos, como o do g\u00e1s da Bol\u00edvia.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 30% do territ\u00f3rio brasileiro \u00e9 constitu\u00eddo por terras impr\u00f3prias para a agricultura, mas aptas \u00e0 explora\u00e7\u00e3o florestal. A utiliza\u00e7\u00e3o de metade dessa \u00e1rea, ou seja, 120 milh\u00f5es de hectares, com florestas energ\u00e9ticas permitiria a forma\u00e7\u00e3o sustentada do equivalente a cerca de cinco bilh\u00f5es de barris de petr\u00f3leo por ano, mais de duas vezes a produ\u00e7\u00e3o atual da Ar\u00e1bia Saudita.<\/p>\n\n\n\n

Com a produtividade m\u00e9dia de 6 mil litros por hectare-ano de \u00e1lcool et\u00edlico, chega-se \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de 50 bilh\u00f5es de litros por ano, ou seja, de 880 mil barris por dia, com apenas 1% de nosso territ\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

Extrapolando-se os exemplos concretos tirados da nossa realidade para um contexto internacional, pode-se afirmar que utilizando-se tecnologia atual, ou de desenvolvimento de f\u00e1cil previs\u00e3o, florestas e culturas energ\u00e9ticas do mundo tropical no continente brasileiro poderiam suprir, praticamente, todas as necessidades mundiais de combust\u00edveis s\u00f3lidos, l\u00edquidos e gasosos, bem como de eletricidade, por um per\u00edodo praticamente ilimitado.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 1946, toda a produ\u00e7\u00e3o de ferro gusa e a\u00e7o no Brasil estava baseada em carv\u00e3o vegetal. Ap\u00f3s esse ano, o desenvolvimento do parque sider\u00fargico nacional teve por base, principalmente, tecnologia japonesa, com a utiliza\u00e7\u00e3o do carv\u00e3o mineral importado, altamente poluidor. Criou-se assim uma dupla depend\u00eancia externa, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 tecnologia e ao insumo energ\u00e9tico.<\/p>\n\n\n\n

O esfor\u00e7o de desenvolvimento tecnol\u00f3gico do setor sider\u00fargico a carv\u00e3o vegetal teve no Brasil resultados significativos. Para produzir-se um milh\u00e3o de toneladas de a\u00e7o era necess\u00e1rio carv\u00e3o vegetal retirado de 370 mil hectares de florestas. Com o aperfei\u00e7oamento alcan\u00e7ado bastam apenas 130 mil ha. e j\u00e1 se prev\u00ea apenas 70 mil ha. para o futuro. Um aumento de coeficiente por um fator cinco! Ou seja, uma \u00e1rea de 2,2% num raio de 100 km.<\/p>\n\n\n\n

O mesocarpo do baba\u00e7u, carbono puro de alta resist\u00eancia mec\u00e2nica, \u00e9 excepcional como combust\u00edvel e redutor na grande siderurgia e metalurgia em geral. Contrap\u00f5e-se ao carv\u00e3o mineral importado, altamente poluidor, imposto pelos pacotes tecnol\u00f3gicos de origem externa.<\/p>\n\n\n\n

O modelo dependente de crescimento econ\u00f4mico brasileiro tenta reproduzir equa\u00e7\u00f5es industriais referidos a outras realidades por meio de pacotes estrangeiros, que imp\u00f5em fatores de produ\u00e7\u00e3o estranhos aos nossos. \u00c9 por isso inadequado, pois exige a mobiliza\u00e7\u00e3o de recursos financeiros, tecnol\u00f3gicos e industriais n\u00e3o dispon\u00edveis, enquanto ignora nossos fatores abundantes que fortalece nosso poder competitivo.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 exemplo disso o modelo sider\u00fargico japon\u00eas base das sider\u00fargicas brasileiras. Ele exige grandes sider\u00fargicas localizadas nas proximidades de grandes portos, pois tudo no Jap\u00e3o \u00e9 importado, o carv\u00e3o mineral altamente poluidor e o min\u00e9rio de ferro. No Brasil, devido \u00e0 abund\u00e2ncia e distribui\u00e7\u00e3o de min\u00e9rio de ferro e de carv\u00e3o vegetal, o modelo deveria fundamentar um grande n\u00famero de pequenas e m\u00e9dias sider\u00fargicas, limpas do ponto de vista ecol\u00f3gico e distribu\u00eddas conforme a proximidade do mercado, em vez dos poluidores monstrengos atuais que s\u00e3o justificados nas circunst\u00e2ncias japonesas, mas n\u00e3o no nosso caso.<\/p>\n\n\n\n

Os recursos b\u00e1sicos mobilizados por um programa energ\u00e9tico de biomassa (ou seja, o \u201cinvestimento inicial\u201d) s\u00e3o terra, \u00e1gua e m\u00e3o-de-obra, abundantes e subutilizadas no Brasil. Seu uso extensivo significa abrir oportunidades para sua valoriza\u00e7\u00e3o e promo\u00e7\u00e3o crescentes.<\/p>\n\n\n\n

A biomassa, mais que uma alternativa energ\u00e9tica constitui a base para um modelo de desenvolvimento tecnol\u00f3gico e industrial aut\u00f4nomo e auto-sustentado, baseado em dados concretos da realidade nacional e na integra\u00e7\u00e3o do Homem a um ambiente econ\u00f4mico em harmonia com o meio ambiente. Sua natureza espacialmente dispersa ocupando todo o territ\u00f3rio nacional levar\u00e1 \u00e0 revers\u00e3o do efeito centralizador do atual modelo e torna vi\u00e1vel uma distribui\u00e7\u00e3o mais uniforme da popula\u00e7\u00e3o no territ\u00f3rio, permitindo melhor organiza\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, social e pol\u00edtica do Pa\u00eds. Ademais, permite a ocupa\u00e7\u00e3o de perigosos v\u00e1cuos populacionais em grandes extens\u00f5es de nosso territ\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

A mais importante entidade ambiental, a norte-americana WorldWatch Institute, propugnou, no documento A Situa\u00e7\u00e3o do Mundo, de 1997, a cria\u00e7\u00e3o de organiza\u00e7\u00e3o de c\u00fapula mundial a ser formada pelos principais pa\u00edses relacionados com essas quest\u00f5es. Seria o grupo \u201cE-9\u201d (\u201cE\u201d de environment), mais poderoso que o atual G-8, que atua na \u00e1rea econ\u00f4mica-financeira.<\/p>\n\n\n\n

O E-9 seria composto por tr\u00eas superpot\u00eancias ambientais: os EUA, a maior pot\u00eancia industrial-militar e o maior poluidor; a China, segundo maior poluidor, com possibilidade de passar a ser rapidamente o principal, com um quinto da popula\u00e7\u00e3o do planeta, e o Brasil, continente tropical, \u00fanico n\u00e3o-predador do conjunto. Os outros seis pa\u00edses s\u00e3o: Alemanha, Jap\u00e3o, Indon\u00e9sia, Gr\u00e3-Bretanha, \u00cdndia e R\u00fassia.<\/p>\n\n\n\n

Note-se que os pa\u00edses que comp\u00f5em o E-9 s\u00e3o aqueles que t\u00eam cruciais problemas energ\u00e9ticos, ambientais e de mat\u00e9rias-primas em converg\u00eancia complementar com o Brasil. Excetuam-se dessa condi\u00e7\u00e3o os EUA e a Gr\u00e3-Bretanha, por motivos \u00f3bvios de liderarem o sistema financeiro internacional, do qual nos queremos livrar, e a Indon\u00e9sia, enorme arquip\u00e9lago do oceano Pac\u00edfico, sem grande rela\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica e cultural com o Brasil.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, 60% de nossa energia vem de fontes renov\u00e1veis, enquanto nos demais pa\u00edses pretendem chegar a 12% em 2010. Atualmente 85% da energia que movimenta o mundo \u00e9 ainda de origem f\u00f3ssil e 80% dessa energia tem seu uso concentrado em cerca de dez pa\u00edses.<\/p>\n\n\n\n

A contribui\u00e7\u00e3o do Brasil na emiss\u00e3o de g\u00e1s carb\u00f4nico \u00e9 de 0,41%, enquanto as dos EUA, China, Alemanha, R\u00fassia e Jap\u00e3o somam 65%.<\/p>\n\n\n\n

Este complexo quadro de alian\u00e7as n\u00e3o tem o crit\u00e9rio geogr\u00e1fico ou cultural como princ\u00edpio unificador, mas, sim, raz\u00f5es concretas, essenciais, ligadas \u00e0 evolu\u00e7\u00e3o e at\u00e9 \u00e0 sobreviv\u00eancia dos pa\u00edses envolvidos. Sua caracter\u00edstica principal \u00e9 oposta \u00e0quela radical que orienta o chamado \u201cchoque de civiliza\u00e7\u00f5es\u201d, que confina os povos no redil de suas culturas originais e limita, de modo indevido, um amplo potencial de coopera\u00e7\u00e3o em quest\u00f5es vitais. Os resultados dessas alian\u00e7as representam o oposto daqueles pretendidos com o \u201cchoque de civiliza\u00e7\u00f5es\u201d, que leva \u00e0 guerra.<\/p>\n\n\n\n

A conota\u00e7\u00e3o b\u00e9lica, destruidora, que caracteriza esse \u201cchoque de civiliza\u00e7\u00f5es\u201d, conforme defendem intelectuais do \u201cimp\u00e9rio\u201d, fica superada na fundamentada proposta de alian\u00e7as aqui apresentada e pelo papel pacificador desempenhado pelo continente tropical brasileiro, ao procurar resolver problemas cruciais de pa\u00edses de grande peso e import\u00e2ncia no presente e no futuro do mundo.<\/p>\n\n\n\n

A redu\u00e7\u00e3o das tens\u00f5es que o surgimento de formas de energia extensivas, permanentes e limpas \u2013 em condi\u00e7\u00f5es de substituir plenamente os combust\u00edveis f\u00f3sseis \u2013 poder\u00e1 representar, sem d\u00favida, raz\u00e3o pr\u00e1tica para alcan\u00e7ar a paz no mundo. Os combust\u00edveis de origem vegetal dos tr\u00f3picos representam o contraponto ao estopim de conflitos provocados pelo ocaso do petr\u00f3leo e pelo decl\u00ednio dos demais f\u00f3sseis.<\/p>\n\n\n\n

Brasil: um grande reator<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Todas as formas energ\u00e9ticas utilizadas pelo homem, com exce\u00e7\u00e3o da energia das mar\u00e9s, da geotermia e da energia nuclear, v\u00eam do Sol, o eterno e imenso reator a fus\u00e3o nuclear natural. O Brasil \u00e9 o \u00fanico pa\u00eds do mundo em condi\u00e7\u00f5es de usufruir em grande extens\u00e3o desse reator. Sonho inalcan\u00e7\u00e1vel para os demais pa\u00edses, muito especialmente os situados nas regi\u00f5es temperadas e frias do planeta.<\/p>\n\n\n\n

A energia solar acumulada nos hidratos de carbono das plantas e de animais microsc\u00f3picos necessita centenas de milh\u00f5es de anos para transformar-se em combust\u00edveis f\u00f3sseis. Assim, o uso direto pelo homem da energia armazenada nos hidratos de carbono das plantas encurta em eras geol\u00f3gicas o uso da energia solar concentrada nos f\u00f3sseis.<\/p>\n\n\n\n

Os hidrocarbonetos, cujas misturas formam o que denominamos petr\u00f3leo, derivam dos hidratos de carbono das plantas pela perda de oxig\u00eanio em processo de fossiliza\u00e7\u00e3o, levam para isso centenas de milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

O \u00f3leo de girassol, excepcional substituto do \u00f3leo diesel do petr\u00f3leo \u2013 limpo e renov\u00e1vel – chega a fazer 40 quil\u00f4metros por litro em motores Elsbett de ciclo diesel \u2013 leva apenas tr\u00eas semanas para se formar.<\/p>\n\n\n\n

Assim, em vez de usar-se o capital da energia solar que exige centenas de milh\u00f5es de anos para se constituir, usemos os dividendos dessa energia, renovados de modo permanente.<\/p>\n\n\n\n

Os combust\u00edveis derivados da biomassa \u2013 hidratos de carbono vegetal \u2013 para serem vantajosos exigem forma\u00e7\u00e3o acelerada na natureza, o que ocorre somente com muito sol e \u00e1gua. Isto \u00e9 poss\u00edvel nas regi\u00f5es tropicais brasileiras. Nosso continente det\u00e9m de 22 a 24% da \u00e1gua doce do planeta Terra. Somente a regi\u00e3o amaz\u00f4nica tem 18% desse montante, com o Canad\u00e1 em segundo lugar, com 14%, embora nele a \u00e1gua seja gelo em grande parte do ano.<\/p>\n\n\n\n

Finalmente, ser o principal supridor mundial de energia renov\u00e1vel e limpa ou de produtos de elevado conte\u00fado energ\u00e9tico, exige dimens\u00f5es continentais localizadas nos tr\u00f3picos com \u00e1gua abundante e imensas \u00e1reas desocupadas. Assim, oferece-se ao Brasil a grande oportunidade econ\u00f4mica que jamais algum pa\u00eds teve na hist\u00f3ria da Humanidade, ou seja, cabe-nos um papel importante no mundo, neste come\u00e7o do s\u00e9culo 21.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 grave equ\u00edvoco contemporizar com um sistema financeiro internacional irremediavelmente falido, o qual somente intensificar\u00e1 os atuais conflitos entre na\u00e7\u00f5es. A situa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito mais grave do que foi em 1929, pois n\u00e3o havia ent\u00e3o as atuais previs\u00f5es de colapso dos combust\u00edveis f\u00f3sseis e do Efeito Estufa.<\/p>\n\n\n\n

O que estamos presenciando \u00e9 o resultado do desmoronamento da pol\u00edtica tir\u00e2nica do dinheiro digital na tentativa de dar uma sobrevida a um sistema financeiro condenado de modo irremedi\u00e1vel pelo abismo que se abre entre ele e a economia que tem por base o mundo f\u00edsico, o mundo concreto.<\/p>\n\n\n\n

O que se busca \u00e9 um pacto entre um conjunto de pa\u00edses de elevado peso mundial tendo por base uma quest\u00e3o crucial para todos, qual seja a energ\u00e9tica. Ele objetiva iniciar movimento internacional de modo a frear a atual oligarquia financeira que est\u00e1 levando importantes pa\u00edses \u00e0 ru\u00edna e o mundo \u00e0 guerra. Visa principalmente a abrir uma discuss\u00e3o acerca da reformula\u00e7\u00e3o do atual sistema financeiro internacional que desmorona, tendo em vista contribuir para retirar a humanidade da perigos\u00edssima situa\u00e7\u00e3o para a qual caminhamos cegamente.<\/p>\n\n\n\n

Jos\u00e9 Walter Bautista Vidal
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIII, N\u00famero 75, Fevereiro\/2003.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A \u00eanfase dada ao novo papel do Brasil no contexto internacional tendo em vista essas circunst\u00e2ncias encontra, por\u00e9m, do nosso lado, graves car\u00eancias estruturais como conseq\u00fc\u00eancia de pol\u00edticas de destrui\u00e7\u00e3o da estrutura do Estado nacional. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1454],"tags":[49,23,51,26,58],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1131"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1131"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1131\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":5549,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1131\/revisions\/5549"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1131"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1131"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1131"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}