{"id":1111,"date":"2009-01-23T11:01:07","date_gmt":"2009-01-23T11:01:07","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:33:51","modified_gmt":"2021-07-10T23:33:51","slug":"cresce_no_brasil_a_utilizacao_de_energia_eolica_para_eletricidade","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/energia\/artigos_energia\/cresce_no_brasil_a_utilizacao_de_energia_eolica_para_eletricidade.html","title":{"rendered":"Cresce no Brasil a utiliza\u00e7\u00e3o de energia e\u00f3lica para eletricidade"},"content":{"rendered":"\n

A eletricidade gerada a partir dos ventos ajuda a disseminar tecnologia de ponta pelo Brasil<\/p>\n\n\n\n

Num pa\u00eds em que 90% da eletricidade consumida \u00e9 gerada por hidrel\u00e9tricas, as chamadas fontes alternativas de energia sempre desempenharam um papel marginal. Esse quadro vem mudando rapidamente com a entrada em cena de sistemas que produzem eletricidade a partir da biomassa (qualquer mat\u00e9ria de origem vegetal), da luz solar e do vento. No caso da energia e\u00f3lica (dos ventos), o crescimento do setor tem sido de 25% de acordo com dados do Centro de Refer\u00eancia para Energia Solar e E\u00f3lica (CRSE). Al\u00e9m de gerar energia limpa (n\u00e3o poluente), as usinas e\u00f3licas est\u00e3o auxiliando na dissemina\u00e7\u00e3o de tecnologia de ponta pelo pa\u00eds, j\u00e1 que geralmente utilizam turbinas de \u00faltima gera\u00e7\u00e3o e outros equipamentos sofisticados.<\/p>\n\n\n\n

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Integrante da equipe do Centro Brasileiro de Energia E\u00f3lica (CBEE), o engenheiro Alexandre Pereira explica que a utiliza\u00e7\u00e3o da energia e\u00f3lica em escala comercial come\u00e7ou h\u00e1 pouco mais de 30 anos. Na d\u00e9cada de 70, com o in\u00edcio da crise mundial do petr\u00f3leo, houve um interesse de pa\u00edses europeus e dos Estados Unidos em desenvolver m\u00e1quinas para produ\u00e7\u00e3o de eletricidade que diminu\u00edssem a depend\u00eancia do petr\u00f3leo e carv\u00e3o. \u201cCom isso, mais de 50 mil empregos foram criados e uma forte ind\u00fastria de componentes e equipamentos se desenvolveu\u201d, diz Pereira.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com o Minist\u00e9rio das Minas e Energia (MME), o custo de gera\u00e7\u00e3o da energia e\u00f3lica ainda \u00e9 um dos mais caros entre as tecnologias renov\u00e1veis em n\u00edvel comercial.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, o custo do aerogerador (a turbina movida pelo vento), respons\u00e1vel por cerca de 70% do investimento, continua a cair com o aprimoramento tecnol\u00f3gico e a melhoria da efici\u00eancia das m\u00e1quinas. \u201cEssa redu\u00e7\u00e3o do custo \u00e9 assegurada, tamb\u00e9m, por meio da exist\u00eancia de um mercado mundial crescente, que, nos \u00faltimos 15 anos, quadruplicou sua pot\u00eancia instalada, passando de 10 gigawatts (GW) para 40 GW\u201d, explica a Diretora de Energias Renov\u00e1veis do Minist\u00e9rio de Minas e Energia (MME), Laura Porto.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, medidas eficientes de vento realizadas recentemente, indicam a exist\u00eancia de um imenso potencial e\u00f3lico ainda n\u00e3o explorado (cerca de 8,5 mil quil\u00f4metros de costa, isso sem contar as \u00e1reas interioranas). Hoje, a capacidade de gera\u00e7\u00e3o e\u00f3lica no Pa\u00eds \u00e9 de 20,3 megawatts (MW), com turbinas de m\u00e9dio e grande porte conectadas \u00e0 rede el\u00e9trica. Ainda \u00e9 pouco, quando comparada \u00e0 capacidade de gera\u00e7\u00e3o total do Pa\u00eds: 84,6 mil MW. Mas, al\u00e9m dos m\u00e9dios e grandes empreendimentos, existem dezenas de turbinas e\u00f3licas de pequeno porte funcionando em locais isolados. O Estado do Cear\u00e1 foi pioneiro na realiza\u00e7\u00e3o de um levantamento do seu potencial e\u00f3lico.<\/p>\n\n\n\n

Fora da regi\u00e3o Nordeste, os resultados tamb\u00e9m come\u00e7am a aparecer. Em Minas Gerais, por exemplo, uma central e\u00f3lica est\u00e1 em funcionamento, desde 1994, em um local com \u00f3timas condi\u00e7\u00f5es de vento. Hoje, v\u00e1rios estados brasileiros possuem programas de levantamento de dados sobre a situa\u00e7\u00e3o do vento. H\u00e1, instaladas, nove usinas e\u00f3licas nos Estados do Cear\u00e1, Paran\u00e1, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Par\u00e1 e Minas Gerais. Dados do Centro de Refer\u00eancia para Energia Solar e E\u00f3lica indicam que, nos pr\u00f3ximos dois anos, dever\u00e1 haver uma expans\u00e3o de 20 vezes no uso desse tipo de energia no Brasil. Segundo t\u00e9cnicos do Centro, \u00e9 um setor que se expande a uma taxa de 25% ao ano, tendo crescido 65% apenas no ano de 1999. Como nem sempre h\u00e1 vento dispon\u00edvel para gerar eletricidade, o ideal \u00e9 que as usinas e\u00f3licas fa\u00e7am parte de um sistema integrado com outras fontes de energia.<\/p>\n\n\n\n

Hoje, existem mais de cem anem\u00f3grafos (medidores de velocidade do vento) computadorizados espalhados pelo Brasil. Um levantamento do CRSE mostrou que \u00e9 poss\u00edvel produzir eletricidade a custos competitivos com centrais termoel\u00e9tricas, nucleares e hidroel\u00e9tricas. An\u00e1lises dos recursos e\u00f3licos mostram a possibilidade de gera\u00e7\u00e3o el\u00e9trica com custos da ordem de US$ 70 a US$ 80 por MW\/hora. Atualmente, a situa\u00e7\u00e3o da energia e\u00f3lica no mundo est\u00e1 em amplo crescimento. H\u00e1 mais de 30 mil turbinas de grande porte em funcionamento no mundo, com capacidade instalada de aproximadamente 31,1 mil MW.<\/p>\n\n\n\n

A energia e\u00f3lica poder\u00e1 tamb\u00e9m resolver o grande dilema do uso da \u00e1gua do Rio S\u00e3o Francisco no Nordeste. Grandes projetos de irriga\u00e7\u00e3o \u00e0s margens do rio podem causar um impacto negativo no volume de \u00e1gua dos reservat\u00f3rios das usinas hidrel\u00e9tricas e, conseq\u00fcentemente, prejudicar o fornecimento de energia para a regi\u00e3o. Entretanto, as maiores velocidades de vento no nordeste do Brasil ocorrem justamente quando o fluxo de \u00e1gua do Rio S\u00e3o Francisco \u00e9 m\u00ednimo. Logo, as centrais e\u00f3licas instaladas poder\u00e3o produzir quantidades expressivas de energia el\u00e9trica evitando que se tenha que utilizar a \u00e1gua do Rio S\u00e3o Francisco.<\/p>\n\n\n\n

Para Laura Porto, a utiliza\u00e7\u00e3o de energia e\u00f3lica trar\u00e1 muitos benef\u00edcios para o Pa\u00eds: \u201ca utiliza\u00e7\u00e3o da fonte e\u00f3lica permitir\u00e1 ganhos energ\u00e9ticos, uma vez que o regime de ventos no Brasil, notadamente no Nordeste, \u00e9 complementar ao regime hidr\u00e1ulico\u201d. Segundo ela, a gera\u00e7\u00e3o de empregos diretos e indiretos tamb\u00e9m acontecer\u00e1. \u201cN\u00e3o tenho d\u00favidas que isso permitir\u00e1 a redu\u00e7\u00e3o da emiss\u00e3o de gases do efeito estufa, a capacita\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica e a gera\u00e7\u00e3o de emprego e renda, uma vez que a ind\u00fastria e\u00f3lica \u00e9 intensiva em m\u00e3o de obra.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O Programa de Incentivo \u00e0s Fontes Alternativas de Energia El\u00e9trica – PROINFA, foi institu\u00eddo pela Lei N\u00ba 10.438, de 2002 e, depois, revisado pela Lei N\u00ba 10.762, de 2003. O programa governamental tem como objetivo diversificar as fontes de energia dispon\u00edveis no Brasil e estimular a entrada de produtores independentes aut\u00f4nomos no mercado. Para isso, a estatal Eletrobr\u00e1s se disp\u00f4s a comprar por 20 anos a eletricidade produzida por usinas e\u00f3licas, de biomassa e pequenas centrais hidrel\u00e9tricas (PCHs).<\/p>\n\n\n\n

O PROINFA promover\u00e1 a implanta\u00e7\u00e3o de 3,3 mil MW (1.100 MW para cada uma das tr\u00eas categorias) de capacidade e as usinas dever\u00e3o estar conclu\u00eddas em 2006. A gera\u00e7\u00e3o e\u00f3lica foi justamente a que atraiu maior n\u00famero de interessados. Ao todo, foram oferecidos empreendimentos com capacidade para produzir 3,6 mil MW, embora apenas 1,1 mil MW tenham sido selecionados.<\/p>\n\n\n\n

Em segundo lugar vieram as pequenas centrais hidrel\u00e9tricas (PCH), com 1,9 mil MW, e as usinas de biomassa (995,2 MW). Biomassa foi a \u00fanica das tr\u00eas fontes que n\u00e3o atingiu os 1,1 mil MW previstos pelo Minist\u00e9rio das Minas e Energia no programa.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo do prazo de 20 anos, a Eletrobr\u00e1s proporcionar\u00e1 aos empreendedores selecionados uma receita de US$ 12 bilh\u00f5es. O valor corresponde ao custo de US$ 600 milh\u00f5es por ano que a Eletrobr\u00e1s ter\u00e1 com a compra da energia produzida.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com o Presidente da Eletrobr\u00e1s, Silas Rondeau, os investimentos presentes nos 115 empreendimentos selecionados pelo Programa de Incentivo \u00e0s Fontes Alternativas de Energia El\u00e9trica – PROINFA, devem gerar 150 mil empregos diretos e indiretos. Segundo ele, durante a instala\u00e7\u00e3o, os empreendimentos acarretar\u00e3o investimentos de R$ 8,6 bilh\u00f5es. Desse total, cerca de R$ 4 bilh\u00f5es ser\u00e3o destinados a contrata\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas e equipamentos. A partir da entrada em opera\u00e7\u00e3o, os projetos devem gerar um faturamento anual de R$ 1,6 bilh\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O Diretor de Engenharia da estatal, Valter Cardeal, lembra que a Eletrobr\u00e1s est\u00e1 estudando estender o prazo, previsto para terminar no final de Outubro, para a realiza\u00e7\u00e3o da segunda chamada p\u00fablica direcionada aos projetos de biomassa. O alongamento do prazo daria aos empreendedores mais condi\u00e7\u00f5es de ingressarem no Programa.<\/p>\n\n\n\n

Erik von Farfan – Jornalista
\nFonte: Revista Eco 21, Ano XIV, Edi\u00e7\u00e3o 92, Julho 2004. (www.eco21.com.br)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"