{"id":1105,"date":"2009-01-23T10:35:56","date_gmt":"2009-01-23T10:35:56","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:33:55","modified_gmt":"2021-07-10T23:33:55","slug":"biomassa_uma_energia_brasileira","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/energia\/artigos_energia\/biomassa_uma_energia_brasileira.html","title":{"rendered":"Biomassa: uma energia brasileira"},"content":{"rendered":"\n

Biomassa \u00e9 ainda um termo pouco conhecido fora dos campos da energia e da ecologia, mas j\u00e1 faz parte do cotidiano brasileiro. Fonte de energia n\u00e3o poluente, a biomassa nada mais \u00e9 do que a mat\u00e9ria org\u00e2nica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produ\u00e7\u00e3o de energia. Para se ter uma id\u00e9ia da sua participa\u00e7\u00e3o na matriz energ\u00e9tica brasileira, a biomassa responde por um quarto da energia consumida no Pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Esse percentual tende a crescer com a entrada em opera\u00e7\u00e3o de novas usinas. At\u00e9 2006, devem come\u00e7ar a funcionar 26 novos empreendimentos de gera\u00e7\u00e3o de energia a partir da biomassa selecionados pela Eletrobr\u00e1s para o Programa de Incentivo \u00e0s Fontes Alternativas de Energia El\u00e9trica (PROINFA). Todos os organismos biol\u00f3gicos que podem ser aproveitados como fontes de energia s\u00e3o chamados de biomassa. Entre as mat\u00e9rias-primas mais utilizadas est\u00e3o a cana-de-a\u00e7\u00facar, a beterraba e o eucalipto (dos quais se extrai \u00e1lcool), o lixo org\u00e2nico (que d\u00e1 origem ao biog\u00e1s), a lenha e o carv\u00e3o vegetal, al\u00e9m de alguns \u00f3leos vegetais (amendoim, soja, dend\u00ea). Em termos mundiais, os recursos renov\u00e1veis representam cerca de 20% do suprimento total de energia, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte h\u00eddrica. No Brasil, a propor\u00e7\u00e3o da energia total consumida \u00e9 cerca de 35% de origem h\u00eddrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renov\u00e1veis suprem algo em torno de dois ter\u00e7os dos requisitos energ\u00e9ticos do Pa\u00eds. A biomassa \u00e9 uma forma indireta de aproveitamento da energia solar absorvida pelas plantas, j\u00e1 que resulta da convers\u00e3o da luz do sol em energia qu\u00edmica. Estima-se que existam dois trilh\u00f5es de toneladas de biomassa no globo terrestre ou cerca de 400 toneladas por pessoa, o que, em termos energ\u00e9ticos, corresponde a 8 vezes o consumo anual mundial de energia prim\u00e1ria (produtos energ\u00e9ticos providos pela natureza na sua forma direta, como o petr\u00f3leo, g\u00e1s natural, carv\u00e3o mineral, min\u00e9rio de ur\u00e2nio, lenha e outros). Em 2004, tr\u00eas novas centrais geradoras a biomassa (baga\u00e7o de cana) entraram em opera\u00e7\u00e3o comercial no Pa\u00eds, acrescentando 59,44 MW \u00e0 matriz de energia el\u00e9trica nacional. Proje\u00e7\u00f5es da Ag\u00eancia Internacional de Energia indicam que o peso relativo da biomassa na gera\u00e7\u00e3o mundial de eletricidade dever\u00e1 passar de 10 terawatts\/hora (TWh), em 1995, para 27 TWh em 2020. Para se ter uma id\u00e9ia de quanto isso representa, o Brasil consumiu 321,6 TWh em 2002.<\/p>\n\n\n\n

Atuando no mercado h\u00e1 mais de 60 anos, a Companhia Energ\u00e9tica Santa Elisa, localizada em Sert\u00e3ozinho (SP), produz 30 MW\/h de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. O custo da energia produzida \u00e9 de US$ 30 por megawatt\/hora. \u201cAcaba saindo mais barato do que a energia produzida em uma hidrel\u00e9trica, se considerarmos que para construir uma usina desse tipo \u00e9 necess\u00e1rio gastar muito dinheiro. H\u00e1 tamb\u00e9m os problemas ambientais e sociais\u201d, explica o diretor administrativo da empresa, Sebasti\u00e3o Henrique Gomes. O diretor destaca ainda as vantagens da biomassa em termos de controle da polui\u00e7\u00e3o: \u201cO uso desse tipo de fonte renov\u00e1vel de energia est\u00e1 diminuindo a emiss\u00e3o de gases poluentes no ambiente. Quando aproveitamos o baga\u00e7o da cana para produzir energia el\u00e9trica, tamb\u00e9m estamos preservando a natureza\u201d. Na produ\u00e7\u00e3o de energia a partir de biomassa, n\u00e3o h\u00e1 emiss\u00e3o de di\u00f3xido de carbono e as cinzas s\u00e3o menos agressivas ao meio ambiente, em compara\u00e7\u00e3o com as provenientes de combust\u00edveis f\u00f3sseis, como o petr\u00f3leo.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisador do Centro Nacional de Refer\u00eancia em Biomassa (CENBIO), o ambientalista Orlando Nunes lembra que uma das principais vantagens da biomassa \u00e9 a capacidade de renova\u00e7\u00e3o. \u201c\u00c9 muito importante para um pa\u00eds como o Brasil produzir energia onde ela ser\u00e1 consumida e poder produzi-la sem o risco de que acabe\u201d, diz. \u201cO uso dessa energia gera empregos e renda ao envolver m\u00e3o-de-obra local na produ\u00e7\u00e3o. Mais de 1 milh\u00e3o de pessoas trabalham com Biomassa no Brasil e o n\u00famero tende a crescer.\u201d Dados do Balan\u00e7o Energ\u00e9tico Nacional (edi\u00e7\u00e3o 2003) revelam que a participa\u00e7\u00e3o da biomassa na matriz energ\u00e9tica brasileira \u00e9 de 27%, a partir da utiliza\u00e7\u00e3o de lenha de carv\u00e3o vegetal (11,9%), baga\u00e7o de cana-de-a\u00e7\u00facar (12,6%) e outros (2,5%). O potencial autorizado para empreendimentos de gera\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9trica, de acordo com a ANEEL, \u00e9 de 1.376,5 MW, quando se consideram apenas centrais geradoras que utilizam baga\u00e7o de cana-de-a\u00e7\u00facar (1.198,2 MW), res\u00edduos de madeira (41,2 MW), biog\u00e1s ou g\u00e1s de aterro (20 MW) e licor negro (117,1 MW).<\/p>\n\n\n\n

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Energia a partir da casca de cupua\u00e7u
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Um projeto pioneiro na produ\u00e7\u00e3o de energia a partir de biomassa est\u00e1 sendo desenvolvido no munic\u00edpio amazonense de Manacapuru. O Centro Nacional de Refer\u00eancia em Biomassa, em parceira com o Instituto Nacional de Coloniza\u00e7\u00e3o e Reforma Agr\u00e1ria (INCRA) e com o Instituto de Pesquisas Tecnol\u00f3gicas (IPT), est\u00e1 testando a casca de cupua\u00e7u como combust\u00edvel para produ\u00e7\u00e3o de eletricidade. Para o projeto, foram escolhidas 187 fam\u00edlias de agricultores do assentamento de Aquidaban. Ap\u00f3s a defini\u00e7\u00e3o de como ser\u00e1 feita a distribui\u00e7\u00e3o da eletricidade gerada, o sistema \u2013 que j\u00e1 est\u00e1 em funcionamento \u2013 deve ser inaugurado oficialmente no in\u00edcio de Setembro pr\u00f3ximo. A Eletrobr\u00e1s, a Eletronorte e a Companhia Energ\u00e9tica do Amazonas (CEAM) dever\u00e3o atuar como parceiros no projeto.<\/p>\n\n\n\n

Para o CENBIO, o aproveitamento energ\u00e9tico da casca de cupua\u00e7u \u00e9 um importante meio para integrar as fam\u00edlias da regi\u00e3o e gerar eletricidade de forma limpa e renov\u00e1vel para uma popula\u00e7\u00e3o carente. \u201c\u00c9 o primeiro projeto fora da \u00cdndia de gaseifica\u00e7\u00e3o de biomassa num sistema isolado (n\u00e3o conectado \u00e0 rede nacional interligada)\u201d, explica o coordenador do projeto, Osvaldo Martins.<\/p>\n\n\n\n

O princ\u00edpio de transforma\u00e7\u00e3o da casca do cupua\u00e7u em combust\u00edvel \u00e9 relativamente simples. A casca, com umidade m\u00e1xima de 6%, \u00e9 queimada dentro de um gaseificador com pouco oxig\u00eanio. A combust\u00e3o incompleta produz, no lugar da fuma\u00e7a, um g\u00e1s que tem poder calor\u00edfico equivalente a aproximadamente 25% daquele proporcionado pelo g\u00e1s natural. Esse g\u00e1s \u00e9 jogado na entrada de ar do motor a diesel, reduzindo em at\u00e9 80% o consumo desse combust\u00edvel. Neste momento ocorre a substitui\u00e7\u00e3o do diesel pelo g\u00e1s da casca de cupua\u00e7u. \u201cSe o motor consumia cinco litros de diesel por hora, passar\u00e1 a usar apenas um litro\u201d, explica Martins.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo do programa, segundo Martins, \u00e9 mostrar a viabilidade t\u00e9cnica e econ\u00f4mica da gera\u00e7\u00e3o de energia a partir da casca do cupua\u00e7u na regi\u00e3o. \u201cPrecisamos ter um cen\u00e1rio real do potencial da adapta\u00e7\u00e3o desse novo sistema no Norte do Pa\u00eds\u201d, diz Martins. O custo total do programa \u00e9 de R$ 980 mil, financiados durante dois anos pelos fundos setoriais de energia do Minist\u00e9rio da Ci\u00eancia e Tecnologia (MCT). Antes de mandar os equipamentos \u2013 importados da \u00cdndia \u2013 para Manacapuru, os pesquisadores fizeram modifica\u00e7\u00f5es: \u201cTrocamos alguns acess\u00f3rios por similares nacionais. Isso facilitou a manuten\u00e7\u00e3o\u201d, informa Martins. Ele ressalta que a gera\u00e7\u00e3o de energia n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico objetivo do programa: \u201cQueremos, al\u00e9m de implementar energia, inserir uma agroind\u00fastria \u00e0 rede de processamento de cupua\u00e7u para agregar mais valor ao produto e gerar renda para a<\/p>\n\n\n\n

Aurore Bubu – Ambientalista
\nFonte: Eco 21 Ano XIV – n\u00ba 93 – Agosto – 2004 www.eco21.com.br<\/em>\n<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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