{"id":108,"date":"2009-02-10T10:15:23","date_gmt":"2009-02-10T10:15:23","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:28","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:28","slug":"macroinvertebrados_aquaticos_bioindicadores_da_qualidade_da_agua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/macroinvertebrados_aquaticos_bioindicadores_da_qualidade_da_agua.html","title":{"rendered":"Macroinvertebrados Aqu\u00e1ticos Bioindicadores da Qualidade da \u00c1gua"},"content":{"rendered":"\n

Nas \u00faltimas d\u00e9cadas, os ecossistemas aqu\u00e1ticos t\u00eam sido alterados em diferentes escalas como conseq\u00fc\u00eancia negativa de atividades antr\u00f3picas (por exemplo, minera\u00e7\u00e3o, canaliza\u00e7\u00e3o, constru\u00e7\u00e3o de represas, eutrofiza\u00e7\u00e3o artificial, retiliniza\u00e7\u00e3o, etc.). Os rios integram tudo o que acontece nas \u00e1reas de entorno, considerando-se o uso e ocupa\u00e7\u00e3o do solo.  Assim, suas caracter\u00edsticas ambientais, especialmente as comunidades biol\u00f3gicas, fornecem informa\u00e7\u00f5es sobre as conseq\u00fc\u00eancias das a\u00e7\u00f5es do homem (CALLISTO, MORETTI & GOULART, 2001).<\/p>\n\n\n\n

A qualidade  de \u00e1gua \u00e9 um conceito relativo que depende diretamente do uso da mesma:<\/p>\n\n\n\n

a) usada para beber;<\/p>\n\n\n\n

b) irrigar campos;<\/p>\n\n\n\n

c) transportar  mercadorias;<\/p>\n\n\n\n

d) favorecer a vida dos peixes;<\/p>\n\n\n\n

e) manter o ecossistema com todas as suas caracter\u00edsticas funcionais.<\/p>\n\n\n\n

Consequentemente, neste contexto, o sistema de avalia\u00e7\u00e3o da qualidade ser\u00e1 diferente. Para que se fa\u00e7a uma avalia\u00e7\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio seguir os seguintes crit\u00e9rios:<\/p>\n\n\n\n

i) as concentra\u00e7\u00f5es, esp\u00e9cies e tipos de subst\u00e2ncias org\u00e2nicas e inorg\u00e2nicas presentes na \u00e1gua;<\/p>\n\n\n\n

ii) a composi\u00e7\u00e3o e o estado da biota aqu\u00e1tica;<\/p>\n\n\n\n

iii) as mudan\u00e7as temporais e espaciais que se produzem devido aos fatores intr\u00ednsecos e externos ao sistema aqu\u00e1tico em estudo. Esta defini\u00e7\u00e3o ampla s\u00f3 tem sentido quando queremos  avaliar a qualidade ecossist\u00eamica do meio, o que significa que o objetivo ser\u00e1 manter todo o ecossistema de estudo com seus componentes e sua funcionalidade (PRAT & WARD, 1997).<\/p>\n\n\n\n

As propriedades das popula\u00e7\u00f5es e dos fatores bi\u00f3ticos e abi\u00f3ticos que atuam em um certo lugar (sistema parcial da biosfera) representam uma das principais caracter\u00edsticas da descri\u00e7\u00e3o de um ecossistema. A qualidade do h\u00e1bitat \u00e9 um dos fatores mais importantes no sucesso de coloniza\u00e7\u00e3o e estabelecimento das comunidades biol\u00f3gicas em ambientes l\u00eanticos ou l\u00f3ticos. A flora e a fauna presentes em um sistema aqu\u00e1tico s\u00e3o tamb\u00e9m influenciadas pelo ambiente f\u00edsico do corpo d’\u00e1gua (geomorfologia, velocidade de corrente, vaz\u00e3o, tipo de substrato, tempo de reten\u00e7\u00e3o). Estando a situa\u00e7\u00e3o de um corpo de \u00e1gua estreitamente relacionada \u00e0s atividades humanas realizadas \u00e0 sua volta, o primeiro passo para a compreens\u00e3o de como as comunidades de macroinvertebrados bent\u00f4nicos est\u00e3o reagindo \u00e0 altera\u00e7\u00e3o da qualidade de \u00e1gua \u00e9 identificar quais vari\u00e1veis f\u00edsicas, qu\u00edmicas e biol\u00f3gicas est\u00e3o afetando os organismos (MARQUES, FERREIRA & BARBOSA, 1999).<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
<\/div>\n\n\n\n

Os macroinvertebrados constituem uma importante fonte alimentar para os peixes, s\u00e3o valiosos indicadores da degrada\u00e7\u00e3o ambiental, al\u00e9m de influenciarem na ciclagem de nutrientes, na produtividade prim\u00e1ria e na decomposi\u00e7\u00e3o (WALLACE & WEBSTER, 1996). Estes organismos habitam o substrato de fundo (sedimentos, detritos, troncos, macr\u00f3fitas aqu\u00e1ticas, algas filamentosas e etc) de h\u00e1bitat de \u00e1gua doce, em pelo menos uma fase de seu ciclo vital e s\u00e3o retidos por tamanho de malha de 200 a 500 micr\u00f4meros (LOYOLA, 1994).<\/p>\n\n\n\n

Os invertebrados compreendem o maior n\u00famero de indiv\u00edduos, esp\u00e9cies e biomasa em quaisquer ambientes dulc\u00edcolas, entre estes destacam-se em especial os insetos, que dominam os sistemas de \u00e1gua doce, quer sob o ponto de vista num\u00e9rico, como sob a quest\u00e3o relativa a diversidade podendo ser ultrapassados apenas pelos nem\u00e1todos em termos num\u00e9ricos e de biomassa. Os crust\u00e1ceos e moluscos podem ser abundantes, mas raramente apresentam-se em grande diversidade (GULLAM & CRANSTON, 1996).<\/p>\n\n\n\n

Os macroinvertebrados s\u00e3o representados por v\u00e1rios grupos taxon\u00f4micos, como – Platyhelminthes, Annelida, Crustacea, Mollusca, Insecta, sendo este \u00faltimo, o mais diversificado  e abundante.<\/p>\n\n\n\n

Os principais fatores que levam os pesquisadores a utilizarem os macroinvertebrados bent\u00f4nicos como bioindicadores, s\u00e3o:<\/p>\n\n\n\n

a) o tamanho relativamente grande, sendo vis\u00edveis a olho nu;<\/p>\n\n\n\n

b) a coleta destes organismos n\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil e existem t\u00e9cnicas de amostragem estandardizadas que n\u00e3o requerem equipamentos caros;<\/p>\n\n\n\n

c) alguns organismos apresentam ciclos de desenvolvimento suficientemente longos, o que lhes faz permanecer nos cursos de \u00e1gua o tempo suficiente para detectar altera\u00e7\u00f5es na qualidade da \u00e1gua, facilitando o exame das mudan\u00e7as temporais, integrando os efeitos da exposi\u00e7\u00e3o prolongada por descargas intermitentes ou concentra\u00e7\u00f5es vari\u00e1veis de poluentes e permitindo maior intervalo nas amostragens;<\/p>\n\n\n\n

d) a grande abund\u00e2ncia e diversidade de organismos, h\u00e1 uma infinita gama de toler\u00e2ncia a diferentes par\u00e2metros de contamina\u00e7\u00e3o;<\/p>\n\n\n\n

e) o fato de estarem intimamente associados ao substrato, os deixa expostos \u00e0 a\u00e7\u00f5es de altera\u00e7\u00f5es ambientais;<\/p>\n\n\n\n

f) apresentam uma vantagem de refletir as condi\u00e7\u00f5es existentes antes da coleta de amostras, enquanto que os m\u00e9todos tradicionais oferecem somente a caracter\u00edstica da \u00e1gua do momento da coleta;<\/p>\n\n\n\n

g) representam uma somat\u00f3ria de fatores ambientais presentes e passados e funcionam como uma “mem\u00f3ria” da qualidade da \u00e1gua de um corpo d’\u00e1gua;<\/p>\n\n\n\n

h) uma consider\u00e1vel desvantagem \u00e9 o fato de existir muitos representantes de macroinvertebrados de diversos grupos taxon\u00f4micos, surgindo problemas relativos \u00e0 identifica\u00e7\u00e3o dos organismos, sendo muitas vezes imposs\u00edvel chegar no n\u00edvel de esp\u00e9cie (LOYOLA & BRUNKOW, 1998).<\/p>\n\n\n\n

Principais respresentantes dos Macroinvertebrados Aqu\u00e1ticos:<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Filo <\/strong><\/td>Ordem<\/strong><\/td>Fam\u00edlia<\/strong><\/td><\/tr>
 Platyhelminthes <\/td><\/td> <\/span>Planaridae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td> <\/span>Temnocephaliidae <\/td><\/tr>
Annelida<\/td>Oligochaeta<\/td><\/td><\/tr>
<\/td>Hirudinea<\/td><\/td><\/tr>
Mollusca<\/td>Gastropoda<\/td>Planorbidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Ancylidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Lymnaeidae<\/td><\/tr>
<\/td>Bivalve<\/td>Mycetopodidae<\/td><\/tr>
Crustacea<\/td><\/td>Trichodactylidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Aeglidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Hyallelidae<\/td><\/tr>
Insecta<\/td> <\/span>Ephemeroptera <\/td>Baetidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Leptophlebiidae<\/td><\/tr>
<\/td>Odonata<\/td>Libellulidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Gomphidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Aeshnidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Coenagrionidae<\/td><\/tr>
<\/td>Plecoptera<\/td>Perlidae<\/td><\/tr>
<\/td>Neuroptera<\/td>Corydalidae<\/td><\/tr>
<\/td> <\/span>Hemiptera<\/td>Belostomatidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Naucoridae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td> <\/span>Notonectidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Veliidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Gerridae<\/td><\/tr>
<\/td>Coleoptera<\/td>Ditiscidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Gyrinidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Hydrophilidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Elmidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td> <\/span>Psephenidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Lampiridae<\/td><\/tr>
<\/td>Trichoptera<\/td>Heliocopsychidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Hydropsychidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Leptoceridae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Hidrobiosidae<\/td><\/tr>
<\/td>Lepidoptera<\/td> <\/span>Pyralidae<\/td><\/tr>
<\/td> <\/span>Diptera<\/td>Tipulidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td> <\/span>Culicidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Ceratopogonidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Chironomidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Tabanidae<\/td><\/tr>
<\/td><\/td>Muscidae<\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n

  Fonte da Tabela: ROLD\u00c1N-P\u00c9REZ, 1988<\/span><\/span><\/p>\n\n\n\n

Refer\u00eancias Bibliogr\u00e1ficas:<\/strong><\/p>\n\n\n\n

CALLISTO, M.; MORETTI, M. & GOULART, M. Macroinvertebrados Bent\u00f4nicos como Ferramentas para Avaliar a Sa\u00fade de Riachos. Revista Brasileira de Recursos H\u00eddricos. Volume 6 n.\u00b0 1, jan\/ mar 2001, 71-82.4.<\/p>\n\n\n\n

GULLAN, P. J. & CRANSTON, P. S. The insects: an cutline of entomology. London: Chapmam & Hall, 1996. 113p.<\/p>\n\n\n\n

LOYOLA, R. G. N.. Contribui\u00e7\u00e3o ao Estudo dos Macroinvertebrados Bent\u00f4nicos em Afluentes da Margem Esquerda do Reservat\u00f3rio de Itaipu. Curitiba, 1994. 300p. Tese (Doutorado em Zoologia) Curso de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas. Universidade Federal do Paran\u00e1. <\/p>\n\n\n\n

LOYOLA, R. G. N. & BRUNKOW, R. F. Monitoramento da qualidade das \u00e1guas de efluentes da margem esquerda do Reservat\u00f3rio de Itaipu, Paran\u00e1, Brasil, atrav\u00e9s da an\u00e1lise combinada de vari\u00e1veis f\u00edsico-qu\u00edmicas, bacteriol\u00f3gicas e de macroinvertebrados bent\u00f4nicos como bioindicadores – Novembro de 1998. Curitiba, IAP. Relat\u00f3rio T\u00e9cnico N\u00e3o Publicado, 39p.<\/p>\n\n\n\n

MARQUES, M. G. S. M., FERREIRA, R. L. & BARBOSA, F. A. R.. A comunidade de Macroinvertebrados Aqu\u00e1ticos e caracter\u00edsticas LImnol\u00f3gicas das Lagoas Carioca e da Barra, Parque Estadual do Rio Doce, MG. Revista Brasileira de Biologia, 1999, Vol. 59 (2): 203-210.<\/p>\n\n\n\n

PRAT, N. & WARD, J. V.. The Tamed River. P: 219-263. 1997.<\/p>\n\n\n\n

ROLD\u00c1N – P\u00c9REZ, G. 1988. Gu\u00eda par el estudio de los macroinvertebrados acu\u00e1ticos del Departamento de Antioquia.Bogot\u00e1, Editorial Presen\u00e7a. 217 p.<\/p>\n\n\n\n

WALLACE, J. B. & WEBSTER,  J. R. The role of macroinvertebrates in stream  ecosystem function annual review of entomology, v 41:115-139p.1996.<\/p>\n\n\n\n

Ver Refer\u00eancias Bibliogr\u00e1ficas do texto.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"