{"id":106,"date":"2009-02-09T17:19:21","date_gmt":"2009-02-09T17:19:21","guid":{"rendered":""},"modified":"2021-07-10T20:32:28","modified_gmt":"2021-07-10T23:32:28","slug":"poluicao_da_agua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/agua\/artigos_agua_doce\/poluicao_da_agua.html","title":{"rendered":"Polui\u00e7\u00e3o da \u00c1gua"},"content":{"rendered":"\n

Polui\u00e7\u00e3o \u00e9 a contamina\u00e7\u00e3o da \u00e1gua com subst\u00e2ncias que interferem na sa\u00fade das pessoas e animais, na qualidade de vida e no funcionamento dos ecossistemas. Alguns tipos de polui\u00e7\u00e3o t\u00eam causas naturais – erup\u00e7\u00f5es vulc\u00e2nicas, por exemplo – mas a maioria \u00e9 causada pelas atividades humanas. \u00c0 medida que a tecnologia foi se sofisticando, o risco de contamina\u00e7\u00e3o tornou-se maior.<\/p>\n\n\n\n

Em 1882, o dramaturgo noruegu\u00eas Henrik Ibsen (1828-1906) escreveu Um inimigo do Povo, narrativa das desventuras do m\u00e9dico de um balne\u00e1rio tur\u00edstico que percebe que as \u00e1guas da cidade foram contaminadas por curtumes da regi\u00e3o. Ele descobre que a polui\u00e7\u00e3o estava espalhando o tifo e outras doen\u00e7as e resolve denunciar o problema. Entretanto, enfrenta uma resist\u00eancia violenta por parte das autoridades e do conjunto da sociedade, que temem os preju\u00edzos que poderiam ter em decorr\u00eancia dessa m\u00e1 propaganda. N\u00e3o s\u00e3o de hoje, portanto, a polui\u00e7\u00e3o de rios e oceanos e o conflito entre interesses econ\u00f4micos e prote\u00e7\u00e3o ambiental. Mas foi apenas em meados do s\u00e9culo XX que as conseq\u00fc\u00eancias das atividades poluentes come\u00e7aram a ficar evidentes.<\/p>\n\n\n\n

\"q\"\/<\/figure>\n\n\n\n
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Na d\u00e9cada de 1950, os n\u00edveis de oxig\u00eanio de v\u00e1rios rios urbanos importantes de pa\u00edses ricos baixaram a patamares cr\u00edticos – chegaram a cerca de 10% do volume normal. Em Londres, um barco chegou a ser usado para injetar oxig\u00eanio puro diretamente na \u00e1gua, uma solu\u00e7\u00e3o cara e com resultados limitados.<\/p>\n\n\n\n

Os \u00faltimos levantamentos da ONU a esse respeito s\u00e3o bastante eloq\u00fcentes. De acordo com ela, os 14 maiores rios europeus t\u00eam nascentes com  “bom status ambiental”, mas no resto de seu percurso, est\u00e3o bastante degradados. Na \u00c1sia, todos os rios que cruzam cidades est\u00e3o altamente polu\u00eddos. Se o ritmo de crescimento da polui\u00e7\u00e3o continuar acompanhando o da popula\u00e7\u00e3o, a Terra poder\u00e1 perder 18 mil quil\u00f4metros quadrados de \u00e1guas doces at\u00e9 2050 – quase nove vezes o volume total usado a cada ano em irriga\u00e7\u00e3o no mundo. Ainda segundo a ONU, os pobres s\u00e3o, como \u00e9 de se imaginar, os mais afetados pela polui\u00e7\u00e3o. Metade da popula\u00e7\u00e3o de pa\u00edses em desenvolvimento est\u00e1 exposta a mananciais polu\u00eddos. O quadro \u00e9 particularmente grave na \u00c1sia, onde os rios t\u00eam tr\u00eas vezes mais bact\u00e9rias origin\u00e1rias de esgotos do que a m\u00e9dia mundial. Al\u00e9m disso, os corpos d’\u00e1gua asi\u00e1ticos apresentam taxas de enxofre at\u00e9 20 vezes superiores \u00e0s de pa\u00edses ricos.<\/p>\n\n\n\n

As \u00e1guas s\u00e3o polu\u00eddas, basicamente, por dois tipos de res\u00edduos: os org\u00e2nicos, formados por cadeias de carbono ligadas a mol\u00e9culas de oxig\u00eanio, hidrog\u00eanio e nitrog\u00eanio, e os inorg\u00e2nicos, que t\u00eam composi\u00e7\u00f5es diferentes. Os res\u00edduos org\u00e2nicos normalmente t\u00eam origem animal ou vegetal e prov\u00eam dos esgotos dom\u00e9sticos e de diversos processos industriais ou agropecu\u00e1rios. S\u00e3o biodegrad\u00e1veis, ou seja, s\u00e3o destru\u00eddos naturalmente por microorganismos. Entretanto, esse processo de destrui\u00e7\u00e3o acaba consumindo a maior parte do oxig\u00eanio dissolvido na \u00e1gua, o que pode compreender a sobreviv\u00eancia de organismos aqu\u00e1ticos. J\u00e1 os res\u00edduos inorg\u00e2nicos v\u00eam de ind\u00fastrias – principalmente as qu\u00edmicas e petroqu\u00edmicas – e n\u00e3o podem ser decompostos naturalmente. Entre os mais comuns est\u00e3o chumbo, c\u00e2dmio e merc\u00fario. Conforme sua composi\u00e7\u00e3o e concentra\u00e7\u00e3o, os poluentes h\u00eddricos t\u00eam a capacidade de intoxicar e matar microorganismos, plantas e animais aqu\u00e1ticos, tornando a \u00e1gua impr\u00f3pria para o consumo ou para o banho.<\/p>\n\n\n\n

Poluentes sob a lupa<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Esgotos<\/strong> – em todo o planeta 2,4 bilh\u00f5es de pessoas despejam seus esgotos a c\u00e9u aberto, no solo ou em corpos d’\u00e1gua que passem perto de suas casas, porque n\u00e3o t\u00eam acesso a um sistema de coleta. No Brasil, a rede coletora chega a 53,8% da popula\u00e7\u00e3o urbana. Entretanto, a maior parte do volume recolhido n\u00e3o recebe nenhum tratamento e \u00e9 despejada nesse estado em rios e represas ou no oceano. Apenas 35,5% dos esgotos coletados s\u00e3o submetidos a algum  tipo de tratamento.<\/p>\n\n\n\n

Res\u00edduos qu\u00edmicos<\/strong> – geralmente descartados por ind\u00fastrias e pela minera\u00e7\u00e3o, s\u00e3o dif\u00edceis de degradar. Por isso, podem ficar boiando na \u00e1gua ou se depositar no fundo de rios, lagos e mares, onde permanecem inalterados por muitos anos. Dentre os mais nocivos est\u00e3o os chamados metais pesados – chumbo, merc\u00fario, c\u00e1dmio, cromo e n\u00edquel. Se ingeridos, podem causar diversas disfun\u00e7\u00f5es pulmonares, card\u00edacas, renais e do sistema nervoso central, entre outras. Um dos mais t\u00f3xicos \u00e9 o merc\u00fario, comumente descartado por garimpeiros ap\u00f3s ser empregado na separa\u00e7\u00e3o do ouro.<\/p>\n\n\n\n

Nitratos<\/strong> –  presentes no esgoto dom\u00e9stico e nos descartes de ind\u00fastrias e pecuaristas, os nitratos representam especial risco \u00e0 sa\u00fade de crian\u00e7as, causando danos neurol\u00f3gicos ou redu\u00e7\u00e3o da oxigena\u00e7\u00e3o do corpo. Al\u00e9m disso, a presen\u00e7a excessiva de nitratos em rios ou mares estimula o crescimento de algas, fen\u00f4meno conhecido como eutrofiza\u00e7\u00e3o. Em casos extremos, essas algas podem colorir a \u00e1gua e emitir subst\u00e2ncias t\u00f3xicas para os peixes (mar\u00e9 vermelha).<\/p>\n\n\n\n

Vinhoto <\/strong>– efluente org\u00e2nico resultante da fabrica\u00e7\u00e3o do a\u00e7\u00facar e do \u00e1lcool. Pode ser usado como fertilizante, mas com freq\u00fc\u00eancia \u00e9 descartado diretamente em corpos d’\u00e1gua das regi\u00f5es produtoras de cana de S\u00e3o Paulo e do Nordeste, embora essa pr\u00e1tica seja proibida por lei.<\/p>\n\n\n\n

Polui\u00e7\u00e3o f\u00edsica<\/strong> – algumas atividades modificam a temperatura ou a colora\u00e7\u00e3o da \u00e1gua. \u00c9 o caso da ind\u00fastria que usa \u00e1gua para resfriar seus equipamentos e depois a devolve ao rio. Ela continua limpa, mais est\u00e1 muito mais quente do que quando foi captada, o que causa danos aos ecossistemas. Outras atividades, como certos tipos de minera\u00e7\u00e3o, podem despejar material radioativo nos rios, prejudicando a fauna e a flora.<\/p>\n\n\n\n

Detergentes<\/strong> – em 1985, o Brasil aprovou uma lei que proibiu a produ\u00e7\u00e3o de detergentes que n\u00e3o fossem biodegrad\u00e1veis. No entanto, apesar de menos nocivos, os detergentes e sab\u00f5es em p\u00f3 comercalizados atualmente cont\u00eam fosfatos, subst\u00e2ncias que podem promover um crescimento acelerado de algas nos rios. Quando elas morrem, logo s\u00e3o decompostas por bact\u00e9rias que consomem o oxig\u00eanio dispon\u00edvel na \u00e1gua e exalam mau cheiro.<\/p>\n\n\n\n

Organoclorados<\/strong> – compostos geralmente oriundos de processos industriais, formados por \u00e1tomos de cloro ligados a um bicarboneto. De toxicidade vari\u00e1vel, suspeita-se que favore\u00e7am o aparecimento de diversos tipos de c\u00e2ncer e m\u00e1s-forma\u00e7\u00f5es cong\u00eanitas. Os organoclorados t\u00eam a capacidade de se acumular nos tecidos gordurosos dos organismos vivos e se tornam mais concentrados nos n\u00edveis mais altos da cadeia alimentar. Ou seja: passam dos microorganismos filtradores para os moluscos, deles para os peixes e da\u00ed para mam\u00edferos e aves. O homem, que geralmente est\u00e1 no final desta cadeia, costuma ter as maiores concentra\u00e7\u00f5es de organoclorados em seu sangue. Alguns deles s\u00e3o utilizados como agrot\u00f3xicos – DDT – Dieldin e Aldrin, mas a sua produ\u00e7\u00e3o est\u00e1 proibida no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Chorume <\/strong>– l\u00edquido contaminado que escorre de aterros de lixo e tamb\u00e9m de cemit\u00e9rios. H\u00e1 relatos de moradores das proximidades dos cemit\u00e9rios Vila Nova Cachoeirinha, em S\u00e3o Paulo, de que mais de uma vez as enchentes trouxeram para dentro de suas casas restos de roupas e esqueletos. Por isso, os corpos devem ser enterrados sobre solos bem impermeabilizados e protegidos, para que a contamina\u00e7\u00e3o n\u00e3o chege ao len\u00e7ol fre\u00e1tico ou seja arrastada pela chuva. A mesma regra vale para os aterros sanit\u00e1rios e industriais.<\/p>\n\n\n\n

Polui\u00e7\u00e3o no campo<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A agropecu\u00e1ria contamina as \u00e1guas de duas formas: quando utiliza fertilizantes e agrot\u00f3xicos e quando descarta efluentes com altas concentra\u00e7\u00f5es de nitrog\u00eanio, sobretudo aqueles gerados nas cria\u00e7\u00f5es de animais. A maioria dos fertilizantes enriquece o solo com altas doses de nitratos e fosfatos. Parte desses nutrientes \u00e9 absorvida pelos vegetais, aumentando seu ritmo  de crescimento e seu rendimento. Outra parte \u00e9 arrastada pelas chuvas para os rios ou penetra no solo e acaba alcan\u00e7ando o len\u00e7ol fre\u00e1tico. Entre os agrot\u00f3xicos usados no combate \u00e0s pragas incluem-se produtos de diferentes composi\u00e7\u00f5es, algumas delas bastante t\u00f3xicas. Como os fertilizantes, eles tamb\u00e9m podem escorrer at\u00e9 um rio ou lago.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 a cria\u00e7\u00e3o de animais tem como principais res\u00edduos os excrementos, que s\u00e3o altamente ricos em nitratos. Um porco de 100 quilos elimina cerca de um metro c\u00fabico de esterco por ano, contendo 5,5 quilos de nitrog\u00eanio. Esses res\u00edduos s\u00e3o produzidos em grandes volumes e muitas vezes despejados irregularmente nos corpos d’\u00e1gua. Na \u00c1frica s\u00e3o encontrados po\u00e7os com um n\u00edvel de nitratos at\u00e9 oito vezes acima do recomendado pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

F\u00e1brica de problemas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No come\u00e7o dos anos 1950, a cidade japonesa de Minamata ganhou fama mundial quando gatos, gaivotas, pescadores e suas fam\u00edlias come\u00e7aram a mostrar s\u00e9rios sintomas de envenenamento. Centenas de pessoas morreram e muitas outras desenvolveram problemas neurol\u00f3gicos permanentes. Crian\u00e7as come\u00e7aram a nascer com paralisia cerebral e retardo mental. As v\u00edtimas – que tinham em comum o fato de seguir uma dieta \u00e0 base de peixes e molusco provenientes da ba\u00eda de Minamata e do oceano, onde as \u00e1guas da ba\u00eda desaguavam – estavam contaminadas com altos n\u00edveis de merc\u00fario. O metal provinha de despejos da Chisso, uma ind\u00fastria qu\u00edmica. Desde ent\u00e3o, esse tipo de intoxica\u00e7\u00e3o \u00e9 conhecido como “mal de Minamata”. <\/p>\n\n\n\n

A repeti\u00e7\u00e3o dessa hist\u00f3ria n\u00e3o \u00e9 imposs\u00edvel. Despejar res\u00edduos na \u00e1gua \u00e9 uma pr\u00e1tica bastante arraigada na cultura industrial. J\u00e1 no s\u00e9culo XVI, ind\u00fastrias holandesas que alvejavam linho jogavam res\u00edduos nos canais que passavam diante de suas portas. Todos os anos, entre 300 e 500 milh\u00f5es de toneladas de metais pesados, solventes e res\u00edduos t\u00f3xicos s\u00e3o despejados pelas ind\u00fastrias nos corpos d’\u00e1gua. Mais de 80% de todos estes res\u00edduos s\u00e3o produzidos nos Estados Unidos e em outros pa\u00edses industrializados. Um estudo feito em 15 cidades japonesas mostrou que 30% de todos os reservat\u00f3rios subterr\u00e2neos estavam contaminados por solventes clorados derramados num raio de 10 quil\u00f4metros.<\/p>\n\n\n\n

O Brasil tem um amplo registro de acidentes industriais que comprometem seriamente a qualidade de seus rios. Dois merecem men\u00e7\u00e3o especial. O primeiro foi um vazamento de 4 milh\u00f5es de litros de \u00f3leo de um duto da Refinaria Presidente Get\u00falio Vargas (PR), da Petrobras, em 16 de julho de 2000, dias depois de a usina ter obtido um certificado de boa gest\u00e3o ambiental da s\u00e9rie ISO 14.000. Maior acidente envolvendo a empresa em 25 anos, ele promoveu a contamina\u00e7\u00e3o dos rios Barig\u00fci e Igua\u00e7u, no mesmo estado.<\/p>\n\n\n\n

O segundo epis\u00f3dio envolveu a ind\u00fastria de papel Cataguazes, instalada na cidade mineira de mesmo nome. Em 29 de mar\u00e7o de 2003, uma barragem de conten\u00e7\u00e3o da empresa se rompeu, lan\u00e7ando ao rio Pomba cerca de 1,2 bilh\u00e3o de litros de efluentes contaminados com enxofre, soda c\u00e1ustica, anilina e hipoclorito de c\u00e1lcio. O rio Pomba e tamb\u00e9m o Para\u00edba do Sul foram seriamente contaminados. Cerca de 600 mil moradores de cidades fluminenses ficaram v\u00e1rios dias sem abastecimento de \u00e1gua e centenas de pescadores foram impedidos de trabalhar. Um dos diretores da empresa chegou a ser preso, com base na lei n.\u00b0 9.605\/98, dos Crimes Ambientais, mas foi solto poucos dias depois.<\/p>\n\n\n\n

Evitar a polui\u00e7\u00e3o industrial \u00e9 tecnicamente f\u00e1cil, mas nem sempre barato. As ind\u00fastrias devem construir esta\u00e7\u00f5es de tratamento de efluentes que reduzam seus teores de contamina\u00e7\u00e3o aos limites permitidos por lei. Essas esta\u00e7\u00f5es podem utilizar m\u00e9todos f\u00edsicos, qu\u00edmicos e biol\u00f3gicos de tratamento, conforme o tipo e o grau de contamina\u00e7\u00e3o. Por exemplo: grades, peneiras e decantadores s\u00e3o usados para separar part\u00edculas maiores; bact\u00e9rias degradam materiais biol\u00f3gicos; e aditivos qu\u00edmicos corrigem o pH.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, o ideal \u00e9 que a ind\u00fastria nem sequer produza res\u00edduos. Para isso, ela deve implantar um programa de “produ\u00e7\u00e3o mais limpa”. Este conceito prop\u00f5e que se fa\u00e7a uma s\u00e9rie de adapta\u00e7\u00f5es de modo a economizar \u00e1gua, energia e mat\u00e9rias-primas ao longo do processo industrial criterioso de toda a linha de produ\u00e7\u00e3o para que n\u00e3o se desperdice nada – afinal, qualquer perda se converte em res\u00edduo no fim do processo. Por exemplo: uma f\u00e1brica que usa 10 mil litros di\u00e1rios de \u00e1gua para lavar seus equipamentos e no final do dia joga fora esse efluente contaminado com \u00f3leos e gorduras tem de fazer um grande investimento numa esta\u00e7\u00e3o de tratamento. Entretanto, ela tem a op\u00e7\u00e3o de instalar um sistema mais simples de separa\u00e7\u00e3o dos \u00f3leos e gorduras. Esses res\u00edduos voltam para o processo industrial, quando poss\u00edvel, ou s\u00e3o vendidos a terceiros ou ainda, em \u00faltimo caso, podem ser descartados num aterro. A \u00e1gua, agora limpa, pode ser reaproveitada na \u00edntegra. Dessa forma, a produ\u00e7\u00e3o mais limpa traz ganhos econ\u00f5micos para o empreendedor. Gra\u00e7as a esse tipo de esfor\u00e7o, o volume de efluentes industriais org\u00e2nicos descartados anualmente no Brasil caiu 20% entre 1980 e meados dos anos 1990, de acordo com levantamento do Banco Mundial.<\/p>\n\n\n\n

Mares Mortos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Apesar de suas dimens\u00f5es imensas, os oceanos s\u00e3o t\u00e3o vulner\u00e1veis \u00e0 polui\u00e7\u00e3o quanto qualquer outro ambiente natural. Contudo, sua gigantesca capacidade de dilui\u00e7\u00e3o costuma esconder os danos produzidos. Em m\u00e9dia, 200 mil toneladas  de \u00f3leo s\u00e3o derramadas nos mares todos os anos. Aproximadamente 44% desse volume tem origem na explora\u00e7\u00e3o, processamento e transporte do petr\u00f3leo. O restante \u00e9 resultado do descarte de \u00f3leo usado por uma s\u00e9rie de atividades.<\/p>\n\n\n\n

Um dos principais respons\u00e1veis pelos grandes derramamentos de petr\u00f3leo que sistematicamente dominam as manchetes de jornais \u00e9 o envelhecimento da frota mundial de petroleiros. Cerca de 3 mil navios continuam em atividade, apesar de j\u00e1 transportarem combust\u00edveis h\u00e1 mais de 20 anos.<\/p>\n\n\n\n

Uma segunda causa de contamina\u00e7\u00e3o \u00e9 a polui\u00e7\u00e3o produzida no continente. A Ba\u00eda de Guanabara, por exemplo, recebe a cada dia 500 toneladas de esgotos, 50 de nitratos e metais pesados e 3 mil toneladas de res\u00edduos s\u00f3lidos (areia, garrafas pl\u00e1sticas e latas). O mesmo ocorre em todo o litoral brasileiro. Pelo menos 95 mil toneladas de res\u00edduos industriais s\u00e3o despejados todos os anos na Ba\u00eda de Todos os Santos, que banha Salvador. Desse total, quase a metade \u00e9 considerada t\u00f3xica. O merc\u00fario \u00e9 encontrado em grandes quantidades.<\/p>\n\n\n\n

O fen\u00f4meno se repete mesmo em cidades de menor porte. O maior criadouro natural de camar\u00f5es de Macei\u00f3 foi batizado pelos pescadores de “Lama Grande”, por estar seriamente contaminado pelos esgotos jogados por um emiss\u00e1rio submarino. Os limites toler\u00e1veis para a polui\u00e7\u00e3o s\u00e3o estabelecidos localmente e variam muito: no Brasil, uma praia \u00e9 considerada impr\u00f3pria para banho se nela forem encontrados 400 enterococos (bact\u00e9ria presente nas fezes e muito resistente) por 100 mililitros de \u00e1gua. Nos Estados Unidos, isso acontece se forem encontrados apenas 35.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Como cuidar da nossa \u00e1gua. Cole\u00e7\u00e3o Entenda e Aprenda. BEI. S\u00e3o Paulo-SP, 2003.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

As \u00e1guas s\u00e3o polu\u00eddas, basicamente, por dois tipos de res\u00edduos: os org\u00e2nicos, formados por cadeias de carbono ligadas a mol\u00e9culas de oxig\u00eanio, hidrog\u00eanio e nitrog\u00eanio, e os inorg\u00e2nicos, que t\u00eam composi\u00e7\u00f5es diferentes. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1384],"tags":[13,579],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/106"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=106"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/106\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":5269,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/106\/revisions\/5269"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=106"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=106"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=106"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}